Histórico

A Paróquia Santo André, foi desmembrada da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, fundada em 20 de junho de 1971, tem como padroeiro o Apóstolo André, santo que a Igreja celebra sua memória no dia 30 de novembro, data de seu martírio. No dia 30 de novembro de 2014, Dom Redovino Rizzardo elevou à qualidade de paróquia, nomeando o primeiro pároco, o Padre Otair Nicoletti. A equipe de Coordenação do Conselho Comunitário de Pastoral - CCP está formada pelas seguintes pessoas: Coordenação: Laudelino Vieira, Paulo Crippa; Assuntos Econômicos: José Zanetti, Valter Claudino; Secretaria: Marcus Henrique e Naiara Andrade.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

JUVENTUDE: VOCAÇÃO E COMPROMISSO À LUZ DA PALAVRA DE DEUS (VI)


VI
JESUS CHAMA OUTRAS PESSOAS
PARA ESTAR COM ELE E IR EM MISSÃO

1. As pessoas chamadas por Jesus
Os doze apóstolos e as outras pessoas, homens e mulheres, rapazes e moças, que seguiam a Jesus, eram pessoas comuns. Tinham suas virtudes e seus defeitos. Os evangelhos informam muito pouco sobre o jeito e o caráter de cada um e cada uma. Mas o pouco que informam é motivo de consolo para nós. Eis o que se pode afirmar a respeito de algumas destas pessoas chamadas por Jesus:
* Pedro Pessoa generosa e entusiasta (Mc 14,29.31; Mt 14,28-29), mas na hora do perigo e da decisão, o seu coração encolhia e voltava atrás (Mt 14,30; Mc 14,66-72). Jesus rezou por ele (Lc 22,31).
* Tiago e João:  Dois irmãos. Estavam dispostos a sofrer com Jesus (Mc 10,39), mas eram violentos (Lc 9,54). Jesus os chamou filhos do trovão (Mc 3,17). João pensava ter o monopólio de Jesus. Jesus o corrigiu (Mc 9,38-40
* Filipe:  Tinha jeito para colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1,45-46), mas não era muito prático em resolver os problemas (Jo 6,5-7; 12,20-22). Parecia um pouco ingênuo. Jesus chegou a perder a paciência com ele: “Filipe, tanto tempo que estou com vocês, e você ainda não me conhece?” (Jo 14,8-9)
* André:  Pessoa prática. Foi ele que encontrou o menino com cinco pães e dois peixes (Jo 6,8-9). É a ele que Filipe se dirige para resolver o caso dos gregos que queriam ver a Jesus (Jo 12,20-22), e é André que chama Pedro para encontrar-se com Jesus (Jo 1,40-43).
* Tomé  Com teimosia sustentou sua opinião, uma semana inteira, contra o testemunho de todos os outros (Jo 20,24-25). É que o Jesus ressuscitado em que Tomé acreditava, tinha de ser o mesmo Jesus que fora crucificado e que carregava os sinais da tortura no corpo (Jo 20,26-28).
* Natanael:  Era bairrista e não podia admitir que algo de bom pudesse vir de Nazaré (Jo 1,46). Mas quando Jesus o esclarece, ele se entrega (Jo 1,49). Este Natanael aparece só no evangelho de João. Alguns o identificam com o Bartolomeu que aparece na lista do evangelho de Marcos (Mc 3,18).
* Mateus  Era um publicano, pessoa excluída pela religião dos judeus (Mt 9,9). Sabemos muito pouco da vida dele. No evangelho de Marcos e de Lucas ele é chamado Levi (Mc 2,14; Lc 5,27). O nome Mateus significa Dom de Deus. Os excluídos são "mateus" (dom de Deus), para a comunidade.
* Simão Era um zelote (Mc 3,18). Dele só sabemos o nome e o apelido. Nada mais. Ele era zelote, isto é, fazia parte do movimento popular que na época se opunha à dominação romana.
* Judas  Guardava o dinheiro do grupo (Jo 12,6; 13,29). Tornou-se o traidor de Jesus (Jo 13,26-27). Setenta anos depois da traição, no fim do primeiro século, o autor do quarto evangelho ainda tem raiva dele e o chama de "ladrão" (Jo 12,4-6).
* Nicodemos  Era membro do Sinédrio, o Supremo Tribunal da época. Homem importante. Ele aceita a mensagem de Jesus, mas não tem coragem de manifestá-lo publicamente (Jo 3,1). Junto com José de Arimatéia cuidou da sepultura de Jesus (Jo 19,39)
* Joana e Susana  Joana era a esposa de Cusa, procurador de Herodes, que governava a Galiléia. As duas faziam parte do grupo de mulheres que seguiam a Jesus, o serviam com seus bens e subiam com ele até Jerusalém (Mc 15,40-41; Lc 8,2-3).
* Maria Madalena  era nascida da cidade de Magdala. Daí o nome Maria Ma(g)dalena. Jesus a curou de uma doença (Lc 8,2). Ela o seguiu até ao pé da Cruz (Mc 15,40). Depois da páscoa, foi ela que recebeu de Jesus a ordenação de anunciar aos outros a Boa Nova da Ressurreição (Jo 20,17; Mt 28,10).
