Histórico

A Paróquia Santo André, foi desmembrada da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, fundada em 20 de junho de 1971, tem como padroeiro o Apóstolo André, santo que a Igreja celebra sua memória no dia 30 de novembro, data de seu martírio. No dia 30 de novembro de 2014, Dom Redovino Rizzardo elevou à qualidade de paróquia, nomeando o primeiro pároco, o Padre Otair Nicoletti. A equipe de Coordenação do Conselho Comunitário de Pastoral - CCP está formada pelas seguintes pessoas: Coordenação: Laudelino Vieira, Paulo Crippa; Assuntos Econômicos: José Zanetti, Valter Claudino; Secretaria: Marcus Henrique e Naiara Andrade.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

FORMAÇÃO: ENCONTRO COM CATEQUSTAS

FORMAÇÃO: A PASTORAL URBANA

PRIORIDADES: PASTORAL DA VISITAÇÃO



O Fenômeno religioso e o homem urbano
?   Mudanças rápidas e profundas na sociedade romperam com as visões hegemônicas da realidade;
?   O universo simbólico unitário da cristandade cedeu lugar a interpretações pluralistas;
?   O desenvolvimento tecnológico, da economia, da cultura, das idéias, pautado pelo secularismo, acaba por negar a ação de Deus na história.

Consequencias
?     Relativismo;
?     Sociedade não-coesa;
?     Diferentes práticas sociais e religiosas;
?     Idéia de que todas as religiões são iguais, porque todas buscam a Deus;
?     Descrença;
?     Indiferentismo;
?     Sociedade consumista, calculista e imediatista;
?     Esvaziamento das utopias e do convívio com as pessoas;
?     Religiosidade individualista e utilitarista;
?     Religião como produto a mais no mercado;
?     Religião como serviço de tranqüilizamento interior, sucesso, curas e bem estar pessoal;
?     Cultura fragmentada e carente de sonhos.

Desafios para nós Católicos
?     Descobrir novas formas e métodos de anunciar o evangelho de modo dinâmico e vivo para todos que procuram na transcendência o sentido da vida;
?    Desenvolver uma ação pastoral que responda as exigências do homem urbano nos diferentes espaços sociais;
?    Revisar as Pastorais e as Paróquias, ampliando e aprofundando a comunicação interna e externa no diálogo, anúncio, serviço e testemunho de comunhão.

O que é o Ministério da Visitação?
É um serviço: serviço de Evangelização que a Igreja quer realizar. É fazer visitas de casa em casa para conhecer a realidade das pessoas e das famílias, ouvi-las e anunciar a Pessoa e o Evangelho de Jesus Cristo nas casas.

Quais são os objetivos?
?     Conhecer a realidade das famílias, também quanto a sua prática religiosa ou não.
?     Escutar as pessoas, solidarizar-se com elas e testemunhar a fé e a esperança.
?     Cativar as pessoas, sobretudo os católicos não praticantes, para uma maior participação.
? Criar um intercâmbio de solidariedade, fraternidade e de conhecimento mútuo entre pastorais, movimentos dentro e fora da comunidade, paróquia e forania.
?  Ser presença como igreja em diversos ambientes (escolas, entidades sociais, organizações socias, políticas, associações e conselhos)

O que justifica o Ministério da Visitação?
A fé cristã nos convoca a uma vida de comunidade. Hoje há uma forte tendência das pessoas se isolarem e caírem no individualismo.2/3 dos católicos têm prática religiosa rara ou nula. Muitos frequentam mais de uma religião.
Muitos têm pouca formação catequética.Há os "afastados" e os "indiferentes".
A Igreja não atinge por sua pastoral tradicional a uma grande parte das famílias.

Fundamentação Bíblica:
?     Abraão recebe a visita de três jovens (Gn 18,1-15)
?     Maria recebe a visita do anjo Gabriel  (Lcl,26ss)
?     Isabel é visitada por Maria (Lc 1,39-45)
?     Zaqueu: "Desce depressa, que eu quero ficar em tua casa". (Lc 19,1-10)
?     Casa de Marta, Maria e Lázaro (Jo 12,2ss)
?     Jesus disse aos apóstolos:" Em toda casa que entrardes, dizei: "A Paz esteja nesta casa".(Lc 10,5)
?    Hebreus: "Não esqueçais da hospitalidade, pois graças a ela, alguns hospedaram anjos sem o perceber". Hb. 13, 2

Fundamentação Pastoral
?     “Nossa maior ameaça é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez”. DA 12
?     “Encontramo-nos diante do desafio de revitalizar nosso modo de ser católico e nossas opções pelo Senhor” DA 13
?     “A missão da Igreja é Evangelizar”. DA 30
?     “O amadurecimento no seguimento de Jesus e a paixão por anunciá-lo requerem que a Igreja particular se renove constantemente em sua vida e ardor missionário”. DA 167
?     A Diocese, em todas as suas comunidades e estruturas, é chamada a ser ´Comunidade missionária´. DA 168
?     “Cada Diocese precisa fortalecer sua consciência missionária, saindo ao encontro dos que ainda não crêem em Cristo no espaço de seu próprio território e responder adequadamente aos grandes problemas da sociedade na qual está inserida. Mas também, com espírito materno, é chamada a sair em busca de todos os batizados que não participam da vida das comunidades”.DA 168
?     “Todas as nossas paróquias se tornem Missionárias” DA 173

Constituição de uma equipe de coordenação para visitadores missionários
?   Preparar os visitadores; “Os melhores esforços das paróquias neste início do 3º. Milênio dever estar na convocação e formação de leigos missionários”. DA 174
?   Fazer o mapeamento das casas;
?   Animar, apoiar e ajudar os visitadores em sua missão

Escolha dos visitadores
?     Não basta um convite geral na Igreja. Deve haver convites pessoais.
?     É necessário que o visitador atenda aos seguintes critérios:
?     Que sinta que é um chamado do próprio Cristo;
?     Que desenvolva o trabalho com alegria;
?     Que tenha disposição ao diálogo e à comunhão;
?     Que saiba enfrentar as situações conflitivas com maturidade;
?     Que saiba lidar com o diferente, com as dificuldades que aparecem;
?     Que participe de todas as etapas de preparação do projeto;
?     Que se prepare espiritualmente pela oração e Palavra de Deus;
?     Que tenha conhecimento sobre as verdades da nossa fé;
?     Que saiba dar as informações básicas sobre a Paróquia.

Formação dos visitadores missionários
O Discípulo nasce pelo fascínio do encontro com Cristo e se desenvolve pela força da atração que permanece na experiência de comunhão dos discípulos de Jesus.
Devemos partir sempre de “um encontro pessoal, cada vez maior, com Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito homem, experimentado como plenitude da humanidade” (DA 289)
Essa foi a maravilhosa experiência daqueles primeiros discípulos que encontrando Jesus, ficaram fascinados e cheios de assombro, coincidindo com a fome e sede de vida que havia em seus corações. Tudo começa com uma pergunta: “que procuram?” (Jo 1,38)
Segue um convite de viver uma experiência: “venham e verão” (Jo 1,39)

Aspectos da Formação dos Discípulos Missionários
1º. O encontro com Jesus Cristo;
2º. A conversão;
3º. O discipulado;
4º. A comunhão;
5º. A Missão.

Eixos Pastorais na Formação dos Discípulos Missionários
1º. A experiência religiosa;
2º. A vivência comunitária;
3º. A formação bíblico-doutrinal;
4º. O compromisso missionário de toda a comunidade;

A espiritualidade dos Discípulos Missionários
1º. A escuta da Palavra de Deus;
2º. A Participação na Eucaristia;
3º. A oração generosa aberta a Deus;
4º. O abandono ao Espírito;
5º. A doação de si mesmo no serviço missionário aos demais.

