Histórico

A Paróquia Santo André, foi desmembrada da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, fundada em 20 de junho de 1971, tem como padroeiro o Apóstolo André, santo que a Igreja celebra sua memória no dia 30 de novembro, data de seu martírio. No dia 30 de novembro de 2014, Dom Redovino Rizzardo elevou à qualidade de paróquia, nomeando o primeiro pároco, o Padre Otair Nicoletti. A equipe de Coordenação do Conselho Comunitário de Pastoral - CCP está formada pelas seguintes pessoas: Coordenação: Laudelino Vieira, Paulo Crippa; Assuntos Econômicos: José Zanetti, Valter Claudino; Secretaria: Marcus Henrique e Naiara Andrade.

sábado, 19 de maio de 2012

LEITURA ORANTE: SÁBADO JOÃO 16,23b-28

Sexta Semana da Páscoa
Preparo-me para a Leitura Orante, unindo-me a milhares de pessoas que diante da tela do computador também se colocam na presença de Deus. E rezo ao Espírito Santo:
Divino Espírito Santo,
Em profunda adoração te peço:
Realiza a fusão de meu coração, de minha vontade, de minha mente com Jesus.
Que os afetos de Jesus sejam os meus;
Os desejos de Jesus sejam os meus desejos;
Os pensamentos de Jesus sejam os meus pensamentos. (Bv. Alberione)

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto Jo 16,23b-28, e acolho com amor as palavras de Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida.
E eu afirmo a vocês que isto é verdade: se vocês pedirem ao Pai alguma coisa em meu nome, ele lhes dará. Até agora vocês não pediram nada em meu nome; peçam e receberão para que a alegria de vocês seja completa. E Jesus terminou, dizendo:- Eu digo essas coisas a vocês por meio de comparações. Mas chegará o tempo em que não falarei mais por meio de comparações, pois falarei claramente a vocês a respeito do Pai. Naquele dia vocês pedirão coisas em meu nome. E eu digo que não precisarei pedir ao Pai em favor de vocês, pois o próprio Pai os ama. Ele os ama porque vocês, de fato, me amam e crêem que vim de Deus. Eu vim do Pai e entrei no mundo. E agora deixo o mundo e vou para o Pai.
Jesus faz uma afirmação e a repete, a confirma: garante que tudo que pedirmos ao Pai, em seu nome, conseguiremos. E disse mais: “O Pai sabe de que coisas vocês precisam” (Mt 6,8). “ O Pai ama vocês”.

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
O texto me diz que o Pai encaminha todas as coisas para o nosso maior bem. Não cessa de guiar a nossa vida, acompanhando cada passo. Jesus diz que o Pai nos ama e, por isso, não precisará pedir por nós. O amor é tudo.

3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, ao Pai, pedindo aquilo que Jesus me ensinou a pedir, mas tenho certeza de que o Pai me ama e isto basta!
Pai Nosso.....
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Hoje terei no olhar e nas atitudes “a dinâmica do Bom samaritano (cf. Lc 10,29-37), que nos dá o imperativo de nos fazer próximos, especialmente com o que sofre, e gerar uma sociedade sem excluídos, seguindo a prática de Jesus que come com publicanos e pecadores (cf. Lc 5,29-32), que acolhe os pequenos e as crianças (cf. Mc 10,13-16), que cura os leprosos (cf. Mc 1,40-45), que perdoa e liberta a mulher pecadora (cf. Lc 7,36-49; Jo 8,1-11), que fala com a Samaritana “(cf. Jo 4,1-26). (DA,135.).
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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: Todos seremos transformados pela vitória de nosso ...

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: Todos seremos transformados pela vitória de nosso ...

NOTÍCIAS: CRISTÃOS DE DOURADOS SE UNEM PARA ORAR

Entre os dias 20 e 27 de maio, cristãos de todo o Hemisfério Sul estarão unidos celebrando a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SOUC). Na cidade de Dourados serão realizadas três celebrações com troca de púlpitos, ou seja, quando uma liderança religiosa celebra em outra denominação. Esta é uma semana muito especial, pois pessoas das mais variadas etnias e culturas estarão dedicadas à reflexão sobre a importância da unidade na diversidade.
Este ano, a semana tem como tema “Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo”, (1 Cor 15, 51.58), baseado na carta do apóstolo Paulo e pretende contribuir para que irmãos de diferentes congregações se juntem em momentos únicos de partilha, comunhão e integração.
Segundo Seila Reis, uma das coordenadoras do Centro de Estudos Bíblicos – CEBI em Dourados, a SOUC é realizada anualmente entre os domingos de Ascensão e Pentecostes. “Esta semana é uma  promoção do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs – CONIC nesta caminhada de reflexão e diálogo ecumênico que busca a unidade. Neste ano o tema nos convida a proclamar a ressurreição de Jesus e o texto nos diz que, se seguimos aquele que venceu a morte, toda vitoria é possível. Assim, cristãos unidos trabalharão pela vitoria da vida”, explica.

Comunidade
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos busca a colaboração fraterna de todos os cristão, fazendo com que a fé fique cada vez mais visível, ou seja, testemunhando a unidade, fraternidade e solidariedade entre as igrejas e a partir do nosso próprio testemunho e acolhimento mutuo como discípulos de Jesus.

Programação
Neste sábado, 19, o programa Ponto de Vista da Rádio Coração 95,7 FM de Itaporã, apresentado pelo Padre Crispim Guimarães, às 7h30 vai abordar o tema. Haverá celebrações no dia 20, na Igreja Católica comunidade Santo André; dia 23 na Capela Ecumênica do Shopping Avenida Center e o encerramento será no dia 25 de maio na Igreja Luterana IECLB.


FOTOMENSAGEM: A VIDA É UMA CAMINHADA








LEITURA ORANTE: SEXTA-FEIRA JOÃO 16,20-23a

Jo 16,20-23a - Jesus conforta os discípulos
Sexta Semana da Páscoa
Preparo-me para a Leitura Orante, renovando minha fé:
Creio, meu Deus, que estou diante de Ti.
Que me vês e escutas as minhas orações.
Tu és tão grande e tão santo: eu te adoro.
Tu me deste tudo: eu te agradeço.
Foste tão ofendido por mim:
eu te peço perdão de todo o coração.
Tu és tão misericordioso: eu te peço todas as graças
que sabes serem necessárias para mim.

1. Leitura (Verdade):
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Jo 16,20-23a, e observo as palavras carregadas de amor de Jesus.
Pois eu afirmo a vocês que isto é verdade: vocês vão chorar e ficar tristes, mas as pessoas do mundo ficarão alegres. Vocês ficarão tristes, mas essa tristeza virará alegria. Quando uma mulher está para dar à luz, ela fica triste porque chegou a sua hora de sofrer. Mas, depois que a criança nasce, a mulher fica tão alegre, que nem lembra mais do seu sofrimento. Assim acontece também com vocês: agora estão tristes, mas eu os verei novamente. Aí vocês ficarão cheios de alegria, e ninguém poderá tirar essa alegria de vocês. - Quando chegar aquele dia, vocês não me pedirão nada.
Jesus usa uma imagem cheia de ternura, de sofrimento e alegria que é a de um parto. Diz que assim vai acontecer conosco. A partida de Jesus com sua morte vai entristecer aos apóstolos, mas a certeza da Ressurreição vai provocar uma imensa alegria.

2. Meditação (Caminho):
O que o texto diz para mim, hoje?
Nem sempre compreendo o sofrimento, a dor, os momentos difíceis. Mas, a minha fé me garante que depois de uma tempestade sempre vem o sol, a calmaria.

3.Oração (Vida):
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Renovo a minha fé, com uma bonita canção do Padre Zezinho:
Um Deus apaixonado, mandou o seu recado,
por meio do seu filho, e o filho foi Jesus.
Mandou dizer que é pai e ama tanto e tanto a cada um,
que até o fio de cabelo que nos cai,
porque ele é Pai, seu coração percebe.
Um filho apaixonado morreu crucificado.
Paixão mais dolorida, o mundo nunca viu!
Mas antes de morrer, amando seus amigos um por um, se ajoelhou,
lavou os pés de cada qual, fez muito mais: se fez nosso alimento!
Ao longo do caminho, existe um pão e um vinho,
que enchem de sentido, a vida de quem vai.
Por isso ao receber Jesus o filho santo de Javé.
A minha fé me diz que posso ser feliz,
e ele diz que vai ficar comigo.

4.Contemplação (Vida e Missão):
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
"Como discípulos e missionários, somos chamados a intensificar nossa resposta de fé e a anunciar que Cristo redimiu todos os pecados e males da humanidade” (CA, 134). Assim passarei o dia de hoje.

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quinta-feira, 17 de maio de 2012

ESTUDO BÍBLICO: EVANGELHO DE MARCOS

O EVANGELHO DE MARCOS
Um roteiro de viagem tendo Jesus como guia. O Livro do Mês da Bíblia deste ano de 2012 é o Evangelho de Marcos. 
O Tema é: "Discípulos missionários a partir do Evangelho de Marcos". 
O Lema é: "Coragem! Levanta-te! Ele te chama" (Mc 10,49).

UMA CHAVE DE LEITURA PARA O EVANGELHO DE MARCOS 

Um evangelho é como a pintura que alguém faz de seu amigo. O evangelista expressa a experiência libertadora que ele teve do amigo Jesus. Mas ele escreve pensando nas comunidades e seus problemas. Escreve para ajudá-las e dar-lhes a boa-notícia de Deus que Jesus nos trouxe. 
Temos quatro evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Havia bem mais. Pois muita gente tentou reunir tudo que se contava nas comunidades sobre Jesus (cf. Lc 1,1-3). Mas de todos eles só quatro foram conservados no Novo Testamento. Um desses quatro é Marcos. Qual a boa-notícia que Marcos quer comunicar? Quais os problemas das comunidades que ele quer iluminar? 