A maior parte dos que seguem Jesus para formar comunidade com ele eram pessoas simples, sem muita instrução (At 4,13; Jo 7,15). Entre eles havia homens e mulheres, pais e mães de família (Lc 8,2-3; Mc 15,40s). Alguns eram pescadores (Mc 1,16.19). Outros, artesãos e agricultores. Mateus era publicano (Mt 9,9). Simão, do movimento popular zelote (Mc 3,18). É possível que alguns tenham sido do grupo dos revoltosos, pois carregavam armas e tinham atitudes violentas (Mt 26,51; Lc 9,54; 22,49-51). Outros ainda tinham sido curados por Jesus de doenças (Lc 8,2).
Havia também alguns mais ricos: Joana (Lc 8,3), Nicodemos (Jo 3,1-2), José de Arimatéia (Jo 19,38), Zaqueu (Lc 19,5-10) e outros. Estes sentiram na carne o que quer dizer romper com o sistema e aderir a Jesus. Nicodemos, ao defender Jesus no tribunal, foi vaiado (Jo 7,50-52). José de Arimatéia, ao pedir o corpo de Jesus, correu o risco de ser acusado como inimigo dos romanos e dos judeus (Mc 15,42-45; Lc 23,50-52). Zaqueu devolveu quatro vezes o que roubou e deu a metade de seus bens aos pobres (Lc 19,8). Todos eles, tanto os pobres como os poucos ricos, podiam dizer com Pedro: "Nós deixamos tudo e te seguimos!" (Mt 19,27). Todos eles tiveram que fazer a "mudança de vida", a "conversão" que Jesus pedia (Mc 1,15).
Jesus passou uma noite inteira em oração antes de fazer a escolha definitiva dos doze apóstolos (Lc 6,12-16). Rezou para saber a quem escolher. E escolheu as pessoas cujos retratos, conservados nos evangelhos, acabamos de olhar. É com este grupo que Jesus começou a maior revolução da história do Ocidente! Não escolheu a elite, não escolheu gente formada e estudada, de altas qualidades. Escolheu pessoas comuns que se sentiam atraídas pela mensagem de vida que ele trazia. Um consolo para nós! Muito obrigado!
2. O chamado (vocação) e o seu duplo objetivo
    2.1.O chamado: “Vem e segue-me!”
A vocação não é coisa de um só momento, mas é feita de repetidos chamados e convites, de avanços e recuos.  Começa à beira do lago (Mc 1,16), e só termina depois da ressurreição (Mt 28,18-20; Jo 20, 21). Começa na Galiléia (Mc 1,14-17) e, no fim, após um longo processo, recomeça na mesma Galiléia (Mc 14,28; 16,7), também à beira do lago (Jo 21,4-17). Recomeça sempre! Na prática, o chamado coincide com a convivência dos três anos com Jesus, desde o batismo de João até o momento em que Jesus foi levado ao céu (At 1,21-22).
A maneira de Jesus chamar as pessoas é simples e bem variada. Às vezes, é o próprio Jesus que toma a iniciativa. Ele passa, olha e chama (Mc 1,16-20). Outras vezes, são os discípulos que convidam parentes e amigos (Jo 1,40-42.45-46) ou é João Batista que o aponta como o “Cordeiro de Deus” (Jo 1,35-39). Outras vezes ainda, é a própria pessoa que se apresenta e pede para segui-lo (Lc 9,57-58.61-62). A maior parte dos que são chamados já conhece a Jesus. Eles já tiveram alguma convivência com ele. Tiveram a oportunidade de vê-lo ajudar as pessoas ou de escutá-lo na sinagoga da comunidade (Jo 1,39; Lc 5,1-11). Sabem como Jesus vive e o que ele pensa.
O chamado é gratuito; não custa. Mas acolher a vocação exige decisão e compromisso. Jesus não esconde as exigências. Quem quer segui-lo deve saber o que está fazendo: deve mudar de vida e crer na Boa Nova (Mc 1,15); deve estar disposto a abandonar tudo e assumir com ele uma vida pobre e itinerante. Quem não estiver disposto a fazer tudo isto, "não pode ser meu discípulo" (Lc 14,33). O peso, porém, não está na renúncia, mas sim no amor que dá sentido à renúncia (Jo 21,15-17). É por amor a Jesus (Lc 9,24) e ao Evangelho (Mc 8,35) que o discípulo ou a discípula renuncia a si mesmo e carrega sua cruz, todos os dias, para seguí-lo (Mt 10,37-39; 16,24-26; 19,27-29).
O chamado é como um novo começo! É como nascer de novo (Jo 3,3-8). Quem aceita o chamado, deve “deixar que os mortos enterrem seus mortos”(Lc 9,60). Deve seguir em frente e não olhar para trás (Lc 9,62). O chamado é um tesouro escondido, uma pedra preciosa. Por causa dele, a pessoa abandona tudo, segue Jesus (Mt 13,44-46) e entra na nova família, na nova comunidade (Mc 3,31-35).