Diversas formas de visitas
?     Visitas às pessoas que não participam da comunidade – Visitar / Ir ao encontro
?     Visitas às pessoas que chegam para morar no bairro ou as que se mudarão
?     Visitas às famílias por ocasião de nascimento de filhos(as)
?     Visitas às pessoas por ocasião de aniversários – dizimistas, etc
?     Visitas aos doentes (físicas/mentais)
?     Visitas às famílias enlutadas
?     Visitas às casais separados
?     Visitas às famílias vítimas da violência
?     Visitas às famílias que passam por problemas financeiros, materiais, etc.
?     Visitas às pessoas com necessidades emocionais (alegrias, tristezas, depressão, amor...)
?     Necessidades de relacionamentos (reconhecido, valorizado, amado e...)
?     Visitas às pessoas com necessidades Espirituais
?     Visitas às “famílias afastadas” da igreja e da vida comunitária
?     Visitas às Escolas, UniversidadesT
?     Visitas às Entidades Sociais
?     Visitas a locais de trabalho
?     Visitas a presídios ou penitenciarias;
?     Visitas aos idosos, aos portadores de necessidades especiais
?     Visitas às famílias que tem membros fora da Cidade / Estado / País
?     Visitas a Hospitais e Clínicas (paroquianos)
?  Convidar as pessoas para a missa, grupo de oração, pastoral, movimentos e equipes de serviços – Jornal do Bairro
?     Uma Comunidade visitar a outra, um grupo ou pastoral visitar a outro grupo na comunidade
?     A coordenação do Conselho (CCP) visitar os grupos da sua comunidade
?     Etc.

LITURGIA: 3º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO B


TEMA 
Jesus ressuscitou verdadeiramente? Como é que podemos fazer uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado? Como é que podemos mostrar ao mundo que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação? É, fundamentalmente, a estas questões que a liturgia do 3° Domingo da Páscoa procura responder. 
O Evangelho assegura-nos que Jesus está vivo e continua a ser o centro à volta do qual se constrói a comunidade dos discípulos. É precisamente nesse contexto eclesial - no encontro comunitário, no diálogo com os irmãos que partilham a mesma fé, na escuta comunitária da Palavra de Deus, no amor partilhado em gestos de fraternidade e de serviço - que os discípulos podem fazer a experiência do encontro com Jesus ressuscitado. Depois desse "encontro", os discípulos são convidados a dar testemunho de Jesus diante dos outros homens e mulheres. 
A primeira leitura apresenta-nos, precisamente, o testemunho dos discípulos sobre Jesus. Depois de terem mostrado, em gestos concretos, que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação, Pedro e João convidam os seus interlocutores a acolherem a proposta de vida que Jesus lhes faz. 
A segunda leitura lembra que o cristão, depois de encontrar Jesus e de aceitar a vida que Ele oferece, tem de viver de forma coerente com o compromisso que assumiu. Essa coerência deve manifestar-se no reconhecimento da debilidade e da fragilidade que fazem parte da realidade humana e num esforço de fidelidade aos mandamentos de Deus.

LEITURA I - At 3,13-15.17 -19
Naqueles dias, Pedro disse ao povo: 
«O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, o Deus de nossos pais, 
glorificou o seu Servo Jesus, 
que vós entregastes e negastes na presença de Pilatos, estando ele resolvido a soltá-I'O. 
Negastes o Santo e o Justo 
e pedistes a libertação dum assassino; matastes o autor da vida, 
mas Deus ressuscitou-O dos mortos, e nós somos testemunhas disso. 
Agora, irmãos, eu sei que agistes por ignorância, como também os vossos chefes. 
Foi assim que Deus cumpriu o que de antemão tinha anunciado pela boca de todos os Profetas: 
que o seu Messias havia de padecer. Portanto, arrependei-vos e convertei-vos, 
para que os vossos pecados sejam perdoados».

AMBIENTE 
A primeira leitura do 3° Domingo da Páscoa situa-nos em Jerusalém, à entrada do Templo. Pedro e João (esta "dupla" aparece, frequentemente associada na primeira parte do Livro dos Atos dos Apóstolos - cf. At 4,7-8.13.19) tinham subido ao Templo para a oração da "hora nona" (três da tarde). Um homem, coxo de nascença, que estava à entrada do Templo a mendigar (junto da porta "chamada Formosa"), dirigiu¬se aos dois apóstolos e pediu-lhes esmola. Pedro avisou-o de que não tinha "ouro nem prata" para lhe oferecer; mas, "em nome de Jesus Cristo Nazareno", curou-o. "Cheia de assombro e estupefata", a multidão reuniu-se "sob o chamado pórtico de Salomão" para ouvir da boca de Pedro a explicação para o estranho facto (cf. At 3,1- 11). O "assombro" e a "estupefação" traduzem o estado daqueles que testemunham a ação de Deus manifestada através dos apóstolos; é a mesma reacção com que as multidões acolheram os gestos libertadores realizados por Jesus. A ação dos apóstolos aparece, assim, na continuidade da ação de Jesus. O nosso texto é parte do discurso que, segundo Lucas, Pedro teria feito à multidão (cf. At 3,12-26). 
Nas figuras de Pedro e João, Lucas apresenta-nos o testemunho da primitiva comunidade de Jerusalém, apostada em continuar a missão de Jesus e em apresentar aos homens o projeto salvador de Deus. Lucas está convencido de que esse testemunho se concretiza, não só através da pregação, mas também da ação dos discípulos. As palavras e os gestos das "testemunhas" de Jesus mostram como o mundo muda quando a salvação chega e como o homem escravo passa a ser um homem livre. O "testemunho" dos discípulos irá provocar, naturalmente, a oposição daqueles que, instalados nos velhos esquemas, recusam os desafios de Deus. Por isso os discípulos de Jesus, arautos desse mundo novo, irão conhecer a perseguição (cf. At 4,1-22).

MENSAGEM 
Pedro, dirigindo-se aos israelitas, dá-lhes a entender que o gesto libertador que beneficiou o homem coxo foi realizado em nome de Jesus. Ele mostra que o projeto de Jesus continua a realizar-se e demonstra que Jesus está vivo. Enquanto percorreu os caminhos da Palestina, Jesus manifestou, em gestos concretos, a presença da salvação de Deus entre os homens e se essa salvação continua a derramar-se sobre os homens doentes e privados de vida e de liberdade, é porque Jesus continua presente, oferecendo aos homens a vida nova e definitiva. Os discípulos são os agentes através dos quais Jesus continua a sua obra libertadora e salvadora no mundo. 
No seu "testemunho", Pedro começa por se referir aos dramáticos acontecimentos que culminaram na morte de Jesus, explicando-os como o resultado da rejeição da proposta salvadora de Deus por parte dos israelitas e Deus ofereceu-lhes a vida e eles escolheram a morte; preferiram preservar a vida de alguém que trouxe morte e condenar à morte alguém que oferecia a vida ("negastes o Santo e o Justo e pedistes a libertação de um assassino. Destes a morte ao Príncipe da vida"- verso 14-15a). Deus, no entanto, ressuscitou Jesus, demonstrando como a proposta que Jesus veio apresentar é uma proposta geradora de vida. A ressurreição de Jesus é a prova de que o projeto de Deus - projecto apresentado por Jesus e que os israelitas rejeitaram - é uma proposta geradora de vida e de vida que a morte não pode vencer (vers. 15b). Estará tudo terminado para Israel? O Povo não terá mais oportunidade de corrigir a sua má escolha e de fazer uma nova opção, uma opção pela vida? A oferta de Deus terá caducado, face à intransigência dos chefes de Israel em acolher os dons de Deus? 
Não. Pedro "sabe" (e se Pedro "sabe" é porque Deus também o sabe) que o Povo agiu por ignorância. O comportamento do Povo, em geral, e dos líderes judaicos, em particular, face a Jesus tem, pois, atenuantes. Na legislação religiosa de Israel, as faltas "involuntárias" tinham um tratamento especial e mereciam um tratamento diferente das faltas "voluntárias" (cf. Lv 4). Assim Deus, na sua imensa bondade, continua a oferecer ao seu Povo a possibilidade de corrigir as suas opções erradas e de escolher a vida, aderindo a Jesus e ao projeto por Ele apresentado. A prova disso é que o homem coxo recebeu de Deus o dom da vida. 
O que é preciso fazer para que essa oferta de salvação que Deus continua a fazer se torne efetiva? É necessário "arrepender-se" e "converter-se". Estes dois verbos definem o movimento de reorientar a vida para Deus, de forma a que Deus passe a estar no centro da vida do homem e o homem passe a "dar ouvidos" às propostas de Deus e a viver de acordo com os projetos de Deus. Ora, uma vez que Cristo é a manifestação de Deus, "arrepender-se" e "converter-se" significa aderir à pessoa de Cristo, crer n'Ele, acolher o projeto que Ele traz, entrar no Reino que Ele anuncia e propõe. Os israelitas podem, portanto, "apanhar a carruagem" da salvação, se deixarem a sua auto-suficiência, os seus preconceitos, o seu comodismo (que os levaram a rejeitar as propostas de Deus) e se aderirem a Jesus e à vida que Ele continua a propor (através do testemunho dos discípulos).