OS PROBLEMAS DAS COMUNIDADES QUE MARCOS QUER ILUMINAR 
Jesus morreu em torno do ano 33. Marcos escreve quarenta anos depois em torno do ano 70. As comunidades já viviam espalha das pelo Império Romano. Alguns acham que ele escreveu para as comunidades da Itália. Outros dizem que foi para as da Síria. Difícil saber o certo. De qualquer maneira, uma coisa é certa: não faltavam problemas! Eis alguns: 

1. Perseguição dos cristãos por parte do Império Romano 
A ameaça de perseguição era constante. Havia o medo. Seis anos antes, em 64, no tempo de Nero, os cristãos tiveram a primeira grande perseguição. Foi uma tempestade na vida das comunidades (Mc 4,36). Muitos discípulos e muitas discípulas tinham morrido. Alguns tinham negado a fé (Mc 14,71), tinham traído (Mc 14,10.45) ou fugido (Mc 14,50) e se dispersaram (Mc 14,27). Outros tinham caído do primeiro fervor (Ap 2,4). A rotina estava tomando conta da vida deles. Muita gente estava desanimada. Marcos quer animá-los. 

2. Rebelião dos judeus da Palestina contra a invasão romana 
Naqueles mesmos anos, entre 67 e 70, os judeus da Palestina tinham se rebelado contra a invasão romana. Jerusalém, a capital, estava cercada pelo exército romano, ameaçada de destruição total (Mc 13,14). Muitos cristãos - a maioria- eram judeus. Eles não sabiam se deviam ou não entrar na rebelião contra o Império Romano. Havia divisão entre os próprios judeus. Este problema político causava muitas tensões nas comunidades. O horizonte não estava claro. Marcos quer clarear horizonte. 

3. Problemas internos de liderança 
Havia os problemas internos de liderança. A maior parte dos apóstolos já tinha morrido. Uma nova geração de líderes estava assumindo a coordenação. Isto causava tensões, ciúmes e brigas (Mc 9,34.37; 10,41). Não era claro como se devia coordenar uma comunidade cristã. Marcos procura dar alguns conselhos. 

4. Será que existe perdão para quem renegou a fé durante a perseguição de Nero? 
A perseguição foi em 64. Passaram-se cinco ou seis anos. O perigo maior parecia ter passado. Alguns dos que tinham negado a fé queriam voltar e participar de novo da vida da comunidade (Mc 14,30-31.72). Como Bartimeu, queriam "ver de novo" (Mc 10,51). Era possível voltar? Podiam ser acolhidos novamente? A ruptura podia ser desfeita? Alguns achavam que não poderiam ser acolhidos. Copo quebrado, mesmo você querendo, não tem conserto. Outros achavam que o perdão devia ser possível. O que fazer? Marcos traz uma luz. 

5. Quem é Jesus? Como entender a sua cruz? 
Os judeus não cristãos diziam que Jesus não podia ser o messias, pois, segundo a Bíblia, um condenado a morte na cruz devia ser considerado como um "maldito de Deus" (Dt 21,23). Como é que um maldito de Deus poderia ser o messias? (cf. Mc 8,32). A cruz era um impedimento para crer em Jesus, "um escândalo!", assim diziam (lCor 1,23). Por isso, muita gente se perguntava: Afinal, quem é Jesus? (Mc 4,41). Será que ele é realmente o messias, o Filho de Deus? (Mc 1,1; 14,61; 15,39). Marcos oferece uma resposta. 

A MENSAGEM CENTRAL QUE MARCOS QUER COMUNICAR 

Apesar de muitos, os problemas não foram capazes de desviar os cristãos da fidelidade ao compromisso fundamental da sua fé: seguir Jesus. No meio de tantas preocupações, a preocupação maior continuava sendo: como ser discípulo de Jesus. Esta ainda é a preocupação que, até hoje, em toda parte, sustenta comunidades em torno da Palavra de Deus e que, neste Mês da Bíblia, nos leva a abrir o Evangelho de Marcos para saber como seguir Jesus neste nosso Brasil, no começo deste novo milênio. 
Marcos pensa nestes problemas todos quando relata os gestos e as palavras de Jesus. Ele quer ajudar as comunidades a encontrar o caminho certo do seguimento de Jesus. Os ensinamentos de Jesus que ele relata já eram conhecidos. É como hoje. Quando nos domingos ouvimos a leitura do Evangelho, a gente já conhece o texto. O que é novo e o sermão do padre ou a explicação da ministra da palavra. As comunidades para as quais Marcos escreve já conheciam as histórias da vida de Jesus. Havia quase trinta anos que elas meditavam sobre as histórias em suas reuniões semanais. O novo de Marcos é o seu jeito de contar os fatos e de transmitir os ensinamentos. Ele transforma as histórias de Jesus em espelho, para que as comunidades descubram nelas como ser discípulo de Jesus. É por isso que o seu evangelho dá um destaque tão grande aos discípulos. 
De fato, no Evangelho de Marcos, os discípulos são o xodó de Jesus. A primeira coisa que Jesus faz é chamar discípulos (Mc 1,16-20) e a última que faz é chamar discípulos (Mc 16,7.15). Ele os leva consigo, do começo ao fim, em todo canto, e chega a dizer: "São meus irmãos, minhas irmãs, minha mãe!" (Mc 3,34). Quando não entendem algo, eles perguntam e Jesus, em casa, explica tudo dizendo: "A vocês é dado o mistério do Reino, mas aos de fora tudo acontece em parábolas" (Mc 4,11; cf. 4,34). O evangelista faz isto para que as comunidades e todos nós, seus discípulos e suas discípulas, saibamos e sintamos que, apesar dos nossos muitos problemas e defeitos, somos o xodó de Jesus. 
E não e só isto. Marcos quer dizer algo mais. A maneira de ele falar dos discípulos causa uma certa estranheza. No começo, os discípulos parecem um grupo privilegiado, uma comunidade modelo. Mas, quase que de repente, tudo desanda. A gente fica impressionada quando olha de perto o comportamento deles. Eles, a quem tinha sido dado o Mistério do Reino (Mc 4,11), de repente começam a dar sinais de não entenderem mais nada e de serem tudo menos discípulos de Jesus. Não compreendem as parábolas (Mc 4,13; 7,18). Não têm fé em Jesus (Mc 4,40). Não entendem a multiplicação dos pães (Mc 6,52; 8,20-21). Não sabem quem é Jesus, apesar de conviverem com ele (Mc 4,41). Antes conseguiam expulsar os demônios (Mc 6,13), mas agora ja não conseguem mais (Mc 9,18). Brigam entre si pelo poder (Mc 9,34; 10,35-36.41). Querem ter o monopólio de Jesus (Mc 9,38). Levam susto quando Jesus fala da cruz (Mc 8,32; 9,32; 10,32-34). Querem desviar Jesus do caminho do Pai (Mc 8,32). Afastam as crianças (Mc 10,13). Judas resolve traí-lo (Mc 14,10.44). Pedro chega a negá-lo (Mc 14,71-72). Na hora em que Jesus mais precisa deles, eles dormem (Mc 14,37.40). E, no fim, no momento da prisão, todos fogem e Jesus fica só (Mc 14,50). 
O que será que Marcos queria dizer às comunidades (e a nós) com esta lista tão impressionante de defeitos dos discípulos? Será que queria meter medo e afastá-las de Jesus? Certamente que não! É que um evangelho não vale só pelas informações que oferece sobre Jesus. Quem lê o evangelho só para obter informações sobre o que aconteceu no passado, no tempo de Jesus, pode até chegar a conclusões erradas. Quem vê de longe um carro fazendo muita curva na estrada pode concluir: "Deve ter muito buraco e curva naquela estrada". Mas não era nada disso. Aquele motorista balançava o carro,_porque queria acordar o companheiro surdo que dormia no banco traseiro! Assim é com o Evangelho de Marcos. Alguns, vendo Marcos insistir tanto nos defeitos dos discípulos, concluem: "Aqueles primeiros discípulos não prestavam mesmo!". E não era nada disso. Marcos insiste nos defeitos dos primeiros discípulos, para que as comunidades do seu tempo (e do nosso tempo), olhando no espelho do evangelho, não desanimassem diante dos seus defeitos e problemas. Jesus não chamou gente santa, mas, sim, gente comum e bem humana como todos nós, com suas falhas e defeitos. Marcos faz saber que o amor de Jesus é sempre maior do que nossos defeitos e nossas faltas. Os discípulos negaram, traíram e abandonaram Jesus. Mesmo assim, Jesus não os abandonou, mas continuou sendo o amigo que mandou chamá-los e os acolhia de novo como seus irmãos (Mc 14,27-28; 16,6-7). Nós podemos romper com Jesus. Somos fracos. Jesus nunca rompe conosco! Tem esperança! 