     2.2.O duplo objetivo da vocação: comunidade e missão
Desde o começo, o objetivo é duplo. Seguir Jesus significa: (1) estar com ele, formar comunidade com ele (Mc 1,17; 10,21); (2) ir em missão, ser pescador de homens" (Mc 1,17; Lc 5,10).
Depois de um tempo de convivência, Jesus renova o chamado. Marcos diz: "Jesus subiu a montanha e chamou a si os que ele queria, e eles foram até ele. E constituiu os Doze para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar e terem autoridade para expulsar os demô­nios" (Mc 3,13-15). Este novo chamado continua tendo o mesmo duplo objetivo: (1) "ficar com ele", isto é, formar uma comunidade estável ao redor dele; (2) “ir pregar e expulsar os demônios", isto é, andar em missão de um lugar para outro. Os dois objetivos fazem parte da mesma vocação, do mesmo chamado. Um não exclui o outro. Eles se completam. Um sem o outro, não se realiza.
"Seguir" era o termo que se usava naquele tempo para indicar o relacionamento entre o discípulo e seu mestre. O discípulo "segue" o mestre e se forma na convivência com ele. Como os rabinos (mestres) da época, Jesus reúne discípulos para formar comunidade com eles. O relacionamento Mestre x Discípulo é diferente do relacionamento Professor x Aluno. O aluno assiste às aulas do professor sobre uma determinada matéria, mas não convive com ele. O discípulo convive com o mestre, vinte e quatro horas por dia. Ser mestre, como Jesus, já aos 30 anos de idade é sinal de muita maturidade e equilíbrio. Ter sempre doze pessoas perto! Sempre! De vez em quando, Jesus não agüenta mais e perde a paciência (Mc 9,19) ou sai para ficar a sós (Mc 6,46).
Seguir Jesus  significava:
* Imitar o exemplo do Mestre: Jesus era o modelo a ser recriado na vida do discípulo ou da discípula (Jo 13,13-15). A convivência diária permitia um confronto constante. Nesta "Escola de Jesus" só se ensinava uma única matéria: o Reino! E este Reino se reconhecia na vida e na prática de Jesus 
 Participar do destino do Mestre: Quem seguia Jesus devia comprometer-se com ele e "estar com ele nas tentações" (Lc 22,28), inclusive na perseguição (Jo 15,20; Mt 10,24-25). Devia estar disposto a carregar a cruz e a morrer com ele (Mc 8,34-35; Jo 11,16).
 Ter a vida de Jesus dentro de si: Depois da Páscoa, acrescentou-se uma terceira dimensão: identificar-se com Jesus, vivo na comunidade. Os primeiros cristãos procuravam refazer a mesma caminhada de Jesus que tinha morrido em defesa da vida e foi ressuscitado pelo poder de Deus (Fl 3,10-11). Trata-se da dimensão mística do seguimento de Jesus, fruto da ação do Espírito: "Vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim"(Gl 2,20).
3. A comunidade: lugar onde se guarda e se cultiva a vocação
   3.1.A convivência comunitária: viveiro da vocação
Todos eles "seguem Jesus", formando grupos concêntricos em torno a ele. Um núcleo menor de doze (Mc 3,14), como as doze tribos de Israel (Mt 19,28). Uma comunidade mais ampla de homens e mulheres (Lc 8,1-3). Um grupo maior de setenta e dois (Lc 10,1). As multidões que se reúnem ao redor de Jesus para ouvir a sua mensagem. Dentro do núcleo dos doze, de acordo com a finalidade do momento, Jesus forma grupos menores. Por exemplo, chama Pedro, Tiago e João para momentos de oração (Mt 26,37s; Lc 9,28).
Como todos os grupos de discípulos daquela época, assim também o grupo que "segue Jesus" tinha o seu ritmo de vida: diário, semanal, anual:
1. O ritmo diário na família, na comunidade: O povo rezava três vezes ao dia: de manhã, ao meio dia e à noite. Eram os três momentos em que se oferecia o sacrifício no Templo. Assim, a nação inteira se unia diante de Deus. Eram orações tiradas da Bíblia ou inspiradas pela Bíblia que marcavam o ritmo diário da vida de Jesus e da sua comunidade ao longo dos três anos da formação.
2. O ritmo semanal na sinagoga: Um escrito antigo da Tradição Judaica, chamado Pirquê Abot (palavras dos pais), dizia: “O mundo repousa sobre três colunas: a Lei, o Culto e o Amor”. Era o que eles faziam todos os Sábados. Mesmo durante as viagens missionárias, Jesus e os discípulos tinham o "costume" de, aos sábados, se reunirem com o povo na sinagoga para ouvir as leituras da Bíblia (Lei), para rezar e louvar a Deus (Culto), e para discutir as coisas da vida da comunidade e descobrir como ajudar as pessoas necessitadas (Amor) (Lc 4,16.44; Mc 1,39).
