Histórico

A Paróquia Santo André, foi desmembrada da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, fundada em 20 de junho de 1971, tem como padroeiro o Apóstolo André, santo que a Igreja celebra sua memória no dia 30 de novembro, data de seu martírio. No dia 30 de novembro de 2014, Dom Redovino Rizzardo elevou à qualidade de paróquia, nomeando o primeiro pároco, o Padre Otair Nicoletti. A equipe de Coordenação do Conselho Comunitário de Pastoral - CCP está formada pelas seguintes pessoas: Coordenação: Laudelino Vieira, Paulo Crippa; Assuntos Econômicos: José Zanetti, Valter Claudino; Secretaria: Marcus Henrique e Naiara Andrade.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

LITURGIA ORANTE: SÁBADO LUCAS 2,41-51

LUCAS 2,41-51 - TESTEMUNHA DO MISTÉRIO DO PAI

Preparo-me para a Leitura Orante, rezando: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima - Pai, Filho, Espírito Santo - presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser. 
Eu vos adoro, amo e agradeço.
Continuo me preparando, rezando a Oração ao Sagrado Coração de Maria:
Deus de Bondade, que enchestes o Coração Santíssimo e
Imaculado de Maria dos sentimentos de misericórdia e de ternura,
de que foi sempre penetrado o
Coração de Jesus Cristo, Vosso Filho,
concedei a todos aqueles que
honram esse Coração virginal,
a graça de conservar, até a morte,
uma perfeita conformidade de sentimentos e inclinações com o
Coração Sagrado de Jesus Cristo, que vive e
reina convosco e o Espírito Santo por todos os séculos.
Amém.

1. Leitura (Verdade) - O que a Palavra diz?
Leio o texto inteiro de uma vez; releio, lentamente, versículo por versículo: Lc 2,41-51:
Todos os anos os pais de Jesus iam a Jerusalém para a Festa da Páscoa. Quando Jesus tinha doze anos, eles foram à Festa, conforme o seu costume. Depois que a Festa acabou, eles começaram a viagem de volta para casa. Mas Jesus tinha ficado em Jerusalém, e os seus pais não sabiam disso. Eles pensavam que ele estivesse no grupo de pessoas que vinha voltando e por isso viajaram o dia todo. Então começaram a procurá-lo entre os parentes e amigos. Como não o encontraram, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. Três dias depois encontraram o menino num dos pátios do Templo, sentado no meio dos mestres da Lei, ouvindo-os e fazendo perguntas a eles. Todos os que o ouviam estavam muito admirados com a sua inteligência e com as respostas que dava. Quando os pais viram o menino, também ficaram admirados. E a sua mãe lhe disse: 
- Meu filho, por que foi que você fez isso conosco? O seu pai e eu estávamos muito aflitos procurando você. 
Jesus respondeu: 
- Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa do meu Pai? 
Mas eles não entenderam o que ele disse. 
Então Jesus voltou com os seus pais para Nazaré e continuava a ser obediente a eles. E a sua mãe guardava tudo isso no coração.Aos doze anos, Jesus completa a idade em que assume as obrigações legais. Cheio de sabedoria e graça dá uma lição aos doutores da lei e a seus pais
Este fato parece que Jesus cortou os laços com a família: não está nem com o pai, nem com a mãe, nem com os parentes. Parece uma insubordinação de Jesus a seus pais terrenos, a sua atitude. Não pede permissão. Isto porque recebe diretamente as ordens do Pai. Maria e José o procuravam angustiados e não compreendem o fato. Este texto de Lucas coloca em primeiro lugar a relação de Jesus com o seu Pai: “Não sabiam que eu devia estar na casa do meu Pai?”

2. Meditação(Caminho)
- O que a Palavra diz para mim? 
Quem assume, pelo batismo, o seguimento de Jesus, precisa também fazer a sua opção. Os bispos falaram sobre isto, em Aparecida: “Ao chamar aos seus para que o sigam, Jesus lhes dá uma missão muito precisa: anunciar o evangelho do Reino a todas as nações (cf. Mt 28,19; Lc 24,46-48). Por isto, todo discípulo é missionário, pois Jesus o faz partícipe de sua missão ao mesmo tempo que o vincula a Ele como amigo e irmão. Desta maneira, como Ele é testemunha do mistério do Pai, assim os discípulos são testemunhas da morte e ressurreição do Senhor até que Ele retorne. Cumprir esta missão não é uma tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã, porque é a difusão testemunhal da própria vocação.." (DAp 144.).

3. Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus? 
Rezo, com os bispos da América Latina que também fazem uma oração de louvor por Deus que nos amou por primeiro:
“Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda sorte de bênçãos na pessoa de Cristo (cf. Ef 1,3). O Deus da Aliança, rico em misericórdia, nos amou primeiro; imerecidamente amou a cada um de nós; por isso o bendizemos, animados pelo Espírito Santo, Espírito vivificador, alma e vida da Igreja. Ele, que foi derramado em nossos corações, geme e intercede por nós e, com seus dons nos fortalece em nosso caminho de discípulos e missionários” (DA 24). 

4. Contemplação(Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra? 
Hoje, quero, com o coração aberto, seguir a proposta de Jesus que vai se manifestar de diversas formas. Vou estar com a atenção voltada para, em tudo que me acontecer, perceber a presença do Senhor.
Bênção 
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Obs.: Se você quiser receber em seu endereço eletrônico o Evangelho do Dia, acesse o seguinte endereço e preencha o formulário de cadastro - http://www.paulinas.org.br/loja/CentralUsuarioLogin.aspx

ARTIGOS: O CANDIDATO INGÊNUO


ESCRITO POR FREI BETTO
QUARTA, 13 DE JUNHO DE 2012


Candidato, vocábulo que deriva de cândido, puro, íntegro. Quem dera a maioria correspondesse a essa etimologia... A ingenuidade de muitos candidatos a vereador se desfaz quando, convidado a concorrer às eleições, acredita que, se eleito, não será “como os outros” (quantos não disseram isso no passado e hoje...) e prestará excelente serviço ao município.
O que poucos candidatos desconfiam é que servem de escada para a vitória eleitoral de políticos que eles criticam. Para se eleger vereador, deputado estadual ou federal, é preciso obter quociente eleitoral - aqui reside o pulo do gato.
A Câmara Municipal comporta de 9 a 55 vereadores, de acordo com a população do município. Cândidos eleitores imaginam que são empossados os candidatos que recebem mais votos. Ledo engano. João pode ser eleito ainda que receba menos votos do que Maria. Basta o partido do João atingir o quociente eleitoral.
Vamos supor que o município tenha 6.000 eleitores. Destes, 1.500 deixaram de votar, votaram em branco ou anularam o voto. São considerados válidos, portanto, 4.500 votos. Como a Câmara Municipal tem nove vagas, divide-se o número de votos válidos pelo número de vagas. O resultado dá o quociente eleitoral: 500 votos. Todo candidato que obtiver nas urnas 500 votos ou mais, será eleito vereador.
É muito difícil um único candidato obter, sozinho, votos suficientes para preencher o quociente eleitoral. Casos como o do Tiririca são raros. A Justiça Eleitoral soma os votos de todos os candidatos do mesmo partido, mais os votos dados apenas ao partido, sem indicação de candidato.
A cada 500 votos que o partido recebeu, o candidato mais votado vira vereador. Se o partido obteve 1.500 votos, ele terá, na Câmara Municipal, três vereadores. Os demais candidatos, que individualmente receberam menos votos do que os três empossados, ficam como suplentes. E o partido que obtiver menos de 500 votos, neste exemplo, não faz nenhum vereador.
A lei permite que um partido apresente um número de candidatos até uma vez e meia o número de vagas na Câmara. Se o partido se coliga com outros partidos, a coligação pode apresentar candidatos em número duas vezes superior à quantidade de vereadores que o município comporta. Para uma Câmara que comporta 9 vereadores, cada partido pode ter 14 candidatos, e cada coligação, 18. Esta a razão pela qual os partidos lançam muitos candidatos. Quanto mais votos os candidatos obtêm, mais chance tem o partido, ou a coligação, de atingir o quociente eleitoral. E, portanto, de eleger os candidatos com maior votação individual.
Ora, se você pensa em ser candidato, fique de olho. Pode ser que esteja servindo de degrau para a ascensão de candidatos cuja prática política você condena, como a falta de ética. Enquanto não houver reforma política, o sistema eleitoral funciona assim: muitos novos candidatos reelegem os mesmos políticos de sempre!
Se você é, como eu, apenas eleitor, saiba que escolher o partido é mais importante que escolher o candidato. Votar de olho somente no candidato pode resultar, caso ele não seja eleito, na eleição de outro candidato do partido. Como alerta o sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira, “mais freqüente, porém, é a derrota e a frustração de pessoas bem-intencionadas, mas desinformadas. Ao se apresentarem como candidatas, elas mobilizam familiares, amigos e vizinhos para a campanha. Terminadas as eleições, percebem que sua votação só serviu para engordar o quociente eleitoral do partido ou da coligação... Descobrem, tarde demais, que eram apenas ‘candidatos alavancas’”.
Convém ter presente que o nosso voto vai, primeiro, para o partido e, depois, para o candidato.
São raríssimos casos como o da manicure Sirlei Brisida, eleita vereadora em Medianeira (PR) com apenas 1 voto. Seu partido, o PPS, concorreu nas eleições de 2008 com nove candidatos. Pelo quociente eleitoral, apenas Edir Moreira tomou posse. E se mudou para o PSDB, acompanhado pelos outros sete suplentes. Sirlei, que adoeceu durante a campanha eleitoral, e não pediu votos nem à família, permaneceu filiada ao PPS. Agora, a Justiça Eleitoral decidiu que o mandato pertence ao partido, no caso, ao PPS. Edir foi cassado e Sirlei, empossada.