ATUALIZAÇÃO 
• Para os cristãos, Jesus não é uma figura do passado, que a morte venceu e que ficou sepultado no museu da história; mas é alguém que continua vivo, sempre presente nos caminhos do mundo, oferecendo aos homens uma proposta de vida verdadeira, plena, eterna. Como é que os nossos irmãos que caminham ao nosso lado podem descobrir que Jesus está vivo e fazer uma experiência de encontro com Cristo ressuscitado? Através de documentos históricos que demonstrem cientificamente a realidade da ressurreição? Para Lucas, o fator decisivo para que os homens descubram que Cristo está vivo é o testemunho dos discípulos. Jesus está vivo e apresenta-se aos homens do nosso tempo nos gestos de amor, de partilha, de solidariedade, de perdão, de acolhimento que os cristãos são capazes de fazer; Jesus está vivo e atua hoje no mundo, quando os cristãos se comprometem na luta pela paz, pela justiça, pela liberdade, pelo nascimento de um mundo mais humano, mais fraterno, mais solidário; Jesus está vivo e continua a realizar aqui e agora o projeto de salvação de Deus, quando os seus cristãos oferecem aos coxos a possibilidade de avançar em direção a um futuro de esperança, oferecem aos que vivem nas trevas a capacidade de encontrar a luz e a verdade, oferecem aos prisioneiros a possibilidade de ter voz e de decidir livremente o seu futuro. Os meus gestos anunciam aos irmãos com quem me cruzo nos caminhos deste mundo que Cristo está vivo? 
• A existência humana é uma busca incessante de vida - de vida eterna, plena, verdadeira. Essa busca, contudo, nem sempre se desenrola em caminhos fáceis e lineares. Por vezes é cumprida num caminho onde o homem tropeça com equívocos, com falhas, com opções erradas. Daquilo que parece ser garantia de vida gera morte; e aquilo que parece ser fracasso e frustração é, afinal, o verdadeiro caminho para a vida. Lucas garante-nos, neste texto, que a proposta que Jesus veio apresentar é uma proposta geradora de vida, apesar de passar pelo aparente fracasso da cruz. É de vida vivida na doação, na entrega, no amor total a Deus e aos irmãos, a exemplo de Jesus, que brota a vida eterna e verdadeira para nós e para aqueles que caminham ao nosso lado. 
• O apelo ao arrependimento e à conversão que aparece no discurso de Pedro lembra-nos essa necessidade contínua de reequacionarmos as nossas opções, de deixarmos os caminhos de egoísmo, de orgulho, de comodismo, de auto¬suficiência em que, por vezes, se desenrola a nossa existência. É preciso que, em cada instante da nossa vida, nos convertamos a Jesus e aos seus valores, numa disponibilidade total para acolhermos os desafios de Deus e a sua proposta de salvação.

SALMO RESPONSORIAL - Salmo 4 
Refrão: Fazei brilhar sobre nós, Senhor, A luz do vosso rosto. 
Quando Vos invocar, ouvi-me, ó Deus de justiça. Vós que na tribulação me tendes protegido, compadecei-vos de mim 
e ouvi a minha súplica. 
Sabei que o Senhor faz maravilhas pelos seus amigos, o Senhor me atende quando O invoco. 
Muitos dizem: «Quem nos fará felizes?» 
Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa face. 
Em paz me deito e adormeço tranquilo, 
porque só Vós, Senhor, me fazeis repousar em segurança.

LEITURA II - 1 Jo 2,1-5a 
Meus filhos, 
escrevo-vos isto, para que não pequeis. Mas se alguém pecar, 
nós temos Jesus Cristo, o Justo, como advogado junto do Pai. 
Ele é a vítima de propiciação pelos nossos pecados, 
e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro. E nós sabemos que O conhecemos, 
se guardamos os seus mandamentos. 
Aquele que diz conhecê-l'O 
e não guarda os seus mandamentos 
é mentiroso e a verdade não está nele. Mas se alguém guardar a sua palavra, nesse o amor de Deus é perfeito.

AMBIENTE 
A liturgia do terceiro Domingo da Páscoa continua a propor à nossa consideração a primeira Carta de João. 
Já vimos no passado domingo que este escrito de tom polêmico - destinado provavelmente às comunidades cristãs da parte ocidental da Ásia Menor - procura combater doutrinas heréticas pré-gnósticas e apresentar aos cristãos o caminho da autêntica vida cristã. 
Os adeptos das heresias em causa pretendiam "conhecer Deus" (1 Jo 2,4), "ver Deus" (1 Jo 3,6), viver em comunhão com Deus (1 Jo 2,3) e, não obstante, apresentavam uma doutrina e uma conduta em flagrante contradição com a revelação cristã. Recusavam-se a ver em Jesus o Messias (cf. 1 Jo 2,22), o Filho de Deus (cf. 1 Jo 4,15) e recusavam a encarnação (cf. 1 Jo 4,2). Para estes hereges, o Cristo celeste tinha-se apropriado do homem Jesus de Nazaré na altura do batismo (cf. Jo 1,32-33), tinha-O utilizado para levar a cabo a revelação e tinha-O abandonado antes da paixão, porque o Cristo celeste não podia padecer. As doutrinas destes hereges punham em causa a teologia da encarnação e a cristologia cristã. 
O comportamento moral destes hereges não era menos repreensível: pretendiam não ter pecados (cf. 1 Jo 1,8.10) e não guardavam os mandamentos (cf. 1 Jo 2,4), em particular o mandamento do amor fraterno (cf. 1 Jo 2,9). 
São estas pretensões que o texto que hoje nos é proposto denuncia. Quem diz que não comete pecados, é mentiroso; e, ao mesmo tempo, faz Deus mentiroso e que necessidade teria Deus de enviar ao mundo o seu Filho com uma proposta de salvação, se o pecado não fosse uma realidade universal (cf. 1 Jo 1,8-1 O)?