3. O ritmo anual no Templo: Era baseado no ano litúrgico com suas festas. Cada ano, o povo tinha que fazer três romarias a Jerusalém para visitar a Deus no seu Templo (Ex 23,14-17). Jesus e os discípulos participavam das romarias e visitavam o Templo de Jerusalém nas grandes festas (Jo 2,13; 5,1; 7,14; 10,22; 11,55).
Criava-se assim um ambiente familiar e comunitário, impregnado pela leitura orante da Palavra de Deus, em que Jesus convivia com os discípulos e as discípulas. Foi nesta "convivência" de três anos com Jesus, que os discípulos e as discípulas receberam a sua formação. Em que consistia esta formação? A formação do "seguimento de Jesus" não era, em primeiro lugar, a transmissão de verdades a serem decoradas, mas era a comunicação da nova experiência de Deus e da vida que irradiava de Jesus para os discípulos e as discípulas. A própria comunidade que se formava ao redor de Jesus era a expressão desta nova experiência de Deus e da vida. A formação levava as pessoas a terem outros olhos, outras atitudes. Fazia nascer nelas uma nova consciência a respeito da missão e a respeito de si mesmas. Fazia com que colocassem os pés do lado dos excluídos. Produzia aos poucos a "conversão" como conseqüência da aceitação da Boa Nova (Mc 1,15).
   3.2.A missão: manifestação da vocação, amostra grátis do Reino
A missão não é uma tarefa que a comunidade pode executar, terminar e, depois, ficar livre dela. A missão é a natureza mesma da comunidade. A comunidade cristã ou é missionária ou não é comunidade cristã. A raiz da Missão é a nova experiência de Deus como Abba, Pai. Se Deus é Pai e Mãe, então todos devemos conviver como irmãos e irmãs. Mas a situação em que se encontrava o povo no tempo de Jesus era o contrário da fraternidade que Deus sonhou para todos! Diante desta situação, Jesus não se manteve neutro. Pelo contrário! Motivado pela sua experiência de Deus, tomou posição em defesa da vida do povo e definiu sua missão e vocação da seguinte maneira:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres, enviou-me para proclamar a libertação aos presos, a re­cuperação da vista aos cegos, restituir a liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor” (Lc 4,18-19).
A missão que a comunidade dos discípulos e discípulas recebe de Jesus é a mesma que ele recebeu do Pai: "Como o Pai me enviou assim envio vocês" (Jo 20,21). Jesus é o eixo, o centro, o modelo, a referencia da comunidade. Ele é o "caminho, a verdade e a vida" (Jo 14,6). Pelas suas atitudes, ele é uma amostra do Reino: encarna e revela o amor de Deus (Mc 6,31; Mt 10,30; Lc 15,11-32). A plataforma de onde se parte para a Missão é a comunidade, que vive a nova fraternidade. A Comunidade deve ser como o rosto de Deus, transformado em Boa Nova para o povo.
O que significa isto no concreto? Toda nova experiência de Deus, quando verdadeira, traz mudanças profundas na convivência humana. Eis algumas das mudanças que foram aparecendo na comunidade que se formou ao redor de Jesus e que caracterizam a formação recebida pelos discípulos e pelas discípulas ao longo dos três anos de convivência:
1. Todos irmãos: Ninguém deve aceitar o título de mestre, nem de pai, nem de guia, pois "um só é o mestre de vocês e todos vocês são irmãos" (Mt 23,8-10). A base da comunidade cristã não é o saber, nem o poder, nem a hierarquia, mas sim a igualdade de todos como irmãos. É a irmandade de todos ao redor do mesmo ideal. 
2. Igualdade homem e mulher: Jesus muda o relacionamento homem-mulher, pois tira o privilégio do homem frente à mulher (Mt 19,7-12). Não só os homens, também as mulheres “seguem” Jesus, desde a Galiléia (Mc 15,41; Lc 23,49; 8,1-3). Ele revela os seus segredos tanto aos homens como às mulheres. À Samaritana revelou que é o Messias (Jo 4,26). À Madalena apareceu por primeiro depois de ressuscitado e lhe deu a ordenação de anunciar a Boa Nova aos apóstolos (Mc 16,9-10; Jo 20,17).
3. Partilha dos bens: Na comunidade que se formou ao redor de Jesus, ninguém tinha nada de próprio (Mc 10,28). Jesus não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8,20). Havia uma caixa comum que era partilhada também com os pobres (Jo 13,29). Nas viagens o missionário confia no povo que o acolhe e depende da partilha que recebe (Lc 10,7). Jesus elogia a viúva que sabe doar até do necessário (Mc 12, 41-44).
4. Amigos e não empregados:  A partilha tem uma base econômica, mas deve crescer e atingir a alma e o coração das pessoas (At 1,14; 4,32). A comunhão deve chegar ao ponto de não haver mais segredo entre eles: “Já não os chamo de empregados, mas sim de amigos. Pois tudo que ouvi do meu Pai contei para vocês” (Jo 15,15).