A DINÂMICA QUE MARCOS USA PARA COMUNICAR SUA MENSAGEM 

O Evangelho de Marcos é como um bom romance. Lendo o romance, você se identifica com as pessoas que aparecem na história e começa a envolver-se com os problemas que elas estão vivendo. O mesmo acontece com as novelas da televisão. Você se envolve com as personagens da novela. O Evangelho de Marcos faz o mesmo. Não só informa sobre aquilo que Jesus fez e ensinou no passado, mas leva a gente a se envolver com a longa caminhada dos discípulos e das discípulas, desde a Galileia até Jerusalém. 
Marcos começa dizendo: "Princípio da boa-nova de Jesus Cristo, Filho de Deus!" (Mc 1,1). E no fim, na hora em que Jesus morre, ele afirma de novo: "Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus" (Mc 15,39). No começo e no fim, está a afirmação de que Jesus é o Filho de Deus. Entre estes dois pontos, isto é, entre o lago na Galileia e o calvário em Jerusalém, corre a Estrada de Jesus! Corre a caminhada difícil dos primeiros discípulos e discípulas. Em algum lugar, entre estes mesmos dois pontos, caminhavam as comunidades dos anos 70 na Itália ou na Síria, procurando acertar o rumo. Caminhamos também nós, uns já um pouco mais adiantados e outros ainda bem no comecinho, mas todos buscando acertar o caminho, querendo ser discípulo e discípula de Jesus. 
Nos sete Círculos Bíblicos que seguem neste livrinho, iremos caminhar na estrada de Jesus, tendo Marcos como guia. Vamos olhar no espelho que ele coloca diante de nós para descobrir nele nosso rosto e assumir melhor nosso compromisso como "discípulos e missionários de Jesus, para que nele nossos povos tenham vida". 
Assim, iniciando a leitura do Evangelho de Marcos, vamos sentir o entusiasmo dos discípulos, desde a primeira chamada à beira do lago (Mc 1,16). Vamos nos envolver com eles e com Jesus, crescendo em entusiasmo até recebermos o envio definitivo para a missão (Mc 6,13). 
Ao mesmo tempo, vamos sentir o desencontro que vai aparecendo entre Jesus e os discípulos. Vamos viver a crise que eles viveram. Este desencontro entre Jesus e os discípulos já aparece bem no começo da caminhada (Mc 1,35-38) e, no fim, chega a uma quase ruptura (Mc 8,14-21). 
Andando no caminho que os primeiros discípulos percorreram junto com Jesus, experimentaremos também nós a bondade de Jesus que não desiste em ajudar os discípulos, apesar dos seus muitos de feitos. Junto com os discípulos, vamos receber a longa instrução (Mc 8,22 até 13,37) para descobrir e eliminar de dentro de nós "o fermento dos fariseus e dos herodianos" (Mc 8,15). 
No fim, o acolhimento e o amor maior de Jesus diante do fracasso dos discípulos tornam-se também para nós um apelo renovado para continuar caminhando na estrada de Jesus. Vamos descobrir que o mesmo Jesus continua no nosso meio, sempre pronto para acolher-nos e chamar-nos de novo! Não existe incentivo maior para quem tem boa vontade, mas sente sua fraqueza e seus limites. Repeti mos: Nós podemos romper com Jesus. Somos fracos. Jesus nunca rompe conosco. 

UM ESQUEMA PARA PERCEBER O RUMO DO ESPÍRITO 
NO EVANGELHO DE MARCOS 

Para perceber o rumo do Espírito de Jesus que percorre o Evangelho de Marcos de ponta a ponta, é bom ter uma visão global das suas principais divisões. Para isso, é importante ter presente estas duas coisas: 
Em primeiro lugar, o Evangelho de Marcos não é um tratado, mas, sim, uma narração. Um tratado tem divisões bem claras. Uma narração é como um rio. Percorrendo o rio de barco, você não percebe divisões dentro da água. O rio não tem divisão. É um fluxo só, do começo ao fim. Num rio, as divisões, você as faz a partir da margem. Por exemplo, você diz: "Aquele trecho bonito que vai daquela casa na curva até a palmeira, três curvas depois". Mas dentro da água você não percebe divisão nenhuma. A narração de Marcos flui como um rio. Tem muitas curvas, mas as suas divisões não são muito precisas. Os ouvintes as encontram na margem, isto e, nos lugares por onde Jesus passa, nas pessoas que ele encontra, nas estradas que percorre. O quadro geográfico ajuda o leitor e a leitora a não se perderem no meio da narração, a se situarem na estrada de Jesus e a caminharem com ele, passo a passo, desde a Galileia até Jerusalém. 
Em segundo lugar, o Evangelho de Marcos, muito provável mente, foi escrito, inicialmente, para ser lido de uma só vez na longa vigília de Páscoa. Os judeus costumavam fazer assim com alguns dos pequenos Escritos do AT. Por exemplo, na noite de Páscoa, eles liam de uma só vez todo o livro do Cântico dos Cânticos. Para os ouvintes não se cansarem, a leitura tinha que ter suas pausas. Pois, quando uma narração é mais longa, como a do Evangelho de Marcos, a leitura deve ser interrompida de vez em quando. Em certos momentos, tem que haver uma pausa, um canto. Do contrário, os ouvintes se perdem ou começam a dormir. Até hoje, fazemos a mesma coisa. Na liturgia da vigília de Sábado Santo, por exemplo, temos sete leituras intercaladas com cânticos e orações que servem como pausas. Estas mesmas pausas transparecem na maneira de Marcos narrar os fatos da vida de Jesus. São os pequenos resumos ou dobradiças, entre uma e outra leitura mais longa. Hoje, as novelas da televisão fazem a mesma coisa. Todos os dias, no inicio da novela, elas repetem as últimas cenas do dia anterior. Quando terminam, fazem ver as primeiras cenas do dia seguinte. Estes resumos são como dobradiças: recolhem o que se leu e abrem para o que vem depois. Permitem parar e recomeçar, sem interromper ou atrapalhar a sequência da narração que flui como um rio. O Evangelho de Marcos tem várias destas pausas ou pequenos resumos que nos permitem seguir o fio da meada, o rumo do Espírito. Ao todo, são sete leituras, intercaladas por pequenos resumos, onde é possível fazer uma breve interrupção. Mais tarde, quando o Evangelho de Marcos começou a ser usa do fora do contexto da vigília de Páscoa, acrescentou-se o apêndice final que nos dá um resumo das principais aparições de Jesus ressuscitado (Mc 16,9-20). 
Eis o esquema que pode ajudar a gente a perceber a sequência das ideias, a captar a mensagem e a descobrir o rumo do Espírito que percorre o Evangelho de Marcos de ponta a ponta. Este Espírito nos ajudara a olhar para dentro do texto e descobrir nele a boa-nova de Deus que Jesus nos revelou. 

Introdução Mc 1,1-13 - Início da boa-nova > Preparar o anúncio  = Dobradiça 1,14-15 
1ª leitura: Mc 1,16—3,6 - Cresce a boa-nova > Aparece o conflito = Dobradiça 3,7-12 
2ª leitura: Mc 3,13-6,6 - Cresce o conflito > Aparece o mistério = Dobradiça 6,7-13 
3a 1eitura: Mc 6,14-8,21: Cresce o mistério > Aparece o não entender = Dobradiça 8,22-26 
4ª 1eitura: Mc 8,27-10,45: Cresce o não entender> Aparece a luz escura da cruz = Dobradiça 10,46-52 
5ª 1eitura: Mc 11,1-13,32: Cresce a luz escura da cruz > Aparecem a ruptura e a morte = Dobradiça 13,33-37 
6ª 1eitura: Mc 14,1-15,39: Crescem a ruptura e a morte > Aparece a vitória sobre a morte = Dobradiça 15,40-41 
7ª 1eitura: Mc 15,42-16,8: Cresce a vitória sobre a morte > Reaparece a boa-nova e tudo recomeça = 
Apêndice Mc 16,9-20 

Lembrete final: Um evangelho não é uma história de se ler ou escutar só uma única vez e basta. Não! Um evangelho é para ser lido e relido, meditado e rezado, comparado e aprofundado. Orientando-se pelo esquema, você vai lendo e, aos poucos, vai ligando uma frase com a outra, uma iluminando a outra. Uma palavra puxa a outra. Você vai percebendo a visão do conjunto que, em seguida, esclarece os detalhes. Isto acontece, sobretudo, quando você faz a leitura em grupo, em comunidade.

LEITURA ORANTE: QUINTA-FEIRA JOÃO 16,16-20

JOÃO 16,16-20: A TRISTEZA SERÁ TRANSFORMADA EM ALEGRIA

Sexta Semana da Páscoa
Preparo-me para a Leitura Orante, recordando-me das palavras dos bispos, em Aparecida: “O chamado que Jesus, o Mestre faz, implica numa grande novidade. Na antiguidade, os mestres convidavam seus discípulos a se vincular com algo transcendente e os mestres da Lei propunham a adesão à Lei de Moisés. Jesus convida a nos encontrar com Ele e a que nos vinculemos estreitamente a Ele porque é a fonte da vida (cf. Jo 15,1-5) e só Ele tem palavra de vida eterna (cf. Jo 6,68). (DA, 131)".

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Jo 16,16-20, e observo as recomendações de Jesus.
E Jesus disse:
- Daqui a pouco vocês não vão me ver mais; porém, pouco depois, vão me ver novamente.
Alguns dos seus discípulos comentaram:
- O que será que ele quer dizer? Ele afirma: "Daqui a pouco vocês não vão me ver mais; porém, pouco depois, vão me ver novamente". E diz também: "É porque vou para o meu Pai". O que quer dizer "pouco depois"? Não entendemos o que isso quer dizer.
Jesus, sabendo que eles queriam lhe fazer perguntas, disse:
- Eu afirmei que daqui a pouco vocês não vão me ver mais e que pouco depois vão me ver novamente. Por acaso não é a respeito disso que vocês estão fazendo perguntas uns aos outros? Pois eu afirmo a vocês que isto é verdade: vocês vão chorar e ficar tristes, mas as pessoas do mundo ficarão alegres. Vocês ficarão tristes, mas essa tristeza virará alegria.

Jesus faz referência a uma outra missão do Espírito Santo: transformar nossa tristeza em alegria, a dor em festa. O Mestre fala de ausência, mas também de retorno, de morte e ressurreição. A Ressurreição de Jesus Cristo demonstra que a vida é mais forte do que a morte. É a presença do Espírito traz ânimo, força e alegria para quem crê no Projeto de Deus.

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Como enfrento os momentos de provação: de dor, tristeza, solidão? Lembro-me de que, no Projeto de Deus, tudo isto vai ser transformado em alegria, desde que eu tenha fé e acredite na ação de Deus em minha vida? Para viver neste clima peço ajuda a Deus:
Espírito santificador, a ti consagro a minha vontade:
Ajuda-me a dizer sim ao Projeto de Deus para a minha vida.
Dá-me a fortaleza.