MENSAGEM 
Na primeira parte do nosso texto (vers. 1-2), o autor critica veladamente esses hereges que consideravam não ter pecados e sugere aos cristãos a atitude correta que Deus espera de cada crente, a propósito desta questão. 
O cristão é chamado à santidade e a viver uma vida de renúncia ao pecado. Deus chama-o a rejeitar o egoísmo, a auto-suficiência, a injustiça, a opressão (trevas) e a escolher a luz. No entanto, o pecado é uma realidade incontornável, que resulta da fragilidade e da debilidade do homem. O cristão deve ter consciência desta realidade e reconhecer o seu pecado. Não fazer isto é fechar-se na auto-suficiência, é recusar a salvação que Deus oferece (quem sente que não tem pecado, também não sente a necessidade de ser salvo) e é, portanto, "pecar". 
O cristão é aquele que reconhece a sua fragilidade, mas não desespera. Ele sabe que Deus lhe oferece a sua salvação e que Jesus Cristo é o "advogado" (literalmente, "parakletos", que podemos traduzir por "defensor") que o defende. Ele veio ao mundo para eliminar o pecado - o pecado de todos os homens. 
Na segunda parte do nosso texto (vers. 3-5a), o autor da carta refere-se à pretensão dos hereges de conhecer a Deus, mas sem se preocuparem em guardar os seus mandamentos. Na linguagem bíblica, "conhecer Deus" não é ter de Deus um conhecimento teórico e abstrato, mas é viver em comunhão íntima com Deus, numa relação pessoal de proximidade, de familiaridade, de amor sem limites. Ora, quem disser que mantém uma relação de proximidade e de comunhão pessoal com Deus, mas não quer saber das suas propostas e indicações para nada, está a mentir. Não se pode amar e não considerar as propostas da pessoa que se ama. O "conhecer Deus" exige atitudes concretas que passam pelo escutar, acolher e viver as propostas de salvação que Deus faz, através de Jesus.

ATUALIZAÇÃO 
• A questão fundamental que o nosso texto põe é a da coerência de vida. O cristão é uma pessoa que aceitou o convite de Deus para escolher a luz e que tem de viver, dia a dia, de forma coerente com o compromisso que assumiu. Não pode comprometer-se com Deus e conduzir a sua vida por caminhos de orgulho, de auto-suficiência, de indiferença face a Deus e às suas propostas. A vida do crente não pode ser uma vida de "meias-tintas", de comodismo, de opções volúveis, de oportunismos, mas tem de ser uma vida consequente, comprometida, exigente. Na minha vida procuro viver, com coerência e honestidade, os meus compromissos com Deus e com os meus irmãos, ou deixo-me levar ao sabor da corrente, das situações, das oportunidades? 
• Essa coerência de vida deve manifestar-se no reconhecimento da debilidade e da fragilidade que fazem parte da realidade humana. O pecado não é algo "normal", para o crente (o pecado é sempre um "não" a Deus e às suas propostas e isso deve ser visto pelos crentes como uma "anormalidade"); mas é uma realidade que o crente reconhece e que sabe que está sempre presente ao longo da sua caminhada pelo mundo. Hoje, fala-se muito da falta de consciência do pecado tê falta de consciência do pecado cria homens insensíveis, orgulhosos e autosuficientes, que acreditam não precisar de Deus e da sua oferta de salvação. O autor da Carta de João convida-nos a tomar consciência da nossa realidade de pecadores, a acolher a salvação que Deus nos oferece, a confiar em Jesus, o "advogado" que nos entende (porque veio ao nosso encontro, partilhou a nossa natureza, experimentou a nossa fragilidade) e que nos defende. Reconhecer a nossa realidade pecadora não pode levar-nos ao desespero; tem de levar-nos a abrir o coração aos dons de Deus, a acolher humildemente a sua salvação e a caminhar com esperança ao encontro do Deus da bondade e da misericórdia que nos ama e que nos oferece, sem condições, a vida eterna. 
• A coerência que o autor da primeira Carta de João nos pede deve manifestar-se, também, na identificação entre a fé e a vida. A nossa religião não é uma bela teoria, separável da nossa vida concreta. É uma mentira dizer que se ama Deus e, na vida concreta, desprezar as suas propostas e conduzir a vida de acordo com valores que contradizem de forma absoluta a lógica de Deus. Um crente que diz amar Deus e, no dia a dia, cria à sua volta injustiça, conflito, opressão, sofrimento, vive na mentira; um crente que diz "conhecer Deus" e fomenta uma lógica de guerra, de ódio, de intransigência, de intolerância, está bem distante de Deus; um crente que diz ter "a sua fé" e recusa o amor, a partilha, o serviço, a comunidade, está muito longe dos caminhos onde se revela a vida e a salvação de Deus. A minha vida concreta, as minhas atitudes para com os irmãos que me rodeiam, os sentimentos que enchem o meu coração, os valores que condicionam as minhas ações, são coerentes com a minha fé?

ALELUIA - Lc 24,32 
Aleluia. Aleluia. 
Senhor Jesus, abri-nos as Escrituras, falai-nos e inflamai o nosso coração.

EVANGELHO - Lc 24,35-48 
Naquele tempo, 
os discípulos de Emaús 
contaram o que tinha acontecido no caminho 
e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. Enquanto diziam isto, 
Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». 
Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus: 
«Porque estais perturbados 
e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? 
Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; 
tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, 
Como vedes que Eu tenho». 
Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração, 
não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes: 
«Tendes aí alguma coisa para comer?» Deram-Lhe uma posta de peixe assado, 
que Ele tomou e começou a comer diante deles. Depois disse-lhes: 
«Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava convosco: 
'Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos'». 
Abriu-lhes então o entendimento 
para compreenderem as Escrituras 
e disse-lhes: 
«Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, 
e que havia de ser pregado em seu nome 
o arrependimento e o perdão dos pecados 
a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de todas estas coisas».


AMBIENTE 
o episódio que Lucas nos relata no Evangelho deste domingo situa-nos em Jerusalém, pouco depois da ressurreição. Os onze discípulos estão reunidos e já conhecem uma aparição de Jesus a Pedro (cf. Lc 24,34), bem como o relato do encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos de Emaús (cf. Lc 24,35). 
Apesar de tudo, o ambiente é de medo, de perturbação e de dúvida. A comunidade, cercada por um ambiente hostil, sente-se desamparada e insegura. O medo e a insegurança vêm do facto de os discípulos não terem, ainda, feito a experiência de encontro com Cristo ressuscitado. 
Nesta última secção do seu Evangelho, Lucas procura mostrar como os discípulos descobrem, progressivamente, Jesus vivo e ressuscitado. Ao evangelista não interessa tanto fazer uma descrição jornalística e fotográfica das aparições de Jesus aos discípulos; interessa-lhe, sobretudo, afirmar aos cristãos de todas as épocas que Cristo continua vivo e presente, acompanhando a sua Igreja, e que os discípulos, reunidos em comunidade, podem fazer uma experiência de encontro verdadeiro com Jesus ressuscitado. 
Para a sua catequese, Lucas vai utilizar diversas imagens que não devem ser tomadas à letra nem absolutizadas. Elas são, apenas, o invólucro que apresenta a mensagem. O que devemos procurar, neste texto, é algo que está para além dos pormenores, por muito reais que eles pareçam: é a catequese da comunidade cristã sobre a sua experiência de encontro com Jesus vivo e ressuscitado.