5. Poder é serviço:   "Os reis das nações as dominam e os que as tiranizam são chamados benfeitores. Entre vocês não seja assim" (Lc 22,25-26). “Quem quiser ser o primeiro seja o último!” (Mc 10,44). Jesus deu o exemplo (Jo 13,15). "Não veio para ser servido, mas para servir e doar a vida" (Mt 20,28). É o ponto em que Jesus mais insistiu com os discípulos.
6. Poder de perdoar e reconciliar:   O poder de perdoar não é privilégio de alguns. Foi dado à comunidade (Mt 18,18), aos apóstolos (Jo 20,23) e também a Pedro (Mt 16,19). O perdão de Deus passa pela comunidade, que deve ser um lugar de perdão e de reconciliação, e não de condenação mútua.
7. Oração em comum Eles iam juntos em romaria ao Templo (Jo 2,13; 7,14; 10,22-23), rezavam antes das refei­ções (Mc 6,41; Lc 24,30), freqüentavam as sinagogas (Lc 4,16). E em grupos menores Jesus se retirava com eles para rezar (Lc 9,28; Mt 26,36-37). 
8. Alegria: Jesus diz aos discípulos: "Felizes são vocês!", porque seus nomes estão escritos no céu (Lc 10,20), seus olhos vêem a realização da promessa (Lc 10,23-24), o Reino é de vocês! (Lc 6,20). É alegria que convive com dor e perseguição (Mt 5,11). Ninguém consegue roubá-la (Jo 16,20-22).
Estas são algumas das características da comunidade que nasce ao redor de Jesus e na qual se guarda e se cul­tiva a vocação. Ela é o modelo para a comunidade dos primeiros cristãos, descrita nos Atos dos Apóstolos (At 2,42-47; 4,32-35). A convivência numa comunidade assim é necessariamente formadora. Ela consolida e faz crescer a vocação. Sem convivência comunitária é muito difícil nascer, crescer e desabrochar uma autêntica vocação segundo o rumo da Boa Nova que Jesus nos trouxe, pois a comunidade é a amostra grátis da Boa Nova do Reino.
4. Jesus é atento ao processo e ao cultivo da vocação nos discípulos
   4.1.Jesus é o amigo que forma os discípulos para a missão
Para manter-se sempre na missão e não se acomodar na mentalidade de “tarefa cumprida”, é necessário um processo contínuo de formação e de atenção à realidade do povo. Jesus aparece nos evangelhos como o amigo que forma seus discípulos com um acompanhamento e presença permanentes. Ele é uma "pessoa significativa" para eles, que vai marcá-los para o resto da vida.
Ao longo daqueles três anos, Jesus acompanha os discípulos e as discípulas. Convive com eles, come com eles, anda com eles, alegra-se com eles, sofre com eles. É através desta convivência que eles, quase todos jovens, se formam na vocação e no compromisso. Desde o primeiro momento do chamado, Jesus os envolve na missão (Lc 9,1-2; 10,1). Dois a dois, devem anunciar a chegada do Reino (Mt 10,7; Lc 10,1.9). Devem curar os doentes (Lc 9,2), expulsar os demônios (Mc 3, 15), anunciar a paz (Lc 10,5; Mt 10,13), rezar pela continuidade da missão (Lc 10,2). A participação efetiva no anúncio do Reino faz parte do processo formador, pois a missão é a razão de ser da vida comunitária ao redor de Jesus.
Muitos pequenos gestos refletem o testemunho de vida com que Jesus marcava presença na vida dos discípulos e das discípulas. Era a sua maneira de dar forma humana à experiência que ele mesmo tinha de Deus como Pai. Neste seu jeito de ser e de conviver, de se relacionar com as pessoas, de lidar com o povo e de atender aos que vinham falar com ele, Jesus aparece:
* como uma pessoa de paz, que inspira paz e reconciliação: "A Paz esteja com vocês!".(Jn 20,19; Mt 10,26-33; Mt 18,22; Jn 20,23; Mt 16,19; Mt 18,18).
* como uma pessoa livre e liberta, que desperta liberdade e promove a libertação: "O ser humano não foi feito para o sábado, mas o sábado para o ser humano!" (Mc2,27; 2,18.23)
* como uma pessoa de oração, que aparece rezando em todos os momentos importantes de sua vida e des­perta nos outros vontade de rezar: "Senhor, ensina-nos a rezar!" (Lc 11,1-4; Lc 4,1-13; 6,12-13; Jn 11,41-42; Mt 11,25; Jn 17,1-26; Lc 23,46; Mc 15,34)
* como uma pessoa carinhosa, que provoca respostas fortes de amor: na moça do perfume (Lc 7,37-38), em Madalena (João 21,15-17), em Pedro (Mt 18,21; 19,27) e em tantos outros (cf. Mc 14,3-9; Jo 13,1). 