3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, com o Bem-aventurado Alberione, a adesão à vontade de Deus:
Senhor, não sei o me acontecerá hoje.
Só sei que nada poderá me acontecer
sem que o tenhas previsto
E permitido para o meu bem,
E isto me basta.
Adoro os teus desígnios eternos e impenetráveis.
Aceito-os de todo o coração, por teu amor.
Ofereço-te todo o meu ser, unindo-me ao sacrifício de Jesus.
Em seu nome e pelos seus méritos, peço-te a graça de assumir,
Com amor, as horas difíceis e a tua vontade,
a fim de que tudo resulte para o meu bem,
e para a tua maior glória. Amém.

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar será consequência do meu “assumir o estilo de vida de Jesus e suas motivações (cf. Lc 6,40b), viver seu destino e assumir sua missão de fazer novas todas as coisas..."(CA, 131)

ARTIGOS: PEQUENOS GRANDES AMORES

Padre Zezinho,scj Oficial: PEQUENOS GRANDES AMORES
Os raios do sol costumam ser grandes, mas nossa capacidade de captá-los é pequena. Então vivemos do que conseguimos captar pelas frestas que deixamos. Dá-se o mesmo com relação ao amor. De um jeito ou de outro ele invade as frestas do nosso eu...
Existe o grande amor de uma vida e há os pequenos grandes amores. O homem e a mulher encontram o grande amor e, se for de fato o grande amor, gerará pequenos grandes amores. E são os pequenos grandes amores que dão sentido á espera de quem ainda não encontrou o seu grande amor.

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MENSAGEM: O SÁBIO E O PÁSSARO


Era uma vez, num determinado reino vivia um sábio. Ele era o mais sábio dos sábios e nenhuma questão que lhe fosse levada ficava sem solução. Ele sabia tudo de tudo. 

Existia nesse reino um jovem que não se conformava com isso. Ele não aceitava o fato do sábio conseguir decifrar qualquer enigma, fosse ele qual fosse. Durante muito tempo o jovem ficou arquitetando uma forma de pregar uma peça no sábio. 

- "Tem que existir uma forma de enganar o sábio. Ninguém sabe tudo de tudo"... pensava ele. 

Até que um dia ele descobriu uma forma, a qual nem mesmo o mais sábio dos sábios teria saída. 

- "Colocarei em minhas mãos, levemente fechadas, um pequeno pássaro vivo e perguntarei ao sábio se o pássaro esta vivo ou morto. Se ele responder que esta morto, eu abrirei as mãos e o libertarei para o voo. Se ele responder que esta vivo, eu o apertarei com os dedos e o matarei. O sábio não terá saída". 

Assim fez. 

Diante do sábio ele procedeu como acima exposto, perguntando se o pássaro estava vivo ou morto. 

O sábio refletiu, olhou bem nos olhos do jovem, e respondeu: 

- "Meu bom jovem, a vida desse pássaro esta em suas mãos, depende de você!"

Muitas vezes a resposta esta em nossas mãos... depende do nosso querer e nosso controle emocional, dos nossos motivos e objetivos porque queremos algo, porque lutamos por determinada coisa... 
A vida da comunidade, da igreja está em nossas mãos, depende de cada cristão! 
O que tens em tua mão? Estas disposto a libertar ou estas disposto a sufocar?
Da natureza nos vem um exemplo diário: que é o Sol. Ele ilumina a tudo e a todos sem fazer distinção. Vivemos num mundo de contrastes. Esse mundo nos leva a fazer escolhas o tempo todo. Egoísmo ou Generosidade? Intolerância ou Compreensão? Arrogância ou Humildade? Vingança ou Perdão? Ódio ou Amor? Guerra ou Paz? A escolha é nossa e dela depende o futuro de todos nós e do Planeta que será herdado pelas futuras gerações.
"Diante de ti, ponho a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas  vivas, tu e a tua descendência". (Dt. 30,19)

MENSAGEM: BARULHO DA CARROÇA



Certa manhã, meu pai convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer. Paramos numa clareira e, depois de um pequeno silêncio, meu pai me disse:

- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?

Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:

- Estou ouvindo um barulho de carroça.

- Isso mesmo, disse meu pai. É uma carroça vazia ...

- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?

- Ora, respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia, por causa do barulho.
Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz.

Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, inoportuna, interrompendo a conversa de todo mundo, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:

Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz... Da mesma forma, o balde. Quanto mais vazio um balde, mais barulho faz.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

CANTINHO DA CRIANÇA: ASCENSÃO DO SENHOR (TEATRO)

Ano B – Marcos 16, 15-20

JOCA – (entra) Oi pessoal!

CLARINHA – (entra) Oi pessoal!

JOCA – Al-al-al-al! Oi pessoal!

CLARINHA – Au-au, Joca?

JOCA – Não, Clarinha. Não é au-au de cachorro não. É "al-al".

CLARINHA – (suspira) Ah Joca, viu?

JOCA – Clarinha: minha mãe disse que hoje é um dia especial.

CLARINHA – É mesmo, Joca.

JOCA – Êêêêê! Êêêêê!

CLARINHA – Você sabe que dia é hoje, Joca?

JOCA – Do-mingo! Êêêêêê!

CLARINHA – É, mas... Qual Domingo?

JOCA – Domingo... De páscoa! Êêêêêê!

CLARINHA – Não, Joca: a páscoa foi no mês passado.

JOCA – Então... Então... É domingo de... De... Ramos! Êêêêêê!

CLARINHA – Joca: domingo de ramos já foi também.

JOCA – Então... Então... Domingo de... De... De... Tá bom: desisto, vai.

CLARINHA – Ô Joca: hoje é o Domingo da Ascensão de Jesus.

JOCA – Eu sabia que era importante! Êêêêêê!

CLARINHA – Hoje lembramos a Ascensão de Jesus ao céu, Joca.

JOCA – E como foi isso, Clarinha?

CLARINHA – Foi assim: Jesus estava com seus discípulos. E então ele subiu aos céus.

(música – cartaz com ilustração da Ascensão de Jesus).

JOCA – Nossa!

CLARINHA – Jesus foi para o céu, onde está sentado ao lado direito de Deus.

JOCA – Puxa!

CLARINHA – É, Joca.

JOCA – Puxa, Clarinha: agora eu pensei uma coisa.

CLARINHA – O que, Joca?

JOCA – Jesus foi embora e a gente ficou sozinho, né?

CLARINHA – Não, Joca. Jesus está sempre conosco. Ele mesmo disse assim:

JESUS – (voz em off) Eu estarei com vocês todos os dias, até o fim dos tempos.

CLARINHA – Viu, Joca?

JOCA – Que bom, Clarinha!

CLARINHA – É, Joca. Mas não foi só isso que Jesus disse não.

JOCA – Não foi?

CLARINHA – Não. Jesus disse mais uma coisa muito importante.

JOCA – O que, Clarinha?

CLARINHA – Jesus nos deixou uma tarefa, Joca.

JOCA – Tarefa?

CLARINHA – É, uma tarefa muito importante. Vamos ouvir:

JESUS – (em off) Vão e falem sobre o Evangelho.

CLARINHA – Viu só, Joca?

JOCA – Clarinha: isso é importante mesmo!

CLARINHA – É Joca: cada um de nós agora tem uma lição super-importante.

JOCA – De Jesus, hein gente.

CLARINHA – Nós devemos anunciar o Evangelho!

JOCA – É: levar o Evangelho para todo mundo.

CLARINHA – Isso mesmo, Joca.

JOCA – E... Como é que a gente faz isso, Clarinha?

CLARINHA – Assim: primeiro a gente fala de Jesus para as pessoas.

JOCA – Ôba!

CLARINHA – E depois... Vive como Jesus nos ensinou.

JOCA e CLARINHA – Amando ao próximo como Jesus nos amou.

CLARINHA – Isso mesmo!

JOCA – Éééééé!

CLARINHA – Então... Tchau pra vocês!

JOCA – Tchau!

(saem – Fim)

MENSAGEM: A VIRTUDE ESQUECIDA

Conta-se que, na China antiga, um príncipe da região norte do país estava às vésperas de ser coroado Imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar. Sabendo disso, ele resolveu fazer uma disputa entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua proposta.
No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.
Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula:
- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte.
A filha respondeu:
- Querida mãe, eu sei que jamais serei a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me fará feliz.
À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, jóias e com as mais determinadas intenções.
Então, o príncipe anunciou o desafio:
- Darei a cada uma de vocês uma semente. Aquela que dentro de seis meses me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.
O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura da sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisaria se preocupar com o resultado. Passaram-se três meses e nada surgiu. Dia após dia, ela sentia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor.
Os seis meses se passaram e nada havia brotado. Consciente do seu esforço e dedicação, a moça comunicou a sua mãe que, independente das circunstâncias, retornaria ao palácio, na data e hora combinada, nem que fosse só para ver o príncipe.
Na hora marcada, estava lá com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena.
Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa. As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente o príncipe esclareceu:
- Esta jovem foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de ser uma Imperatriz, a flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.

A flor da honestidade
Possivelmente nos dias de hoje, a virtude da honestidade, não é muito cultivada. Ligada a esta está o valor da verdade… ser honesto e verdadeiro significa dar a cara por aquilo que se é e pelas coisas que se fazem. Falsificar, enganar, aparentar ser, acaba por tornar as pessoas incoerentes consigo mesmas e com os outros, a querem ser o que não são, a viver por interesse. E descobrem, no final, que por ali não é o caminho… e poderá ser tarde demais. Embora em algumas situações possa ser difícil, apostemos na verdade e na honestidade; não enganemos ninguém, de pouco nos adiantará e depois como ficará a nossa consciência?