Frei Betto é escritor, autor de “A mosca azul – reflexão sobre o poder” (Rocco), entre outros livros. Website: www.freibetto.org
Twitter: @freibetto.


ARTIGOS: JOVENSCONECTADOS.COM... QUEM?

www.jovensconectados.com... quem?
Dom Redovino Rizzardo, CS, bispo diocesano de Dourados, começa escrevendo em seu artigo...
"Há alguns meses, alguém perguntou a uma moça de Dourados: «Por que você só vive de baladas e bebedeiras em todos os finais de semana?». A resposta foi tão rápida quanto provocadora: «Porque, até hoje, ninguém me ofereceu algo melhor!»
No dia 29 de abril, na cidade de Naviraí, uma adolescente de 16 anos se enforcou porque seu pai não lhe permitiu participar de uma festa. Na semana seguinte, os meios de comunicação informaram que o suicídio foi a principal causa de morte entre os jovens sul-coreanos em 2010, pelo terceiro ano consecutivo. Dos jovens que participaram da pesquisa, 8,8% confessou já ter pensado em dar fim à própria vida...."

Clique no link acima e continue lendo!

CNBB: MENSAGEM AOS PRESBÍTEROS DO BRASIL

MENSAGEM AOS PRESBÍTEROS DO BRASIL 
"SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME" (Mt 6,9) 