* como uma pessoa acolhedora, que está sempre presente na vida dos discípulos e os acolhe quando voltam da missão fazendo revisão com eles (Lc 10,17-20)
* como uma pessoa misericordiosa, mansa e humilde, que convida os pobres: "Venham todos a mim" (Mt 11,28)
* como uma pessoa realista e observadora, que chama a atenção dos discípulos para as coisas da vida através do ensino das Parábolas (Lc 8,4-8)
* como uma pessoa atenciosa, preocupada com a alimentação dos discípulos (Jo 21,9), que cuida até do descanso deles e quer estar a sós com eles para que possam descansar (Mc 6,31).
* como uma pessoa preocupada com a situação do povo, que esquece o próprio cansaço quando se encontra com o povo que o procura (Mt 9,36-38).
* como uma pessoa amiga, que comparte tudo, até mesmo o segredo do Pai (Jn 15,15).
* como uma pessoa compreensiva, que aceita os discípulos do jeito que são, até mesmo a fuga, a negação e a traição, sem romper com eles (Mc 14,27-28; Jn 6,67).
* como uma pessoa comprometida, que defende os amigos quando são criticados pelos adversários (Mc 2,18-19; 7,5-13),
* como uma pessoa sábia que conhece a fragilidade do ser humano, sabe o que se passa no seu coração e, por isso, insiste na vigilância e ensina-os a rezar (Lc 11,1-13; Mt 6,5-15).
* Numa palavra, Jesus aparece como uma pessoa humana, muito humana, tão humana como só Deus pode ser humano!
   4.2.Jesus é o formador que aponta o perigo do fermento dos fariseus e herodianos
Não é pelo fato de uma pessoa andar com Jesus e de conviver com ele na mesma comunidade que ela já era santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, a mentalidade antiga levantava a cabeça e ameaçava a vocação, pois o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15), a ideologia dominante, tinha raízes profundas. A conversão que Jesus pede e a formação que ele dá querem atingir a raiz e erradicar o “fermento”.
Como no tempo de Jesus, também hoje, a mentalidade antiga do sistema neoliberal renasce e reaparece na vida das nossas comunidades. Também hoje, o fermento dos fariseus tem raízes profundas na vida e exige uma vigilância constante. Jesus ajudava os discípulos a viverem em processo permanente de formação. Eis alguns casos desta vigilância com que Jesus os acompanhava. É a ajuda fraterna com que ele, atento ao processo da vocação em cada discípulo, intervém para ajudá-lo a dar um passo e criar nova consciência:
1. Mentalidade de grupo fechado:  Certo dia, alguém que não era da comunidade, usava o nome de Jesus para expulsar os demônios. João viu e proibiu: “Impedimos, porque ele não anda conosco” (Mc 9,38). Em nome da comunidade João impediu uma ação boa! Ele pensava ser dono de Jesus e queria proibir que outros usassem o nome dele para realizar o bem. João queria uma comunidade fechada sobre si mesma. Era a mentalidade antiga de "Povo eleito, Povo separado!". Jesus responde: "Não impeçam!  Quem não é contra é a favor!" (Lc 9,39-40). Para Jesus, o que importa não é se a pessoa faz ou não faz parte da comunidade, mas sim se ela faz ou não o bem que a comu­nidade anuncia em nome de Deus.
2. Mentalidade de grupo que se considera superior aos outros:  Certa vez, os samaritanos não queriam dar hospedagem a Jesus. Reação dos discípulos: “Que um fogo do céu acabe com esse povo!” (Lc 9,54). Queriam imitar o profeta Elias (2Rs 1,10.12). Achavam que, pelo fato de estarem com Jesus, todos deviam acolhê-los. Pensavam ter Deus do seu lado para defendê-los. Era a mentalidade antiga de “Povo eleito, Povo privilegiado!”. Jesus os repreende: "Vocês não sabem de que espírito estão sendo animados" (Lc 9,55)
3. Mentalidade de competição e de prestígio:  Os discípulos brigavam entre si pelo primeiro lugar (Mc 9,33-34). Era a mentalidade de classe e de competição, que caracterizava a sociedade do Império Romano. Ela já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando! Jesus reage e manda ter a mentalidade de serviço: "O primeiro seja o último" (Mc 9, 35). É o ponto em que ele mais insistiu e em que mais deu o próprio testemunho: “Não vim para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16).
4. Mentalidade de quem marginaliza o pequeno:  Os discípulos afastavam as crianças. Era a mentalidade da cultura da época em que criança não contava e devia ser disciplinada pelos adultos. Jesus os repreende: ”Deixem vir a mim as crianças!” (Mc 10,14). Ele coloca criança como professora de adulto: “Quem não receber o Reino como uma criança, não pode entrar nele” (Lc 18,17).
5. Mentalidade de quem segue a opinião da ideologia dominante: Certo dia, vendo um cego, Pedro pergunta: "Quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?" (Jo 9,2). Como hoje, o poder da opinião pública era muito forte. Fazia todo mundo pensar de acordo com a ideologia dominante. Enquanto se pensa assim não é possível perceber todo o alcance da Boa Nova do Reino. Jesus os ajuda a ter uma visão mais crítica: “Nem ele, nem os pais dele” (Jo 9,3). A resposta de Jesus supõe uma leitura diferente da realidade.