ARTIGOS: EMPREENDEDOR DO SIMBÓLICO

Oportunidade para aprender novos procedimentos em gestão paroquial 
Gerir uma paróquia pode não ser algo tão simples como muitos imaginam. Para que um pároco, ou quem faz a sua vez, seja um bom gestor, é preciso que ele tenha uma visão conjuntural da empresa que ele administra. Empresa não apenas no sentido de firma, de companhia do terceiro setor, como ela é tida pelo governo, mas, sobretudo, no sentido de empreendimento, de missão, de trabalho em conjunto. Portanto, todo pároco, ou administrador paroquial, para ser um bom gestor, precisa ser um empreendedor. Empreendedor é aquele que tem uma visão ampla da empresa que administra. Visão que ultrapassa seu território ou área de jurisdição, possibilitando geri-la não como um feudo, mas como um membro de um corpo, com toda a sua interdependência, como pede o Documento de Aparecida; uma “célula viva da Igreja” (D.A, 170). Assim sendo, indico aqui alguns dos procedimentos mais relevantes para um gestor eclesial aplicar na administração de sua paróquia para que ela seja, de fato, lugar privilegiado da experiência concreta de Cristo e de comunhão eclesial. 

PLANEJAMENTO
Planejamento é a palavra chave para qualquer tipo gestão, inclusive para a gestão eclesial. Planejamento é sinônimo de preparação. Quem não planeja, improvisa e quem improvisa, corre risco. Em se tratando de administração, correr risco não é um bom negócio. Ainda mais para um gestor que trabalha com dois tipos de bens; o material e o simbólico, como é o caso do gestor eclesial, o padre. Improvisar é fazer as coisas sem preparar e isso significa, entre outras coisas, descaso, desmerecimento da situação tratada, desrespeito para com as pessoas e, sobretudo, incompetência. Quem não faz planejamento da sua administração, em todas as suas dimensões, não é um bom administrador e, portanto, não merece estar à frente de uma empresa, principalmente se essa empresa trabalha com bens sagrados, como é o caso das paróquias. 
Deste modo, o que planejar em gestão eclesial? 
· Planejamento Pastoral: Planejar a pastoral, preparando um Plano de Pastoral Paroquial e colocando em prática, de acordo com as atividades e datas marcadas no calendário; 
· Planejamento de obras: Planejar as obras de reformas e construção que serão executadas durante o ano, em tempo hábil, de acordo com o Plano de Contas da paróquia; 
· Planejamento financeiro: Planejar o setor financeiro, através de um plano de contas. Planejar os débitos e créditos da paróquia, a longo, médio e curto prazo e fazer investimentos que dêem retorno financeiro à paróquia; 
· Planejamento Pessoal: Planejar-se como pessoa, tendo uma agenda, devidamente organizada, para que possam ser cumpridos todos os compromissos com pontualidade e eficiência. No planejamento pessoal deve estar contemplado o atendimento das pessoas, com dia e hora marcada para atender. 
· Planejamento teológico: entenda por planejamento teológico a preparação prévia de palestras, cursos e homilias. O maior “pecado” de um gestor eclesial é improvisar a sua principal ferramenta, a formação, e querer embromar os fiéis com falatórios vazios e sem fundamentação teológica. 

ORGANIZAÇÃO
Na esteira do planejamento está a organização. Podemos dizer que planejamento e organização são pares indissociáveis do processo administrativo. Não dá para pensar um sem o outro. Um bom gestor eclesial é aquele que se organiza e organiza a paróquia de modo que ela funcione bem, atendendo as suas quatro principais dimensões: Econômica, Religiosa, Missionária e Social.
Exemplos: 
· Dimensão Econômica: A composição de uma boa equipe administrativa, com reuniões sistemáticas e investimento na Pastoral do Dízimo, que acompanha a situação financeira da paróquia e se preocupa com a manutenção do patrimônio da Igreja, são sinais de organização econômica; 
· Dimensão Religiosa: O cumprimento das normas litúrgicas nas missas e demais celebrações, fazendo com que elas sejam “ápice da vida cristã”; o apoio e incentivo às manifestações devocionais dos fiéis leigos e a espiritualidade dos movimentos, sempre de acordo com as orientações da diocese, são demonstrações de organização religiosa; 
· Dimensão Missionária: A elaboração e o cumprimento de ações missionárias na paróquia e fora dela; o investimento na formação dos leigos, para que sejam, de fato, discípulos e missionários; a formação de projetos e equipes permanente de evangelização paroquial, como pede o Documento de Aparecida, são procedimentos de organização missionária; 
· Dimensão Social: A responsabilidade social, incentivando, participando e apoiando as pastorais sociais e os projetos sociais da paróquia, da diocese e da Igreja; a implantação de projetos paroquiais que ajudem na inclusão social; o incentivo a pastoral de fé e política e o incentivo ao engajamento de leigos comprometidos da paróquia, nas diversas instâncias da política, representam organização social da paróquia e do seu gestor; 

TRABALHO EM EQUIPE
Qualquer gestor que preza pela boa administração sabe que não pode fazer tudo sozinho. Quem faz ou decide tudo sozinho não é um gestor, mas um ditador. Na gestão eclesial não é diferente, pelo contrário, é imprescindível o trabalho em equipe. Um bom gestor eclesial conta com boas equipes para lhe assessorar na sua administração. 
Onde devem estar estas equipes? Elas devem estar em todas as atividades desenvolvidas na paróquia, como, por exemplo:
· Nos Conselhos da Paróquia: os dois principais Conselhos Paroquiais, o CPP (Conselho Paroquial de Pastoral) e o CAEP (Conselho para Assuntos Econômicos Paroquial) formam as duas das principais equipes que ajudarão o padre na administração da paróquia. A estas equipes cabe, junto com o pároco, tomar decisões. 
· Nas pastorais: Cada pastoral é uma equipe e dentro desta devem ser formadas outras equipes. Estas, sob a gestão de um coordenador, executarão os trabalhos que lhes são correspondentes. 
· Nos movimentos: A mesma distribuição em equipes deve existir dentro dos movimentos. Eles funcionarão melhor se houver distribuição de responsabilidades. 
· Nos grupos e associações: Grupos e associações que não se abrem para o trabalho em equipe se fecha em si mesmo e perde o sentido do trabalho em comunidade. O padre, como gestor eclesial, deve estar atento para que os grupos e associações de sua paróquia não incorram neste erro. 
· Nos eventos: os eventos fazem parte da vida da paróquia e eles só funcionam de fato e dão resultado se for feito em equipe. Deve haver na paróquia uma equipe para os eventos e esta, por sua vez, deve formar outras equipes e distribuir funções na hora de realizar uma promoção. 
· Nas celebrações: As celebrações, para serem expressão de oração da comunidade, devem ser preparadas por equipes. A celebração na comunidade é celebração da comunidade e como tal deve ser realizada como resultado de um trabalho em equipes. 

ESPIRITUALIDADE
O que diferencia um gestor eclesial de qualquer outro gestor de empresas do primeiro e segundo setor, é a espiritualidade que gera respeito humano, compromisso com a vida. Um gestor de empresas dos setores supracitados pode ter a sua religião e até espiritualidade, mas ela não é essencial para a sua gestão. Ela fica no âmbito pessoal, do indivíduo, sem conexão com a empresa que ele administra. Tais gestores são formados para primar pelo financeiro, pelo lucro da empresa e, conseqüentemente, o seu lucro. É a dinâmica do sistema capitalista. Tudo funciona em torno da questão econômica. Com um gestor eclesial não deve ser assim. Para essa categoria de gestor, a espiritualidade deve ser eixo, motor e combustível de todas as suas ações e, conseqüentemente, do seu campo de ação ou de gestão, a paróquia. Quando um gestor eclesial deixa a espiritualidade em segundo plano e age movido por outros valores e interesses, a paróquia empobrece, perde parte importante de sua autenticidade figurada na pessoa do seu representante, o pároco, ou quem faz a sua vez. Ela se esvazia no seu sentido simbólico. Portanto, o ponto crucial da administração eclesial, está centrado na espiritualidade com que seu gestor conduz as ações da sua paróquia. Como se aplica a espiritualidade na gestão eclesial? 
· Celebrar com a comunidade e não apenas na comunidade: o bom gestor eclesial é aquele que é possuidor de uma autêntica espiritualidade. Aquele padre que celebra com a comunidade e não apenas na comunidade, como se a igreja fosse simplesmente um mero espaço de cumprimento de obrigações religiosas. Ele vive cada celebração como se ela fosse única e não a faz de modo mecânico, apenas por ritualismo. Quem age assim, demonstra ser um administrador fiel e a comunidade responde positivamente a esta postura do seu pastor. 
· Ter vida de oração dentro e fora das celebrações: a vida de oração do padre que administra a paróquia é outro procedimento importante na gestão eclesial. Revela ser um bom administrador das coisas sagradas aquele que leva uma vida de oração: reza com a comunidade e também quando está sozinho; reza a liturgia das horas e se coloca pelo menos uma vez ao dia diante do Santíssimo, ou no silêncio de seu quarto, para orar. 
· Ser coerente com o que se prega e que se vive: A coerência entre o que se prega durante as homilias e a prática diária é um procedimento revelador de um gestor eclesial. Não é fácil ser coerente diante dos inúmeros desafios que a realidade paroquial apresenta, mas é fundamental se esforçar neste quesito se queremos administrar bem uma paróquia. Posturas incoerentes depõem contra o administrador. 
· Respeitar as diferenças religiosas: na gestão paroquial temos que saber gerir também as diferenças. Embora elas representem desafios e, até sejam tidas por alguns como obstáculos, não deixam de representar uma das facetas da riqueza da Igreja. O bom gestor é aquele que administra bem as diferenças religiosas e as vê como elementos que ajudam a tecer a teia de relações e trabalhos que existem na paróquia. Hostilizar determinadas manifestações de fé só porque se pensa diferente, não é a melhor atitude de um gestor eclesial. A ele cabe respeitar a pessoa e fazê-la descobrir que ela pode contribuir para o crescimento espiritual dela própria e da comunidade. 
Tendo estes procedimentos na gestão paroquial, ela concorre para ser uma boa administração, como aquela do servo fiel e prudente que soube multiplicar os talentos do seu senhor (Lc 19, 12-26).