MENSAGEM 
A ressurreição de Jesus terá sido uma simples invenção da Igreja primitiva, ou um piedoso desejo dos discípulos, esperançados em que a maravilhosa aventura que viveram com Jesus não terminasse no fracasso da cruz e num túmulo escavado numa rocha em Jerusalém? 
É, fundamentalmente, a esta questão que Lucas procura responder. Na sua catequese, Lucas procura deixar claro que a ressurreição de Jesus foi um facto real, incontornável que, contudo, os discípulos descobriram e experimentaram só após um caminho longo, difícil, penoso, carregado de dúvidas e de incertezas. 
Todos os relatos das aparições de Jesus ressuscitado falam das dificuldades que os discípulos sentiram em acreditar e em reconhecer Jesus ressuscitado (cf. Mt 28,17; Mc 16,11.14; Lc 24,11.13-32.37-38.41; Jo 20,11-18.24-29; 21,1-8). Essa dificuldade deve ser histórica e significa que a ressurreição de Jesus não foi um acontecimento cientificamente comprovado, material, captável pela objectiva dos fotógrafos ou pelas câmaras da televisão. Nos relatos das aparições de Cristo ressuscitado, os discípulos nunca são apresentados como um grupo crédulo, idealista e ingénuo, prontos a aceitar qualquer ilusão; mas são apresentados como um grupo desconfiado, crítico, exigente, que só acabou por reconhecer Jesus vivo e ressuscitado depois de um caminho mais ou menos longo, mais ou menos difícil. 
O caminho da fé não é o caminho das evidências materiais, das provas palpáveis, das demonstrações científicas; mas é um caminho que se percorre com o coração aberto à revelação de Deus, pronto para acolher a experiência de Deus e da vida nova que Ele quer oferecer. Foi esse o caminho que os discípulos percorreram. No final desse caminho (que, como caminho pessoal, para uns demorou mais e para outros demorou menos), eles experimentaram, sem margem para dúvidas, que Jesus estava vivo, que caminhava com eles pelos caminhos da história e que continuava a oferecer-lhes a vida de Deus. Eles começaram a percorrer esse caminho com dúvidas e incertezas; mas fizeram a experiência de encontro com Cristo vivo e chegaram à certeza da ressurreição. É essa certeza que os relatos da ressurreição, na sua linguagem muito própria, procuram transmitir-nos. 

Na catequese de Lucas há elementos que importa pôr em relevo: 
1. Ao longo da sua caminhada de fé, os discípulos descobriram a presença de Jesus, vivo e ressuscitado, no meio da sua comunidade. Perceberam que Ele continua a ser o centro à volta do qual a comunidade se constrói e se articula. Entenderam que Jesus derrama sobre a sua comunidade em marcha pela história a paz (o "shalom" hebraico, no sentido de harmonia, serenidade, tranquilidade, confiança, vida plena - verso 36). 
2. Esse Jesus, vivo e ressuscitado, é o filho de Deus que, após caminhar com os homens, reentrou no mundo de Deus. O "espanto" e o "medo" com que os discípulos acolhem Jesus são, no contexto bíblico, a reacção normal e habitual do homem diante da divindade (vers. 37). Jesus não é um homem reanimado para a vida que levava antes, mas o Deus que reentrou definitivamente na esfera divina. 
3. As dúvidas dos discípulos dão conta dessa dificuldade que eles sentiram em percorrer o caminho da fé, até ao encontro pessoal com o Senhor ressuscitado. A ressurreição não foi, para os discípulos, um facto imediatamente evidente, mas uma caminhada de amadurecimento da própria fé, até chegar à experiência do Senhor ressuscitado (vers. 38). 
4. Na catequese/descrição de Lucas, certos elementos mais "sensíveis" e materiais (a insistência no "tocar" em Jesus para ver que Ele não era um fantasma - verso 39-40; a indicação de que Jesus teria comido "uma posta de peixe assado" - verso 41-43) são, antes de mais, uma forma de ensinar que a experiência de encontro dos discípulos com Jesus ressuscitado não foi uma ilusão ou um produto da imaginação, mas uma experiência muito forte e marcante, quase palpável. São, ainda, uma forma de dizer que esse Jesus que os discípulos encontraram, embora diferente e irreconhecível, é o mesmo que tinha andado com eles pelos caminhos da Palestina, anunciando-lhes e propondo-lhes a salvação de Deus. Finalmente, Lucas ensina também, com estes elementos, que Jesus ressuscitado não está ausente e distante, definitivamente longe do mundo em que os discípulos têm de continuar a caminhar; mas Ele continua, pelo tempo fora, a sentar-Se à mesa com os discípulos, a estabelecer laços de familiaridade e de comunhão com eles, a partilhar os seus sonhos, as suas lutas, as suas esperanças, as suas dificuldades, os seus sofrimentos. 
5. Jesus ressuscitado desvela aos discípulos o sentido profundo das Escrituras. A Escritura não só encontra em Jesus o seu cumprimento, mas também o seu intérprete. A comunidade de Jesus que caminha pela vida deve, continuamente, reunir-se à volta de Jesus ressuscitado para escutar a Palavra que alimenta e que dá sentido à sua caminhada histórica (vers. 44-46).
6. Os discípulos, alimentados por essa Palavra, recebem de Jesus a missão de dar testemunho diante de "todas as nações, começando por Jerusalém". O anúncio dos discípulos terá como tema central a morte e ressurreição de Jesus, o libertador anunciado por Deus desde sempre. A finalidade da missão da Igreja de Jesus (os discípulos) é pregar o arrependimento e o perdão dos pecados a todos os homens e mulheres, propondo-lhes a opção pela vida nova de Deus, pela salvação, pela vida eterna (vers. 47-48). 
Lucas apresenta aqui uma breve síntese da missão da Igreja, tema que ele desenvolverá amplamente no livro dos Atos dos Apóstolos.

ATUALIZAÇÃO
• Jesus ressuscitou verdadeiramente, ou a ressurreição é fruto da imaginação dos discípulos? Como é possível ter a certeza da ressurreição? Como encontrar Jesus ressuscitado? É a estas e a outras questões semelhantes que o Evangelho deste domingo procura responder. Com a sua catequese, Lucas diz-nos que nós, como os primeiros discípulos, temos de percorrer o nem sempre claro caminho da fé, até chegarmos à certeza da ressurreição. Não se chega lá através de deduções lógicas ou através de construções de carácter intelectual; mas chega-se ao encontro com o Senhor ressuscitado inserindo-nos nesse contexto em que Jesus Se revela - no encontro comunitário, no diálogo com os irmãos que partilham a mesma fé, na escuta comunitária da Palavra de Deus, no amor partilhado em gestos de fraternidade e de serviço. É nesse "caminho" que vamos encontrando Cristo vivo, atuante, presente na nossa vida e na vida do mundo. 
• É que Cristo continua presente no meio da sua comunidade em marcha pela história. Quando a comunidade se reúne para escutar a Palavra, Ele está presente e explica aos seus discípulos o sentido das Escrituras. Não sentimos, tantas vezes, a presença de Cristo a indicar-nos caminhos de vida nova e a encher o nosso coração de esperança quando lemos e meditamos a Palavra de Deus? Não sentimos o coração cheio de paz - a paz que Jesus ressuscitado oferece aos seus - quando escutamos e acolhemos as propostas de Deus, quando procuramos conduzir a nossa vida de acordo com o plano de Deus? 
• Jesus ressuscitado reentrou no mundo de Deus; mas não desapareceu da nossa vida e não se alheou da vida da sua comunidade. Através da imagem do "comer em conjunto" (que, para o Povo bíblico, significa estabelecer laços estreitos, laços de comunhão, de familiaridade, de fraternidade), Lucas garante-nos que o Ressuscitado continua a "sentar-se à mesa" com os seus discípulos, a estabelecer laços com eles, a partilhar as suas inquietações, anseios, dificuldades e esperanças, sempre solidário com a sua comunidade. Podemos descobrir este Jesus ressuscitado que se senta à mesa com os homens sempre que a comunidade se reúne à mesa da Eucaristia, para partilhar esse pão que Jesus deixou e que nos faz tomar consciência da nossa comunhão com Ele e com os irmãos. 
• Jesus lembra aos discípulos: "vós sois as testemunhas de todas estas coisas". Isto significa, apenas, que os cristãos devem ir contar a todos os homens, com lindas palavras, com raciocínios lógicos e inatacáveis que Jesus ressuscitou e está vivo? O testemunho que Cristo nos pede passa, mais do que pelas palavras, pelos nossos gestos. Jesus vem, hoje, ao encontro dos homens e oferece-lhes a salvação através dos nossos gestos de acolhimento, de partilha, de serviço, de amor sem limites. São esses gestos que testemunham, diante dos nossos irmãos, que Cristo está vivo e que Ele continua a sua obra de libertação dos homens e do mundo. 
• Na catequese que Lucas apresenta, Jesus ressuscitado confia aos discípulos a missão de anunciar "em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém". Continuando a obra de Jesus, a missão dos discípulos é eliminar da vida dos homens tudo aquilo que é "o pecado" (o egoísmo, o orgulho, o ódio, a violência) e propor aos homens uma dinâmica de vida nova.