   4.3.O resultado da vocação de Jesus na vida dos discípulos
Foi um processo lento e difícil, pois não é fácil fazer nascer nos outros uma nova visão de Deus, da vida, do próximo, da história, do Reino, do Messias, do povo de Deus. Jesus nem sempre era compreendido e, olhando os resultados imediatos, nem sempre teve sucesso. Muitas vezes, os discípulos não entendiam o que ele queria dizer (Mc 4,13; 6,52; 7,18; 8,15-21; Lc 18,34);  eles procuravam promover-se a si mesmos (Mc 10,35-37); no fim dos três anos, na hora do sofrimento, Pedro o negou, Judas o traiu, todos fugiram (Jn 18,5.17-26; Mc 14,50); depois da ressurreição, todos eles duvidam (Mt 28,17), não aceitam o testemunho das mulheres (Lc 24,22-24), Tomé não crê (Jn 20,24-29); na hora da ascensão, todos perguntam: "É agora que o senhor vai instaurar o Reino?" (At 1,6). A pergunta revela que eles não tinham entendido muita coisa! Só as mulheres continuaram fiéis até o fim e são apresentadas como modelo (Lc 8,1-3; 21,2-4; Mc 14,6-9; 15,40-41).
Apesar de todo este aspecto negativo, há algo novo e muito positivo que cresceu na vida daquelas pessoas. Aos poucos, através da convivência, Jesus foi se tornando o eixo da vida deles. Após dois ou três anos na comunidade com Jesus, a vocação se consolidou e eles já não podem imaginar a vida sem Jesus. Pedro declara que, fora de Jesus, não tem para onde ir: "Onde podemos ir? O Senhor tem palavras de vida eterna!" (Jn 6,68). Os dois irmãos João e Tiago, filhos de Zebedeu, chegam a dizer que estão dispostos a sofrer por amor a Jesus: "Podemos!" (Mc 10,39). E Tomé, quando percebeu que Jesus, voltando para a Judéia corria o perigo de ser morto, diz para os companheiros: "Vamos nós também morrer com Ele (Jo 11,16).
5. A opção pelos pobres e excluídos faz parte da vocação
Jesus veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Numa sociedade, porém, onde muitos são excluídos, sem condições de ter vida de gente, esta mensagem só se faz presente na contramão. Pois Deus não se coloca do lado dos que crucificam, mas sim do lado dos crucificados. Jesus anunciava o Reino para todos! Não excluía ninguém, mas ele o anunciava a partir dos excluídos. Jesus oferecia um lugar aos que não tinham lugar na convivência humana. Acolhia os que não eram acolhidos. Recebia como irmão e irmã aos que a religião e o governo desprezavam e excluíam:
* os imorais: prostitutas e pecadores (Mt 21,31-32; Mc 2,15; Lc 7,37-50; Jo 8,2-11),
* os hereges: pagãos e samaritanos (Lc 7,2-10; 17,16; Mc 7,24-30; Jo 4,7-42),
* os impuros: leprosos e possessos (Mt 8,2-4; Lc 11,14-22; 17,12-14; Mc 1,25-26),
* os marginalizados: mulheres,crianças e doentes (Mc 1,32; Mt 8,17;19,13-15; Lc 8,2s),
* os colaboradores: publicanos e soldados (Lc 18,9-14;19,1-10);
* os pobres: o povo da terra e os pobres sem poder (Mt 5,3; Lc 6,­20.­24; Mt 11,25-26).
Jesus lutava para recuperar a bênção da vida (Gn 1,27-28; 12,3), perdida por causa do pecado (Gn 3,15-19). Onde podia, ele defendia a vida contra os males que a ameaçavam ou matavam. E aos que queriam segui-lo, ele dava o poder de curar as doenças e de expulsar os maus espíritos (Mc 3,15; 6,7). Ou seja, os discípulos e as discípulas deviam assumir o mesmo combate em defesa da vida.
Assim, através da sua ação e pregação, Jesus combatia: a fome (Mc 6,35-44), a doença (Mc 1,32-34), a tristeza (Lc 7,13), a ignorância (Mc 1,22; 6,2), o abandono (Mt 9,36), a solidão (Mt 11,28; Mc 1,40-41), a letra que mata (Mc 2,23-28; 3,4), a discriminação (Mc 9,38-40; Jo 4,9-10), as leis opressoras (Mt 23,13-15; Mc 7,8-13), a injustiça (Mt 5,20; Lc 22,25-26), o medo (Mc 6,50; Mt 28,10), males da natureza (Mt 8,26), o sofrimento (Mt 8,17), o pecado (Mc 2,5), a morte (Mc 5,41-42; Lc 7,11-17), o demônio (Mc 1,25.34; Lc 4,13),...