Prof. Dr. José Carlos Pereira 

ARTIGOS: AS SETE VIRTUDES DA FÉ

Virtude é algo que está relacionado à coisa boa. É uma qualidade que a pessoa possui e que está conformada com o que é considerado correto, desejável, enfim, bom. Há uma conformidade entre a virtude e o bem. A virtude não é algo que, necessariamente nascemos com ela, mas pode ser adquirida ao longo da nossa vida. A virtude é algo passível de se manifestar em qualquer ser humano e o meio social tem grande influência nisso, mas não é o único fator. Há também virtudes que são inatas, isto é, pessoas que já nascem com tendências para as boas ações, mesmo que tenham vivido a maior parte de sua via em ambientes poucos propícios para as virtudes. As pessoas virtuosas são aquelas que desenvolvem capacidades que possibilitam que seus objetivos sejam atingidos, mesmo que para isso tenham que vencer muitos obstáculos. Como os dons, as virtudes também estão agrupadas em sete, das quais quatro são virtudes cardeais e três são virtudes teologais. As virtudes cardeais ou morais são: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança. São, portanto, virtudes adquiridas humanamente. Elas nascem dos atos moralmente bons. São fundamentais para que a pessoa comungue do amor divino. As demais virtudes, as teologais, que são a fé, a esperança e a caridade, se agrupam em torne das cardeais. Há uma estreita relação entre elas, formando um todo. São as virtudes que nos ajudam ver o mundo e as coisas naquilo que elas têm de humano e divino. 

1. Fé: 
A fé é uma virtude teologal porque é algo que independe de nós, vem de Deus. Ninguém escolher ter fé ou não. Ela vem de modo inexplicável e, sem que percebamos, comanda nossas ações. Como num barco, onde o capitão está no leme, guiando-o no rumo certo, a pessoa de fé tem tanta confiança de que quem está no leme de sua vida é Deus, que se entrega totalmente em suas mãos e deixa que Ele vá conduzindo-a para os rumos que desejar. Isso não quer dizer que a pessoa de fé não tem vontades ou iniciativas próprias, mas que sabe conformar sua vida na vontade de Deus. Quem tem fé sabe que a sua vontade deve ser à vontade de Deus e, assim, se esforça para que haja concordância entre elas. Fé é a confiança absoluta que depositamos em Deus sem, necessariamente, fundamentá-la em argumentos racionais, é o mesmo que crença. É acreditar piamente e direcionar suas ações e buscas em prol daquilo que se crê. Ela é a fonte e o centro de toda a vida religiosa. A fé exige empenho, dedicação e, sobretudo, perseverança. Quem tem fé sabe que o tempo de Deus não é o seu tempo. Viver da fé, e com fé, é não se preocupar com a quantificação da vida, isto é, com quanto tempo ainda nos resta, mas com a sua qualificação, procurando viver com qualidade, viver bem. Uma demonstração de fé é não desistir dos sonhos só porque eles não se realizaram no tempo desejado. É não desistir diante dos obstáculos, da aridez das situações, mesmo que elas pareçam intransponíveis. É saber que nem tudo o que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado. Fé é perseverar na busca, apesar dos contratempos. Enfim, a fé é um dado que mobiliza, tira-nos do comodismo, da apatia e do suposto marasmo da vida. Quem acredita age. Quem tem fé é perseverante e não desiste de lutar, mesmo que o esperado pareça impossível aos olhos humanos. A fé nos dá esperança. 

2. Esperança: 
A esperança é algo fundamental na vida de qualquer ser humano. Quem perde a esperança, perde o sentido da vida. Esperança é um sentimento de quem vê como possível à realização daquilo que deseja, ela é a motivadora das buscas. Semelhante a fé, a esperança é também uma virtude teologal e isso significa que não é algo simplesmente humano, mas tem a ver com Deus e sua graça. Desse modo, a esperança, enquanto virtude, nos faz vislumbrar a eternidade, a vida além da morte, o Reino dos Céus. Falar de esperança é dizer a importância que o futuro tem na nossa vida. Um futuro de felicidade, que todos desejamos. A confiança em Deus e na sua promessa de felicidade é que garantem essa certeza que mobiliza o nosso presente e que nos faz, como Abraão, esperar contra toda esperança (Rm 4, 18). 

3. Caridade: 
Caridade é a terceira e última virtude teologal. Ela conduz as pessoas ao amor ao próximo e a Deus. Caridade é, portanto, sinônimo de amor. Não é por acaso que muitas traduções da primeira carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 13, traz a caridade como sinônimo de amor, de doação total. Caridade não significa apenas partilha, distribuição dos bens. Posso fazer isso e não estar sendo caridoso no verdadeiro sentido da palavra. Caridade envolve amor, partilha não somente daquilo que está sobrando na minha casa e na minha vida, mas partilha do essencial, daquilo que eu também necessito ou vou necessitar. Doar o que está sobrando é fácil e pode servir apenas para aliviar a consciência, ou para desocupar espaços, nos livrar daquilo que não nos serve mais, enfim, para uma série de situações que não configuram propriamente caridade. Vemos em Mateus (9, 13) que Deus quer misericórdia, caridade e não sacrifício. Portanto, de nada adianta distribuir nossos bens aos famintos e entregar o nosso corpo as chamas se não tivermos misericórdia em nosso coração (1Cor 13, 3). Quais são os sinais que acompanham quem vive a virtude da caridade? Quem é possuidor da virtude da caridade é paciente. Sabe esperar o tempo certo e não se irrita por qualquer motivo. É prestativo, estando sempre pronto para ajudar a todos, principalmente quem mais necessita. Não é uma pessoa invejosa, mas se alegrar com o sucesso do outro. Ri com o outro e não do outro. Não é uma pessoa que vive ostentando riquezas, títulos ou qualquer outro bem deste mundo, mas sabe ser humilde, mesmo que tenha muitos dons e qualidades. Sendo rica, não se apega a sua riqueza, sendo pobre, não faz de sua pobreza um motivo que a inferiorize perante os demais. Tendo posses, cargos ou qualquer outro bem, não se incha de orgulho. Tem bom senso, sabe discernir as coisas e situações, não sendo nunca uma pessoa inconveniente. Tem a palavra e a atitude certa na hora certa. Quem tem a virtude da caridade não procura seu próprio interesse, mas está sempre pronto a satisfazer as necessidades do outro. Mesmo diante das dificuldades, dos desafios, das inúmeras coisas que a entristece, não se irrita, não guarda rancor dos que o magoam. Sofre com as injustiças e não mede esforços para ver a justiça acontecer. A caridade não é uma coisa passageira. A pessoa possuidora dessa virtude sabe que ela o acompanhará para sempre. 

4. Prudência: 
Prudência é uma virtude cardeal, isto é, uma virtude adquirida pelos nossos esforços. É a virtude que faz prever as situações e evita as inconveniências e os perigos. Assim, prudência é o mesmo que cautela, precaução. Quem é prudente sabe manter-se calmo, pondera as coisas antes de falar ou de agir, é sensato e tem paciência ao tratar de assuntos delicados e difíceis. A pessoa prudente é uma pessoa sábia porque prudência e sabedoria andam lado a lado. A prudência é uma grande aliada da sabedoria.Toda pessoa sábia é prudente, por isso suas decisões são acertadas. Além disso, as pessoas prudentes são, geralmente, boas administradoras enquanto que as imprudentes correm mais risco, erram mais na forma de administrar e, conseqüentemente, sofrem com mais freqüência, prejuízos. Em muitas situações, a imprudência pode custar à vida. É o que ocorre no trânsito. O motorista prudente corre menor risco enquanto o imprudente tem muito mais chance de sofrer um acidente e até perder a vida. Desse modo, vemos o quanto à prudência é decisiva em nossa vida. É uma virtude valiosa porque preserva-nos de muitos perigos e garantem uma vida mais segura. A pessoa prudente age com sagacidade, tendo discernimento de todos os seus atos. Ser prudente é pensar antes de falar e de agir. A probabilidade de dizer a palavra certa na hora certa e obter bons resultados na ação é muito maior quando se pensa no que se vai dizer e planeja as ações. Ter autodomínio e equilíbrio em tudo que se faz são características que revelam a prudência. É importante não confundir prudência com insegurança, timidez ou medo. Prudência é lucidez. É aquela virtude que indica a regra e a medida certa das coisas. Enfim, quem age com prudência dificilmente erra, ou erra menos, porque calcula antes de agir. A pessoa verdadeiramente prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz. A pessoa prudente faz o que pode e sabe o que pode fazer. 

5. Justiça: 
A justiça, além de uma virtude cardeal, é uma virtude moral. Consiste, em primeiro lugar, na vontade constante e firme de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido, afirma o Catecismo da Igreja (n. 1807). O fruto da justiça será paz, afirma o profeta Isaías (32, 17). Se não houver justiça, a paz não é verdadeira. Não é possível viver em paz quando irmãos nossos, às vezes bem perto de nós, sofrem as conseqüências da injustiça, como o desemprego, a miséria, a fome e as inúmeras carências (moradia, saúde, educação, etc.). Justiça, como virtude, é respeitar os direitos de cada um e estabelecer nas relações humanas a harmonia que promove a equidade em prol das pessoas e do bem comum. O primeiro passo para saber se somos justo é ver se temos facilidades para corrigir nossos pensamentos. Nem sempre as coisas que imaginamos serem corretas, são, de fato, corretas. Equivocar-se é humano, o que não é justo é querer permanecer com pensamentos equivocados. Através da conduta para com o próximo se percebe uma pessoa justa. Ser imparcial no julgamento das coisas, sem buscar favorecer ninguém, a não ser a justiça, é característica do justo. Se queremos a justiça de Deus, devemos ser justos para com nossos irmãos. Essa é uma concepção teológica de justiça, em que as relações se pautam em valores transcendentes, valores que estão além do horizonte de nossa visão, mas que determinam relações aqui e agora. A justiça é um dos fundamentos da vida social. Não é possível viver com dignidade numa sociedade onde não haja justiça. A justiça, para ser completa, há que vir aliada de uma outra virtude, a caridade. Justiça e caridade são fundamentos morais de qualquer vida social. São virtudes que regem diretamente as relações humanas. Elas são essenciais para a solução dos problemas sociais. 