Grupo Dinamizador 
Pe. Joaquim Garrido - Pe. Manuel Barbosa - Pe. Ornelas Carvalho 
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (dehonianos) Rua Cidade de Tete, 10 :: 1800-129 Lisboa - Portugal 
Tel: 218540900:: Fax: 218 540 909 
portugal@dehonianos.org :: www.dehonianos.org 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A CONVIVÊNCIA EM GRUPO

Um membro de um determinado grupo, sem nenhum aviso, deixou de participar dele.
Após algumas semanas, o líder do grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria. Encontrou-o em casa sozinho, sentado diante de um brilhante foto.
Supondo a razão da visita, o homem saudou-o e conduziu a uma cadeira da lareira, onde fumava seu tradicional palheiro.
- Aceita um palheiro, para espantar um pouco os mosquitos?
- Aceito! – disse-lhe prontamente o visitante.
O mestre examinou as brasas e cuidadosamente apanhou um tição de lenha, acendeu o seu palheiro e deixou o tição de lado, propositalmente. A conversa continuou sobre os mais diferentes assuntos e o tempo foi passando.
O anfitrião prestou atenção a tudo, e especialmente em relação ao foto que seu amigo utilizara para acender o fumo, e que não recolocara no braseiro. O tição foi diminuindo e a chama da solitária brasa apagou de vez.
Quando o visitante quis utilizá-la novamente, percebeu que estava apagada.
- Não sabe que deixando assim, fora do braseiro, ela se apaga? – observou de pronto, com um ar de reprovação, o dono da casa.
- Sei sim! Deixei-o de propósito fora do braseiro, para mostrar ao senhor que, fora das brasas, tudo se apaga, vira cinza e não serve mais para nada. O senhor, fora da comunidade, é como este tição que se apagou. É preciso colocá-lo de volta para ficar aceso.
O líder, antes de se preparar para sair, recolheu a brasa fria e inoperante e colocou-a de volta no meio do fogo. Imediatamente começou a incandescer uma vez mais, com a luz e o calor dos carvões ardentes em torno dela.
Quando alcançou a porta para partir, o anfitrião lhe falou:
- Obrigado, tanto por sua visita quanto pelo sermão. Eu estou voltando ao convívio do grupo.

Esta história lembra o fato ocorrido com o apóstolo Tomé, após a Ressurreição de Jesus (cf. Jo 20, 24-29), quando Jesus Ressuscitado aparece aos discípulos, Tomé não estava presente no dia, havia faltado à reunião, a celebração.
Quem falta aos encontros, reuniões, celebrações de seu grupo, da sua comunidade, acabam perdendo a fé. A pessoa fica descrente, começa a duvidar de tudo, vai se esfriando e se afastando da comunidade.
A pessoa que se isola, numa comunidade, e não participa das ações solidárias, não coloca a serviço dos outros os dons que possui.
Cada um tem algo a dar e algo a receber. No grupo há um crescimento global das potencialidades humanas.

Fonte: Do Livro - Fontes de Inspiração, Pe. Adalibio Barth

quarta-feira, 11 de abril de 2012

PRIORIDADES: ACOLHIDA NAS PARÓQUIAS

A Igreja é um lugar privilegiado para se trabalhar a acolhida. Seja na secretaria paroquial, seja nas reuniões das pastorais, nas reuniões de preparação para o batismo, nas celebrações. Você já imaginou quantas pessoas não se engajam numa pastoral por falta de acolhida?
Acolher não é tarefa, apenas, de quem faz parte da Pastoral, da Equipe ou do Ministério da Acolhida. Acolher é tarefa de todos nós, comunicadores, cristãos, agentes pastorais. Acolher é abrir o coração a si mesmo e ao outro. 
Vale enfatizar o que diz a Irmã Helena Corazza, no livro Acolher é Comunicar: “A acolhida antes de ser uma tarefa, é uma atitude. Uma atitude vai sendo cultivada cada dia até se tornar um hábito...” Quem faz exercícios diários de acolhimento está em contínuo processo de educação para a comunicação cristã. O cristão deve se educar e se reeducar no acolhimento para exercer a sua missão dentro da Igreja e no mundo. Nossas comunidades paroquiais precisam de pessoas acolhedoras, amigas, humanas, dispostas a criar ambientes espontâneos de vivência comunitária da fé.
O acolhimento deve ser praticado no dia-a-dia, em casa, na escola, no trabalho, no lazer e na Igreja. Talvez, por isso mesmo, ainda haja dúvidas se é Pastoral ou Ministério da Acolhida. Afinal, o acolhimento é uma atitude, algo espontâneo, que deve brotar do coração das pessoas, e não uma tarefa que alguém desempenha.

I – O MUNDO ATUAL: HÁ ESPAÇO PARA ACOLHER?
Como praticar a acolhida num mundo que parece cada vez mais egoísta, individualista, violento? O individualismo exacerbado forjado pela urbanidade crescente é o acionador de comportamentos fechados, onde as pessoas vão se tornando ilhas, isoladas, criando cães, gatos e outros animais, como se estes estivessem mais sensíveis à escuta e à amizade dos homens e mulheres, do que os próprios seres humanos. Vivemos numa sociedade marcada pela não-escuta. E isto gera violência. O ser humano que não tem o direito de comunicar (ser acolhido) respeitado, não é reconhecido como pessoa, acaba manifestando a insatisfação e isso se traduz através de explosões emocionais: em casa, no trabalho, na revolta inexplicável com os outros, na vontade de fazer qualquer coisa agressiva para dizer “eu estou aqui, leve-me em consideração”.
Infelizmente, alguns meios de comunicação estão transformando as pessoas em criaturas frias. Quantos casos conhecemos de adolescentes e jovens que nem têm mais tempo para conversar com os pais, porque estão “teclando” com os amigos virtuais ou concentrados nos jogos eletrônicos. No caso dos jogos, o perigo: o importante é “matar” o adversário. E alguém ainda diz: “é melhor meu filho está diante do computador ou da televisão, do que está por aí, correndo risco, conversando com os amigos, no meio da rua”.
Pessoas deliram e se deslumbram perante a capacidade de máquinas eletrônicas, digitalizadas, como se estivessem diante de deuses que merecem reverência. Na verdade, não são os meios de comunicação que são maléficos. Eles devem ser úteis ferramentas no trabalho de evangelização, de troca de boas informações. O importante é não se deixar dominar pelas máquinas.
Em relação ao aspecto religioso, o Pe. Jerônimo Gasques, em seu livro Pastoral da Acolhida – rumo ao novo milênio, alerta: “Hoje se fala em globalização ou mundialização. Fala-se em teoria de qualidade total, inteligência emocional, inteligência pessoal. Fenômenos e mais fenômenos. E nós, na Igreja e na pastoral? Estamos ainda capinando com a enxada, ainda usamos foice e facão...”. O Pe. Jerônimo alerta para os argumentos que as tantas seitas utilizam para “acolher” novos fiéis, inclusive católicos (ou ex-católicos). Daí, vem as novas tendências religiosas, inclusive se utilizando do “mágico” para resolver problemas imediatos. Segundo o Pe. Jerônimo, “o verdadeiro desafio da modernidade para a prática do acolhimento é: qual é o vazio que essas novas tendências religiosas estão preenchendo?”