Havia divisões injustas, legitimadas pela religião oficial, que marginalizavam muita gente. Jesus, com palavras e gestos bem concretos, ignorou estas divisões e as denunciou com força:
* próximo e não-próximo (Lc 10,29-37);
* judeu e estrangeiro (Mt 15,21-28);
* santo e pecador  (Lc 19,1-10; Mc 2,15-17);
* puro e impuro (Mt 23,23-24; Mc 7, 8-23; Mc 7,19);
* obras santas e profanas (Mt 6,1-18);
* tempo sagrado e profano (sábado) (Mc 2,27; Jo 7,23);
* lugar sagrado e profano (templo) (Jo 4,21-24; 2,19; Mc 13,2);
* rico e pobre (Lc 16,13; Lc 9,58)
Combatendo estes males e denunciando estas divisões injustas, Jesus convida as pessoas a se definirem frente aos novos valores do amor e da justiça. Alguns o aceitam, outros o rejeitam. Por isso, ele cria novas divisões (Mt 10,34-36) e se torna “sinal de contradição” (Lc 2,34). E aos que querem segui-lo, adverte que se preparem. Irão sofrer a mesma contradição (Mt 10,25).
6. Seguir Jesus na contramão, obediente a Deus e aos pobres até à morte de Cruz
A Boa Nova fez surgir uma nova divisão. Não a divisão causada por crenças e ritos, mas sim a divisão que tinha a ver com a prática da justiça e da verdade. A opção de Jesus é clara, seu apelo também: não é possível ser amigo de Jesus e continuar apoiando um sistema que marginaliza tanta gente. E aos que querem seguí-lo ele manda escolher: "Ou Deus, ou o dinheiro! Servir aos dois não dá!" (Mt 6,24) "Vai, vende tudo que tens, dá aos pobres. Depois, vem e segue-me" (Mt 19,21). Numa sociedade assim, Seguir Jesus significa assumir com ele a mesma luta em defesa da vida, "estar com ele nas tentações" (Lc 22, 28), inclusive na perseguição (Jo 15,20; Mt 10,24-25), carregar a cruz e segui-lo até na morte (Jo 11,16).  
Entre os males combatidos por Jesus estavam as falsas lideranças. Jesus percebeu a mentalidade opressora das autoridades da época e a denunciou. Não teve medo de denunciar a hipocrisia de muitos líderes religiosos da época: sacerdotes, escribas e fariseus (Mt 23,1-36; Lc 11,37-52; 12,1; Mc 11,15-18). Condenou a pretensão dos ricos (Lc 6,24; 12,13-21; Mt 6,24; Mc 10,25). Não acreditava muito na sua conversão (Lc 16,29-31), embora admitisse que fosse possível pelo poder de Deus (Mt 19,26). Diante das ameaças do poder político, tanto dos judeus como dos romanos, Jesus não se intimidava. Mantinha uma atitude de grande liberdade (Lc 13,32;23,9; Jo 19,11;18,23).
Por meio destes gestos de denúncia, Jesus fazia estremecer as pilastras da religião oficial, incomodava os que estavam bem instalados, e atraía sobre si o ódio dos líderes religiosos e civis da época. Mas Jesus não voltou atrás. Continuou fiel à sua vocação que ele mesmo definiu como "anunciar a Boa Notícia aos pobres; proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; libertar os oprimidos" (Lc 4,18). Era a maneira de encarnar o amor de Deus para o povo da sua terra. Quem anuncia o amor numa sociedade organizada a partir dos critérios do egoísmo e dos interesses de grupos morre crucificado. Foi o que aconteceu. Bastaram só três anos e ele foi acusado, preso, condenado e morto na cruz. Mas Deus o ressuscitou, confirmando assim que o caminho da vocação de Jesus é o caminho do agrado do Pai.
Esta mensagem, os primeiros cristãos souberam expressá-la na letra de um cântico que foi retomada por Paulo numa das suas cartas. Pena que só temos a letra e não a melodia, pois quando a letra casa bem com a melodia, a filha que nasce é a animação da comunidade e o crescimento das pessoas na sua vocação. Transcrevo aqui a letra como palavra final destas reflexões sobre: “Juventude: Vocação e Compromisso à luz da Palavra de Deus”:
  
Tenham em vocês os mesmos sentimentos
que havia em Jesus Cristo!
Ele tinha a condição divina,
mas não se apegou à sua igualdade com Deus.
Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo,
assumiu a condição de empregado
e tornou-se ser humano, igual a nós.
E vivendo como simples homem,
humilhou-se a si mesmo,
tornou-se obediente até à morte,
e morte de cruz
Por isso, Deus o exaltou,
e lhe deu o Nome
que está acima de todo nome;
para que, ao nome de Jesus,
se dobre todo o joelho
no céu, na terra e debaixo da terra;
e toda língua confesse
que Jesus Cristo é o Senhor,
para a glória de Deus Pai.  (Flp 2,5-11) 
  
____________________________________________________________
Perguntas para ajudar na reflexão e na assimilação do assunto: 
1. O que mais chamou a sua atenção nas atitudes que Jesus tomava para chamar as pessoas? Por que?
2. Faça a você a seguinte pergunta: Quem é Jesus para mim? Quem sou eu para Jesus?

               CESEP, CURSO DO VERÃO, 14 a 16 de janeiro de 2008

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