6. Fortaleza: 
A virtude da fortaleza nos dá segurança nas dificuldades, firmeza e constância na procura do bem, afirma o Catecismo da Igreja (n. 1808). Quem exercita essa virtude em sua vida, consegue atravessar os momentos difíceis porque, apesar da situação de vulnerabilidade que as dificuldades nos colocam, encontramos dentro de nós uma força inexplicável que não nos deixa abater pela dificuldade. Ser firme é uma estratégia que muito ajuda nestas situações e é essa firmeza que não nos deixa esmorecer na busca do bem. Sabemos que o bem não é algo fácil de se atingir, há muitos obstáculos, muitas pessoas e situações que tentam nos desviar do caminho do bem. Nessas ocasiões, ser firme e constante é fundamental. O bem não é algo que se busque apenas em alguns momentos de nossa vida. Tem que ser a meta principal. Por isso, todo empenho é necessário. A virtude da fortaleza nos torna capazes de vencer o medo, inclusive o medo da morte, afirma o Catecismo (n. 1808), além de ajudar a suportar as provações e as perseguições, dando-nos coragem para agir com desenvoltura, mesmo que as ciladas sejam tentadoras. A virtude da fortaleza é a virtude que nos dispõe a aceitar até a renúncia e o sacrifício da própria vida para defender uma causa justa, diz o Catecismo da Igreja (n. 1808). Quem é possuidor desta virtude sabe fazer renúncias, desde aquelas que aparecem no cotidiano de nossa vida, tida como menores, até as grandes renúncias, como a renúncia da própria vida em nome de uma causa maior. A virtude da fortaleza nos capacita a fazer todo tipo de renúncias, desde que o fim seja um bem supremo. A fortaleza, como virtude, embora seja algo humano, vem de Deus. É ele que nos encoraja, nos torna fortes mesmo quando somos fracos. 

7. Temperança: 
Temperança é a qualidade ou virtude de quem é moderado, comedido. É a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados, afirma o Catecismo da Igreja (n. 1809). É algo sintonizado com o intelecto, com a razão, é o que nos dá a medida certa nas nossas ações. É a virtude que nos faz distintos dos animais, fazendo com que administremos bem os nossos sentimentos, nossas vontades, colocando cada coisa no seu devido lugar. Para entender melhor como funciona a temperança, basta entender como funciona o seu oposto, o instinto. Administramos essas necessidades de modo que elas sejam vividas de modo equilibrado, temperado, isto é, que tenhamos sobriedade, austeridade, manifestando de modo atenuado os desejos inerentes a nossa espécie. Daí a palavra temperança. Ela nos faz viver de modo harmonioso conosco mesmo e com os outros, possibilitando um convívio social pacífico e equilibrado. É a virtude que coloca nossa vida no prumo, dando a proporção certa para cada coisa. Pessoas que fazem uso adequado desta virtude são pessoas comedidas, discretas, que sabem dosar as coisas, deixando a vida no ponto certo, isto, temperada. Ela sabe a proporcionalidade dos sentimentos e os vive de modo adequado. Quem não faz uso dessa virtude, leva uma vida desenfreada, sem controle, tornado-se, portanto, pessoas angustiadas e infelizes. Boa parte dos sofrimentos humanos deriva da ausência dessa virtude. A função da virtude da temperança é proporcionar esta constância. Vemos, assim, a estreita relação que existe entre a temperança e as demais virtudes. Ela condiciona indiretamente todas as outras virtudes. Embora todas as outras sejam indispensáveis para que a pessoa possa ser moderada (ou sóbria), a temperança influi diretamente na vivência das demais. Não se pode ser verdadeiramente prudente, nem autenticamente justo, nem realmente forte, quando não se possui a virtude da temperança. O grande desafio, porém, é praticar a todas com equilíbrio, não esquecendo ou negligenciando nenhuma delas, pois todas são necessárias para o bem viver. Nisto consiste o papel da temperança. Uma depende da outra e quem nos dá essa visão de conjunto é a temperança. Enfim, a virtude da temperança vem completar o conjunto das quatro virtudes cardeais, pondo limites no nosso agir.

Prof. Dr. José Carlos Pereira

ARTIGOS: OS SETE DONS DO ESPÍRITO

Muito já se ouviu dizer sobre os dons e as virtudes, mas nem por isso se pode afirmar que as pessoas entendem, de fato, o que eles significam para a sua vida. Parece algo distante, reservado somente para alguns poucos privilegiados, os que tiveram a sorte de ser beneficiado por uma dádiva de Deus, como se dons e virtudes fossem prêmios concedidos por uma espécie de uma loteria divina. Já ouvi muita gente dizer que não tem nenhum dom e que desconhece suas próprias virtudes. Afirmar coisas deste tipo nem sempre significa humildade, mas, sim, desconhecimento do seu verdadeiro significado. É disso que vou falar neste pequeno texto, buscando mostrar como os dons e as virtudes fazem parte da nossa vida e como podemos usufruir dessas qualidades divinas concedidas a nós, humanos, tornando-nos, assim, mais próximos de Deus. 

1) Sabedoria: 
Sabedoria não é apenas a soma de conhecimentos, mas, sim, de como procedemos para adquirir conhecimento. É algo a ser exercitado, aprendido porque ninguém nasce sábio, mas se torna sábio. Segundo a Bíblia, a sabedoria vem de Deus (cf. Is 11, 1-22) e nos é dada como um dom, uma pedra preciosa a ser lapidada ao longo da nossa vida. À medida que vamos lapidando essa pedra preciosa devemos colocá-la em prática e, assim, ir transformando o mundo em que vivemos, fazendo dele uma sociedade alicerçada na justiça porque a justiça é fruto da sabedoria. É sábio aquele que pratica a justiça porque a justiça defende a vida e a vida é o bem supremo, a maior preciosidade. Sabedoria e justiça são conceitos inseparáveis. José era um homem sábio porque era justo (Mt 1, 19). Salomão era justo porque era sábio (1Rs 3, 5-14). Quem promove a justiça promove a vida e quem promove a vida dá provas de sua sabedoria. Quem é sábio, diz Isaias (11, 3) não julga as coisas pela aparência, nem dará a sentença só por ouvir. Quem age desta forma não age com sabedoria. Quem é sábio julga os fracos com justiça, dá sentenças retas aos pobres, defende os indefesos contra os violentos. Quem é sábio faz da justiça a correia que cinge a sua cintura, isto é, está sempre a serviço da justiça, sendo fiel a ela em quaisquer circunstâncias. O sábio sabe que a justiça é o meio mais eficaz para implantar a paz e a harmonia sobre a terra, mesmo que isso possa parecer algo que não lhe traga benefício pessoal. Todo aquele que cultiva a sabedoria no jardim de sua vida, colhe como resultado a felicidade. Sabedoria é, portanto, à busca da felicidade e para se obter felicidade é preciso o dom do entendimento. 

2) Entendimento: 
Somos chamados à perfeição. O entendimento é um dos sete dons que recebemos no processo de completude dessa perfeição. O dom do entendimento, também chamado "dom da inteligência" ou "dom do discernimento", tem estreita relação com o dom da sabedoria. É ele quem nos proporciona uma compreensão mais profunda das coisas, além daquilo que elas revelam na sua aparência. Com o dom do entendimento podemos compreender as verdades reveladas, contudo, sem desvendar os seus mistérios, pois são os mistérios que tornam as coisas encantadas. Através do dom do entendimento, conhecemos as coisas, os outros e passamos a nos conhecer mais profundamente e, assim, reconhecemos a profundidade de nossas limitações e misérias, o que nos faz mais humildes e nos ensina a curvar diante do mistério insondável de Deus e de toda a sua criação. Nos ensina a relacionar melhor com os outros porque entendemos que não somos melhores que ninguém, apenas somos diferentes uns dos outros. Entendemos que as diferenças são necessárias, pois elas significam diversidade e as diversidades são fundamentais para a vida. É a nossa faculdade de avaliar os seres e as coisas, podendo assim, julgá-las da forma mais precisa e mais próxima da verdade. Com o entendimento podemos emitir juízos de valor, formular nossas opiniões e chegar a um consenso sobre determinada coisa. O entendimento das coisas nunca chega a um fim. Se elas mudam e se recriam constantemente, não é possível que a entendamos por completo. Isso exige que o nosso entendimento seja, igualmente, algo em constante mutação. Dizer que conhecemos as coisas na sua totalidade é a prova mais cabal do nosso desconhecimento ou da nossa ignorância. O entendimento é um dom do Espírito Santo dado a nós para entender, espiritualmente, os sinais da presença de Deus nas relações humanas e em todos os seus desdobramentos. Encontramos, na Bíblia, tanto no antigo como no Novo Testamento, referências ao entendimento enquanto dom do Espírito, junto com os demais dons, como, por exemplo, em Isaías (11, 1-5), na primeira Carta de Paulo aos Coríntios (12, 4-11) e na Carta aos Romanos (12, 6-8). Em todos esses casos o entendimento aparece vinculado ao dom da sabedoria e, às vezes, com outras nomenclaturas, como discernimento, ensino, inteligência, entre outras. Este dom nos leva a entender e a compreender as verdades da salvação, reveladas nas Sagradas Escrituras e nos ensinamentos da Igreja e, a partir disso, melhorar nossos relacionamentos, sendo mais amigo, mais solidário, agindo com mais gratuidade e menos interesse, enfim, promovendo a paz e a concórdia entre todos. Quando entendemos os propósitos dos mistérios de Deus e o colocamos em prática, mudamos radicalmente nossa maneira de ser e de agir. Todos perceberão que o dom do entendimento é parte integrante de nosso ser, pois é ele que nos concede discernir a realidade e tomar decisões acertadas. Enfim, o dom do entendimento significa não apenas o uso da razão, mas a ciência do coração que ajuda a contrabalançar nossas atitudes e decisões, fazendo com que elas sejam tão humanas que tenha algo de divino. Entender significa ver com o olhar do coração, porém, passando pelo filtro da razão. É sentir e conhecer os sentimentos e as atitudes da mente e do coração das outras pessoas. Aprendemos a tirar uma lição de tudo o que acontece na nossa vida e ajudamos os outros a fazerem o mesmo. Quando agimos assim, estamos também exercitando um outro dom, o conselho. 