II – JESUS CRISTO: O BOM ACOLHEDOR
Antes do nascimento de Jesus, sua mãe, Maria, nos dá o exemplo. Ela soube acolher em si a Palavra de Deus e dá-la ao mundo, na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo. Outra atitude singular é a visita de Maria a Isabel. Maria que acolhe, em seu coração, e põe em prática tão bonito gesto de solidariedade com a prima, já em idade avançada, grávida. Isabel recebe a prima Maria e acolhe sua disponibilidade em ajuda-la.
Jesus, por sua vez, com atitudes simples e verdadeiras, soube nos ensinar como sermos bons acolhedores. São Paulo, na carta aos Romanos, lembra: “Acolhei-vos, pois, uns aos outros, como o Cristo vos acolheu, para a glória de Deus...”
Vamos lembrar alguns exemplos de atitudes acolhedoras de Jesus?
a) O bom Pastor (Jo 10, 1-18): Neste texto, Jesus se revela como o bom pastor, aquele que acolhe e dá a vida pelas ovelhas. É aquele que cuida de cem ovelhas e, se uma se perde do grupo, ele vai busca-la.
b) Maria e Marta (Lc 10, 38-42): Eis um exemplo recíproco de acolhida. As irmãs Marta e Maria certamente prepararam a casa e o coração para receber o Mestre. Ele, por sua vez, acolhe a “sede” de Palavra, das anfitriãs. Até dá pra imaginar Marta arrumando a casa, fazendo a melhor comida, enquanto Maria conversa com o visitante. Jesus, certamente, não se sente um “de fora”, na casa daquelas irmãs, mas um amigo, um “de casa”. Tudo isto pelo bom acolhimento de Marta e Maria
c) A pecadora (Lc 7, 36-50): Este texto é, também, um grande exemplo dado por Jesus. Primeiramente, Jesus acolhendo o convite para jantar na casa daquele fariseu que, certamente, como todo membro do farisaísmo, ostentava, hipocritamente, grande santidade. Depois, chega aquela mulher de “má fama”, lança-se aos pés dele (Jesus), demonstrando vontade de mudar de vida. Jesus perdoa aquela mulher, salvando-a do pecado. É a lição de que nossa meta é o amor. Só o amor abre nosso coração para receber a salvação de Jesus.
d) Zaqueu (Lc 19, 1-10): Zaqueu era, certamente, um homem não muito querido pelo povo. Era o chefe dos cobradores de impostos. Sabendo que Jesus estava na cidade, Zaqueu foi ao encontro dele. Como uma multidão cercava Jesus, Zaqueu, diante da sua pouca estatura, subiu numa árvore. Daí, o exemplo de acolhida que Jesus nos dá, através do olhar transparente e pacificante para aquele cobrador de impostos. A partir daí, Jesus é acolhido não somente na casa de Zaqueu, mas, também em sua vida.
e) Crianças (Lc 18, 15-17): Quantas pessoas não valorizam, não gostam e querem distância das crianças? Certamente, naquele dia, quando os discípulos viram aquele monte de crianças chegando para o Mestre abençoa-las, logo imaginaram que elas iriam importuna-lo. Mas, Jesus chamou as crianças para perto de si e disse: “Deixem que as crianças venham a mim”.
Estes são apenas alguns exemplos. A bíblia está cheia de exemplos de bom acolhimento, no Antigo e Novo Testamento.

Mas, e agora, o que é acolher bem? A seguir, alguns exemplos de atitudes do bem acolher:

a) Cumprimentar
Parece ser simples e óbvio, mas não é. Um bom dia, boa tarde ou boa noite pode ser o segredo para desmanchar muitas barreiras e aproximar as pessoas na família, na vizinhança, no trabalho, na Igreja, na sociedade. Tome a iniciativa. Cumprimente com alegria verdadeira, olhando as pessoas nos olhos. Elas se sentirão atraídas pela sua simpatia, amadas.

b) Receber bem
Todas as pessoas gostam de ser bem atendidas, bem recebidas, em qualquer lugar que chegam: na loja, na barraquinha da feira, nas festas, na casa de outra pessoa e assim por diante. Na Igreja não é diferente. As pessoas procuram o nosso atendimento e gostam quando alguém as recebe bem. Quantas pessoas falam mal da nossa Igreja (e até deixaram de freqüenta-la e se distanciaram), só por causa de uma má recepção? As pessoas do nosso século vivem uma carência afetiva e espiritual enorme: gostam quando nos interessamos por elas, quando as tratamos pelo nome, quando as convidamos para sentar e procuramos saber o que as trazem à nossa paróquia. Este jeito de receber marca cada pessoa para sempre.

c) Escutar
Para quem trabalha com o público, escutar é mais importante do que falar. Para se sintonizar com a idéia do outro, para saber o que ele quer, suas necessidades, é preciso escuta-lo. Escutar pressupõe prestar atenção, ser paciente, praticar a tolerância. Muitas pessoas erram na vida porque emitem opinião antes de escutar. Quebram a cara falando de coisas que supõem, rejeitando idéias, sem primeiro tentar compreendê-las. Enquanto escuta, a pessoa é capaz de dar respostas mais seguras, com mais argumentos e de oferecer uma melhor informação.

d) Dialogar
Muitas vezes há mal-entendidos (e como acontece isso na Igreja), porque as pessoas não dialogaram. Ninguém conversa, às claras, sobre o assunto por medo de magoar o outro. 
O diálogo ajuda esclarecer situações desagradáveis entre as pessoas. Saber dialogar é saber acolher.

e) Informar / convidar
O contato direto com a pessoa é um momento privilegiado de convite para as atividades pastorais e para as celebrações da Igreja. Muitas pessoas estão por fora porque não sabem que trabalho a Igreja realiza, desconhecem os horários das missas, das reuniões etc A pessoa que recebe um convite simpático vai se sentir valorizado, incluído e útil. Faça-a saber o que a paróquia tem e que ela poderá contribuir muito. 
O processo de conversão e de engajamento de uma pessoa passa, muitas vezes, por esta simples iniciativa evangelizadora, inerente à função de todos os batizados. Não se canse nunca de convidar, sem insistência.

f) Ter uma boa expressão gestual e oral
A cultura da negação do corpo, o desconhecimento para as potencialidades de comunicação que o corpo possui, gera uma concepção de que a fala é o fato mais significativo da comunicação humana. A comunicação passa a ser concebida como um processo de pensamento e fala, onde a cabeça age sem conexão com o restante do corpo. A comunicação humana, no entanto, expressa-se através das mãos, do rosto, do diafragma, das pernas, dos ombros, da coluna vertebral, dos pés, da boca e, enfim, de todo o nosso ser, em sua complexidade e inteireza. É preciso utilizar todo esse potencial, conscientemente, para conseguirmos uma comunicação cada vez mais clara, objetiva e viva; uma comunicação carregada de esperança, de ânimo (ou de alma), que crie um clima psicológico onde as pessoas, não raras vezes, desesperançadas, possam dizer: “ainda é possível...!”.

g) Apresentar-se bem
As pessoas chegam à Igreja, ou em qualquer outro ambiente, cheias de expectativas. Vão entrando, olhando para as coisas, para as caras das pessoas, tentando se situar no contexto. Tome a iniciativa, vá ao encontro, simpaticamente. Apresente-se alegre, demonstrando auto-estima.

h) Vestir-se adequadamente
O ambiente da Igreja (templo) é lugar de respeito. Por isso, toda pessoa, especialmente os inseridos na vida da Igreja, deve vestir-se bem, comportadamente. As mulheres devem evitar blusas muito decotadas, tomara que caia, saias muito curtas e shorts. Os homens devem evitar bermudas e camisetas regatas.
É interessante destacar que se vestir bem não significa usar roupas caras, de “etiquetas famosas”. Com roupas simples, discretas, bem passadas e limpas pode-se obter bons resultados.