Amados de Deus, irmãos presbíteros do Brasil! Jesus rezou, ensinou a rezar e pediu que rezássemos também. Tanto assim que a oração que mais reza o católico é o Pai Nosso, chamado popularmente de: "a oração que o Senhor nos ensinou". O Pai Nosso é uma oração tipicamente cristã. É uma das suas petições que colocamos como tema desta mensagem, dirigida a vós, presbíteros do Brasil, por conta da Jornada Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, a ser celebrada no dia 15 de junho, dia do Sagrado Coração de Jesus. 
Jesus também pediu que fôssemos misericordiosos (Lc 6,36) e perfeitos como Ele e o Pai são (Mt 5,48). "Como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos também vós santos em todo o vosso comportamento, porque está escrito: sede santos, porque eu sou santo" (1Pd 1,16). 
Caros presbíteros, na linguagem bíblica, o nome identifica a pessoa. O nome de Deus representa o próprio Deus. Santo é, portanto, o atributo e a definição do próprio Deus. Deus é o Santo, três vezes Santo. Ele é o Santo por excelência: Santo, somente Santo e totalmente Santo é Deus Pai. Santo, somente Santo e totalmente Santo é o Espírito Santo. Santo, somente Santo e totalmente Santo é Jesus que, além do mais, é fonte de toda santidade. A santidade é a totalidade dos dons e carismas do Espírito. É a plenitude do amor, da fé, da graça e dos outros bens da salvação. A santidade é também a vontade e o desejo de Deus (1Ts 4,3) para conosco. Desta sua santidade todos nós participamos. 
A nossa vocação é para a santidade. A nossa missão é manifestar a santidade de Deus aqui na terra. Zacarias, sacerdote e pai de João Batista, após o mutismo, por crise de fé, rezou a seguinte oração: "... de nos conceder que, sem medo e livres dos inimigos, nós o sirvamos, com santidade e justiça, em sua presença, enquanto perdurarem nossos dias" (Lc 1,74-75). Por duvidar das promessas divinas, Zacarias ficou mudo. Diante de Deus, as pessoas, as palavras, as objeções e as resistências humanas calam-se, emudecem, silenciam. Deus impõe silêncio às coisas deste mundo. A obra de Deus exige o mutismo do silêncio, da adoração e da oração. Diante de Deus convém o silêncio, o louvor, a adoração. Zacarias, sentindo a presença de Deus, rezou e cantou. A santidade e a justiça são para nós, sacerdotes, missão de cada dia. Enquanto perdurarem nossos dias, somos chamados a ser santos, a viver e a manifestar a santidade e a justiça de Deus, todos os dias e em todas as ações pastorais e sociais. 
Caríssimos, o Beato João Paulo II, na conclusão do jubileu do ano 2.000, pediu que coloquemos a "santidade" em todo projeto pastoral: "em primeiro lugar, não hesito em dizer que o horizonte para que deve tender todo o caminho pastoral é a santidade" (NMI 30). Colocamos? Obedecemos? Por que sim? Por que não? 
Os senhores sabem que nós os amamos: porque os senhores são forças vivas da Igreja; colunas vertebrais; pedras preciosas; estacas de sustentação das comunidades eclesiais; faces mais visíveis da Igreja; portas de entradas e, algumas vezes, até mesmo da saída de pessoas da Igreja. Os senhores possuem o poder de convocação e de atração. Façam uso destes poderes, lembrados do que disse o cardeal Cláudio Hummes: "a Igreja caminha com os pés dos padres". 
Por isto queremos dizer, mais uma vez, que nós os amamos, mais do que os outros (Jo 21,15); somos solidários convosco; sorrimos com vossas alegrias; sofremos com vossos sofrimentos; sentimos os mesmos sentimentos dos senhores; choramos com vossas dores; carregamos as mesmas cruzes que os senhores carregam; somos discípulos missionários de Jesus Cristo, como os senhores; pertencemos e servimos à mesma Igreja à qual os senhores pertencem e servem; enfim, somos irmãos... Somos um só corpo, na Igreja. Como num corpo em que cada um tem a sua missão, na missão da Igreja os senhores exercem a melhor parte, como Maria aos pés de Jesus (Lc 1,72). 
Caríssimos irmãos, vós que rezais todos os dias do ano por nós, agora chegou a nossa vez de rezarmos por vós. A Igreja instituiu esta Jornada Mundial de Oração pela vossa santificação exatamente por crer no poder da oração e saber da necessidade que temos de sermos santos. Para isto convocamos todas as comunidades, pastorais, associações, novas comunidades, os movimentos, organismos e serviços, as forças vivas eclesiais a se unirem, em oração, neste dia 15 de junho, pela nossa conversão e santificação. 
Permiti-nos, terminar esta simples mensagem, cantando esta canção que fizemos a pedido de um padre, que ia completar 50 anos de ordenação sacerdotal: 

Hoje minh’alma decanta, bendiz e louva o Senhor

Por tantas coisas bonitas que Ele fez em meu favor.
Pois, desde o seio materno eu escutei seu chamado,
E quanto mais eu crescia, mais Ele estava ao meu lado.
E neste cinqüentenário (aniversário), marco extraordinário
Na vida de um operário do teu roçado, Senhor,
Quero fazer a memória daquele dia de glória
Quando o Senhor da história me ungiu e me enviou.
E assim me fiz sacerdote, profeta itinerante.
E desde que disse "sim" não sosseguei um instante.
No coração do teu povo a minha tenda armei,
Remei, com fé e coragem, o barco da tua grei.
A tua santa palavra com minha vida anunciei,
Teus sacramentos de vida com gratidão celebrei.
Sede e fome senti, mas por amar tua lei,
Renunciei a mim mesmo e a tua cruz carreguei.
Hoje repasso os anos desde que dei o meu sim,
Posso dizer piamente nunca esqueceste de mim.
Ouro e prata não tenho, mas o que tenho te dou:
Um coração por inteiro, pobre, mas rico de amor.