3) Conselho: 
O dom conselho não significa apenas o dom de dar ou receber conselhos, mas, sobretudo, o dom de saber discernir caminhos, saber orientar e escutar, animar a si e os outros, enfim, saber alentar a fé e esperança. É o dom de orientar e ajudar quem precisa. Fazemos isso quando dialogamos fraternalmente com os outros. Quando ajudamos os outros a encontrar as melhores soluções para os seus problemas. Quando a nossa conversa franca e sincera aponta luzes na escuridão das incertezas de nossos semelhantes. Quando animamos os abatidos, alegramos os tristes, ajudamos a recobrar o ânimo dos que estão desanimados. Enfim, quando ajudamos a transfigurar uma série de situações que necessitam de mudanças. Quem nunca deparou em sua vida com alguma situação difícil, de dúvidas e incertezas, de desânimo e falta de perspectiva? Nesses momentos deve entrar em ação o dom do conselho cuja função é recobrar o ânimo, anunciando a esperança. É uma espécie de dom profético que, recebido no batismo, nos faz participantes da missão profética de Cristo. O dom do conselho, também conhecido como dom da prudência, nos faz discernir corretamente o que convém dizer e o que convém fazer nas diversas circunstâncias da vida, conformando-a de acordo com o que Deus quer de nós. Ele nos orienta no processo de santificação porque nos ajuda a buscar sempre as coisas de Deus, agindo com cautela e segurança em todas as circunstâncias. É, na verdade, aquele dom que deveríamos usar em todo momento porque em todo momento temos que tomar decisões. Tudo o que fazemos na vida é resultado de decisões. Ele nos faz saber com segurança o que convém e o que não convém dizer, fazer ou mesmo pensar, nas diversas circunstâncias da vida. Pessoas que agem guiadas por esse dom tendem a acertar nas suas decisões porque ele é o dom que nos dá confiança nas nossas ações e dissipam os medos. Ele nos orienta a confiar mais em Deus e em nós mesmos e agir com serenidade. Enfim, o dom do conselho é um dom desencadeador de outros dons, como, por exemplo, o dom da fortaleza. 

4. Fortaleza: 
Ser forte diante das dificuldades, enfrentando-as com coragem, sem desanimar é uma manifestação do dom da fortaleza. Precisamos dele constantemente para viver. Quem é forte, no sentido de fazer uso do dom da fortaleza, assumi com alegria os deveres que a vida lhes impõe e ainda encontra tempo para realizar com maestria seus sonhos e projetos. Quando o dom da fortaleza está sendo colocado em prática, são vários os sinais que obtemos como resposta: resistimos com mais facilidade as seduções; enfrentamos com prudência e coragem os riscos nos nossos empreendimentos, enfim, quando temos certeza que estamos fazendo a coisa certa, não tememos as conseqüências, não nos amedrontamos diante de ameaças e perseguições. O dom da fortaleza é conhecido também como dom da coragem e coragem não é atributo apenas dos grandes heróis, das pessoas que se destacaram numa batalha, numa causa, numa missão ou qualquer outro empreendimento. É aquela força que brota de dentro de nós no cotidiano da vida, resultado de nossa humildade, e nos ajuda a atravessar incólumes os momentos mais difíceis. Pessoas fortes, no sentido de ser portadora do dom da fortaleza, não são simplesmente as que têm a aparência física de forte, força física adquirida através de treino nas academias, mas as que têm aquela força que vem do seu interior, permitindo que atravesse as mais difíceis situações sem se esmorecer ou abalar, ou sem se abalar demasiadamente. Ele é, além do “motor” do nosso crescimento, o que proporciona o nosso desenvolvimento em todos os sentidos. Na Bíblia o dom da fortaleza aparece em diversos momentos e situações e em todos com a função de superação de obstáculos e de limites, algo que impulsiona a ir além. A fortaleza aparece associada à capacidade de perseverar, a paciência e a tenacidade. Ele nos dá confiança, segurança, não nos deixa desistir, haja o que houver. Com ele somos capacitados a enfrentar duras provas, sempre cientes e conscientes da possibilidade da vitória. 

5. Ciência: 
É o dom que nos faz conhecer as coisas criadas nas suas relações com o Criador. O dom de saber explicar a Palavra de Deus, as doutrinas da Igreja nela fundamentadas e aplicá-las no cotidiano da vida, fazendo com que o verbo de Deus se encarne na realidade humana, conferindo-lhe sentido e significado. Podemos dizer que é o método do processo de santidade. Os santos foram aqueles que mais souberam fazer uso do dom da ciência. O dom da ciência nos ensina a despojarmos de muita coisa e viver somente pelas que são essenciais e eternas. O dom da ciência nos faz ver o sofrimento e a humilhação de maneira nova e nos faz sair dele mais fortalecidos, mais semelhantes ao criador, brilhando em nós uma centelha do esplendor divino, purificada pela dor. O dom da ciência nos ensina a lidar com a dor, com o sofrimento, com a humilhação de maneira nobre e a vivê-los com dignidade. Nos ensina a fazer dos limões que a vida nos oferece, saborosas limonadas e das pedras do caminho, lindos castelos. O dom da ciência nos dá sensibilidade para compreender a realidades, interpretar os sinais dos tempos e agir da maneira mais adequada possível. Ter o dom da ciência é estar ciente daquilo que é bom ou não. É agir com a confiança de se estar fazendo o bem e o bem é tudo aquilo que promove a vida em todas as suas dimensões, fazendo com que as pessoas vivam feliz. 

6. Piedade: 
Piedade é aquele dom que nos faz, a exemplo de Cristo, mansos e humildes de coração. As pessoas piedosas, ou que vivem o dom da piedade, são aquelas que se compadecem do sofrimento alheio. Portanto, piedade é o mesmo que misericórdia e compaixão. Mais que um sentimento ou uma prática externa, piedade é um modo de ser que nos faz tão humanos que revela o divino que existe em nós. Piedade é fazer do sofrimento alheio o nosso próprio sofrimento, é o mesmo que compaixão. O dom da piedade aprimora em nós as virtudes, como, por exemplo, a virtude da caridade e da justiça. Elas dependem do dom da piedade. Quem não exercita esse precioso dom, dificilmente vai praticar tais virtudes. Pelo dom da piedade procuramos fazer para o outro tudo aquilo que gostaríamos que os outros fizessem a nós. O dom da piedade faz parte do processo de santificação. Ele pode se manifestar a qualquer momento, inclusive naqueles em que, aparentemente, estamos necessitados da piedade ou da compaixão de outros e de Deus. Esse dom nos faz diferentes, faz-nos gratuitos nas nossas relações, nos ensina a perdoar, faz-nos pessoas melhores, mais nobres e, sobretudo, mais felizes. Revoluciona o nosso campo de ralações que ajudam a promover uma sociedade mais justa e fraterna, não pautadas na vingança, nem no “olho por olho, dente por dente”, mas na prática da misericórdia e da piedade. Enfim, o dom da piedade nos coloca em sintonia com Deus. É o dom da intimidade de filhos com o Pai porque nos orienta de forma divina às relações humanas que temos com Deus e com o próximo, tornando-as mais profundas e perfeitas. O dom de piedade não nos incita apenas a cumprirmos com nossos deveres religiosos, mas leva-os também a experimentar o amor fraterno para com todos os nossos semelhantes. 

7. Temor de Deus: 
Esse é o dom que nos ensina a respeitar a Deus no seu mistério profundo, inatingível a nossa limitada compreensão. Não significa ter medo de Deus, como muito podem imaginar, mas amá-lo sobre todas as coisas, porém, cientes de que nunca o amaremos como Ele merece. O temor de Deus nos faz reconhecê-lo como ser supremo, insondável, ao mesmo tempo acessível e inacessível. Acessível no sentido de que Ele está sempre do nosso lado, sempre pronto a socorrer-nos nas nossas reais necessidades, porém inacessível na compreensão de seus mistérios. Assim, o dom do temor é o dom da prudência e da humildade. Prudência em lidar com as coisas sagradas, respeitando-as como extensão dos mistérios divinos, humildade em reconhecer nossos limites diante da grandeza de Deus. O dom do temor de Deus nos ensina a não fazer de Deus um mero cumpridor das nossas vontades. Teme verdadeiramente a Deus aquele que consegue concebê-lo além dos limites da sua compreensão. Temer a Deus é ter consciência que a nossa inteligência, por mais aguçada que seja, jamais vai poder desvendar os seus mistérios. O temor de Deus nos coloca no nosso lugar enquanto criaturas. Seres dotados de dons e talentos, virtudes capazes de fazer grandes coisas, muito mais do que imaginamos, porém nada que supere a capacidade do criador.
Prof. Dr. José Carlos Pereira