i) Atender bem ao telefone
Saber atender bem por telefone deve ser outra qualidade. Primeiramente, não é bom deixar o telefone tocar muitas vezes. Por exemplo: o(a) secretário(a) paroquial deve atender ao telefone dizendo o nome da paróquia, o seu e o cumprimento do dia. Também, deve ouvir com atenção e responder às perguntas do outro de modo claro e sereno. Ser ágil ao transferir a ligação para outro ramal ou ao anotar, corretamente, um recado. 
Entre a pessoa que está presente e a que está ao telefone, dê atenção imediata a quem está presente. Caso necessite atender ao telefone, pedir a gentileza da outra pessoa em aguardar alguns instantes.

j) Responder às mensagens de e-mails
Com a modernidade, o uso do e-mail é bastante comum em nossa sociedade. Aliás, tem até se tornado uma maneira ágil e econômica de “comunicação” (fria) entre as pessoas, empresas e instituições. Embora, nada substitua a verdadeira comunicação, do calor humano, do abraço, do aperto de mão, do olhar. A verdade é que quem usa o e-mail como instrumento de comunicação deve ter o cuidado de responder às mensagens que chegam, nem que seja apenas pra dizer: “Bom dia, Fulano. Recebi sua mensagem. Logo que puder, vou responde-la”.
Ah, mas cuidado pra não enviar mensagens inconvenientes para as outras pessoas. Nem todas as pessoas gostam de receber correntes, publicidades, piadas etc

l) Cuidar do ambiente
O ambiente também acolhe ou distancia. Os locais de celebração e de encontros devem ser preparados pensando-se nas pessoas que chegam: ornamentação, música, comunicação visual. Quem chega, precisa sentir-se “em casa”.

m) Incluir os que estão de fora
A metodologia da comunicação cristã envolve, convida, chama pelo nome, inclui. Se uma ovelha está fora do rebanho, deixa-se as noventa e nove para busca-la e incluí-la. Quantas ovelhas ainda estão fora da sua paróquia? Quantas sequer receberam um estímulo que lhes motivasse a fazer parte da vida pastoral? Muitas vezes, as pessoas ficam por fora do trabalho pastoral porque não têm chance para entrar e fazer parte, principalmente, quando já existem os “donos”, o grupinho que manda em tudo e não partilha responsabilidades, tarefas.

n) Ser espontâneo
Tudo isto não se aprende em cartilhas e nem em livros. Não há receitas. Cada um vai encontrando as oportunidades e o tempo certo de exercitar estes princípios da comunicação cristã, em todos os momentos da sua vida. Devagarinho, num processo de auto-educação e de conversão para a comunhão, todas estas coisas vão virando hábito e se incorporando ao nosso comportamento, ao nosso cotidiano. E tudo deve ser feito de forma espontânea, sem artificialismos e nem teatro. O Espírito Santo vai nos educando a vivenciar a comunicação cristã. Mas cada um terá fazer a sua parte: abrindo-se ao novo.


Elaboração:
Francisco Morais e Cacilda Medeiros
Coordenação da Pastoral da Comunicação – Arquidiocese de Natal
Fone/fax: (84) 3615-2800 - E-mail: pascom@arquidiocesedenatal.org.br

Referências bibliográficas:
CORAZZA, Helena. Acolher é Comunicar. Paulinas, São Paulo, 2004
GASQUES, Jerônimo. Pastoral da Acolhida – rumo ao novo milênio. Vozes, Petrópolis/RJ, 2001
MADUREIRA, Aristides Luís. Princípios Básicos do Secretariado Paroquial – volume I. 
Editora A Partilha, Salvador/BA, 2003

PRIORIDADES: ESPIRITUALIDADE MISSIONÁRIA PARA JOVENS


Por espiritualidade, no sentido cristão, entende-se “uma força dinâmica interior”, gerada pela adesão vigorosa à vida e ao exemplo de uma pessoa, ou a uma verdade de fé, conhecida, aceita e vivenciada. Um exemplo: a espiritualidade mariana. A vida, o exemplo, as palavras e as obras da Virgem Maria podem gerar, num coração, uma ‘espiritualidade mariana’, isto é, uma força íntima, intrínseca, vigorosa, feliz, que induz o ‘devoto’ a viver um estilo de vida cristã, inspirado e movido pela vida,pelo exemplo, pelas palavras e pelas atitudes da Virgem Mãe de Deus. A esse vigor interior que ‘move’ (motor...) uma pessoa a viver um determinado estilo de vida, chamamos de ‘espiritualidade’. Toda espiritualidade “inspira” e “ move” uma vida.
Missionário. O termo vem do verbo latino “míttere” que se traduz por “enviar”. O missionário é um enviado. Aliás, ele é um ‘chamado’ por ‘alguém’ para ‘ser enviado’ a ‘alguém’, ‘para levar a mensagem’ ‘daquele’ que o envia”. Explicitamente: o jovem missionário é um chamado por Jesus Cristo para ser enviado a seus irmãos, a fim de levar a grande notícia da Pessoa, da vida, da verdade revelada e da Igreja do Salvador, a fim de conduzir os ‘anunciados’ a se tornarem discípulos de Jesus. “Ide e anunciai... fazei meus discípulos...”(Mc 16,15)
A espiritualidade missionária jovem nasce, desabrocha, se consolida e o torna missionário ardoroso e persistente a partir de um ‘encontro pessoal’, profundo e transformador com a pessoa de Jesus Cristo, a ponto de o jovem ficar ‘encantado’ com Ele, com Sua vida e Seus exemplos de ação, com Sua verdade revelada e Suas propostas de vida.
O exemplo bíblico mais ilustrativo é o encontrado em são João 1,36-39. “E avistando Jesus que ia passando, (João Batista) disse: Eis o Cordeiro de Deus! Os dois discípulos (João e André) ouviram-no falar e seguiram Jesus. Voltando-se, Jesus, e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que procurais?’ Disseram-lhe: Rabi, (Mestre), onde moras? Vinde e vede, disse-lhes! Foram aonde Ele morava e ficaram com Ele naquele dia”. Eles ficaram tão impressionados e encantados com Jesus, naquele encontro, que O seguiram para sempre, tornando-se “missionários”, isto é, discípulos, e depois apóstolos de Jesus.
O que faz de um jovem um missionário intrépido e perseverante é uma ‘paixão’, um ‘encantamento’ por Jesus Cristo. Só um encontro pessoal com Jesus ressuscitado, seguido por um cultivo diário de uma amizade com Ele pela oração e pelos sacramentos é que pode gerar, - e gera de fato, - a verdadeira, a irreversível e a dinâmica espiritualidade missionária do jovem. Um apelo, mesmo que veemente, do Papa, do bispo, do padre, do movimento jovem, convidando-o a ser missionário, não é o suficiente e nem o bastante para gerar missionários jovens perseverantes, desassombrados, inspirados e criativos. Isso porque esses apelos não geram “uma espiritualidade” permanentemente animadora para uma tarefa árdua como é a de um jovem missionário. Só o Espírito Santo, comunicado, ‘derramado’ por Jesus no coração do jovem é capaz de torná-lo um missionário perseverante até ao ‘martírio’ de cada dia de sua missão. Foi em Pentecostes, quando foram “batizados no Espírito Santo’ (Cf Atos 1,4-8. 2,1-4) que os “medrosos Apóstolos e discípulos” tornaram-se “desassombrados e irredutíveis” missionários do Ressuscitado.
Se quisermos formar missionários jovens valentes e perseverantes precisamos dar prioridade absoluta a dois pontos:
1.Provocar um encontro profundo entre eles e Jesus, a ponto de se tornarem discípulos encantados pelo mestre.
2. Alcançar-lhes uma “efusão do Espírito Santo” a fim de que se cumpram neles as palavras de Jesus: “Mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins do mundo (Atos1,8).

Pe. Alírio José Pedrini scj
Blog: www.padrealiriopedrini.com