Bom dia de oração pela santificação dos sacerdotes.
Na caridade de Cristo, Bom Pastor, nossas orações,


Dom Pedro Brito Guimarães 
Arcebispo de Palmas – TO 
Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada 
CNP – Comissão Nacional dos Presbítero

FORMAÇÃO: PASTORAL DA CATEQUESE

Pastoral da Catequese

LITURGIA: SOLENIDADE DA NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA

Tema da Solenidade de S. João Batista - 12º Domingo do Tempo Comum

Nesta solenidade, a Palavra de Deus apresenta-nos a figura profética de João Batista. Escolhido por Deus para ser profeta, ainda antes de nascer, ele é um “dom de Deus” ao seu Povo. Sublinhando a importância de João na história da salvação, a liturgia não deixa, contudo, de mostrar que João não é “a salvação”; ele veio, apenas, dirigir o olhar dos homens para Cristo e preparar o coração dos homens para acolher “a salvação” que estava para chegar.
A primeira leitura apresenta-nos uma misteriosa figura profética, eleita por Deus desde o seio materno, a fim de ser a “luz das nações” e levar a Palavra ao coração e à vida de todos os homens. Impressiona especialmente a centralidade que Deus assume na vida do profeta: toda a missão profética brota de Deus e sustenta-se de Deus.
Na segunda leitura, Paulo fala aos judeus de Antioquia do profeta João. Na perspectiva de Paulo, a missão de João consistiu em convidar os homens a uma mudança de vida e de mentalidade, numa espécie de primeiro passo para acolher o “Reino” que Jesus veio, depois, propor. Paulo deixa claro que João não é o Messias libertador, mas sim aquele que vem preparar o coração dos homens para acolher o Messias.
O Evangelho relata o nascimento de João. Na perspectiva de Lucas, os acontecimentos ligados ao seu nascimento mostram como o profeta João é um “dom de Deus”. Começa, nessa altura, a tornar-se claro para todos que Deus está por detrás da existência de João, e que a sua missão é ser um sinal de Deus no meio dos homens. 


LEITURA I – Is 49,1-6 
Leitura do Livro de Isaías 
Terras de Além-Mar, escutai-me;
povos de longe, prestai atenção.
O Senhor chamou-me desde o ventre materno,
disse o meu nome desde o seio de minha mãe.
Fez da minha boca uma espada afiada,
abrigou-me à sombra da sua mão.
Tornou-me semelhante a uma seta aguçada,
guardou-me na sua aljava.
E disse-me:
«Tu és o meu servo, Israel,
por quem manifestarei a minha glória».
E eu dizia:
«Cansei-me inutilmente, em vão
e por nada gastei as minhas forças».
Mas o meu direito está no Senhor
e a minha recompensa está no meu Deus.
E agora o Senhor falou-me,
Ele que me formou desde o seio materno,
para fazer de mim o seu servo,
a fim de Lhe restaurar as tribos de Jacob
e reconduzir os sobreviventes de Israel.
Eu tenho merecimento aos olhos do Senhor
e Deus é a minha força.
Ele disse-me então:
«Não basta que sejas meu servo,
para restaurares as tribos de Jacob
e reconduzires os sobreviventes de Israel.
Farei de ti a luz das nações,
para que a minha salvação
chegue até aos confins da terra». 

AMBIENTE 
No livro do Deutero-Isaías (um profeta que exerce o seu ministério na fase final do exílio, em meados do séc. VI a.C.), encontramos quatro poemas de autor desconhecido, que nos apresentam uma misteriosa figura de um “servo” de Jahwéh. Trata-se de uma figura não identificada, que pode ser uma figura individual (como Jeremias, ou o próprio Deutero-Isaías) ou uma figura coletiva (representando, por exemplo, todos os profetas enviados por Deus ao seu Povo, ou o próprio Povo de Deus). De qualquer forma, os textos apresentam esta misteriosa figura profética como alguém a quem Deus chamou a testemunhar a Palavra. A missão desse “servo” tem caráter universal e realiza-se no sofrimento e no abandono à Palavra e aos projetos de Deus; mas o sofrimento desse “servo” não é em vão, e tem um significado expiatório e redentor. Do sofrimento que acompanha a missão do “servo”, resulta o perdão para o pecado do Povo. Deus aprecia o sacrifício do “servo”, recompensá-lo-á pela doação da vida, elevá-lo-á à vista de todos e fá-lo-á triunfar diante dos seus detratores e adversários. Embora se discuta a delimitação exata dos quatro cânticos do “servo de Jahwéh”, podemos aceitar que os textos em questão são Is 42,1-9, 49,1-13, 50,4-11 e 52,13-53,12.
O texto que hoje nos é proposto é parte do segundo cântico do “servo de Jahwéh”. É, portanto, essa figura misteriosa de “servo” de Deus, chamado à missão profética que aqui nos é apresentada. 

MENSAGEM 
O nosso texto apresenta-nos o relato da vocação do “servo de Jahwéh”. Como acontece noutros relatos de vocação, o “servo” manifesta a convicção de que foi chamado por Deus desde “o seio materno” (vers. 1). Dessa forma, sugere-se que a vocação profética só pode ser entendida à luz da iniciativa divina que, desde o início da existência, “agarra” o homem e o destina para uma missão no mundo. A missão profética não é, portanto, uma iniciativa do homem ou o resultado dos méritos do homem, mas é algo que tem origem em Deus e que só se entende e faz sentido à luz de Deus. Esta certeza é o ponto de partida de toda a ação profética.
A missão a que o profeta é chamado por Deus tem a ver com a Palavra (vers. 2). O profeta é o homem a quem Deus elegeu, a fim de que a sua Palavra chegue aos outros homens; através dele, Deus dirige-nos as suas propostas e propõe aos homens um caminho que os leva a viver em relação com Deus. Essa Palavra de Deus que sai da boca do profeta não é palavra humana, mas Palavra de Deus; é por isso que o profeta diz que Deus tornou a sua boca como “uma espada afiada”, ou uma “uma seta penetrante”. É possível que as imagens utilizadas aludam à força da Palavra de Deus, que penetra nos corações e que não pode ser detida.
Na concretização da missão, o profeta experimentou a perseguição, a incompreensão, o fracasso (“foi em vão que me fatiguei, inutilmente gastei as minhas forças” – vers. 4ab). Significa isso que o profeta “andou a perder tempo” e que lamenta o seu empenhamento? Não; ele está consciente de que não perdeu nada, porque Deus não deixou de o proteger e de lhe dar a paga merecida (“o meu direito está nas mãos do Senhor, a minha recompensa está depositada no meu Deus” – vers. 4cd). Repare-se como o que é decisivo para o profeta é o ter cumprido, com fidelidade, a missão que Deus lhe confiou e a consciência de que Deus não o abandonou: se o profeta age em nome de Deus e tem o apoio de Deus, tudo o resto é secundário.
Qual foi a missão que foi confiada ao profeta? Fundamentalmente, reconduzir Jacob a Jahwéh, reunir Israel a Deus (vers. 5). Provavelmente, faz-se aqui alusão à missão confiada aos vários profetas que Deus enviou ao seu Povo, que procuraram – às vezes inutilmente – reconduzir o Povo de Deus à órbita da aliança.
No entanto, a missão alarga-se e universaliza-se (vers. 6), agora que Israel se movimenta num cenário internacional (nesta fase, o Povo de Deus está exilado numa terra estrangeira). O que Deus vai realizar em favor de Israel será um acontecimento universal, visível para todas as nações. Da ação salvadora de Deus, brotará uma luz que iluminará todos os povos, que os fará descobrir Deus e aderir a Jahwéh. 

ATUALIZAÇÃO 
Na reflexão, considerar os seguintes elementos: 
• A ideia fundamental que brota deste texto é a certeza de que é Deus quem está por detrás de toda a experiência profética… É Deus quem elege o profeta e quem lhe destina uma missão, desde o seio materno; é Deus quem coloca a sua Palavra na boca do profeta; é Deus quem protege o profeta e quem o recompensa… Seria impensável falarmos em profecia, sem falarmos de Deus. Tenho consciência desta centralidade de Deus na minha vida? 
• A profecia não é uma realidade reservada a pessoas especiais, mas é uma missão que brota do meu compromisso batismal. Tenho consciência de que sou chamado a ser profeta – isto é, de que sou chamado a ser Palavra viva de Deus? 
• Apesar do sofrimento, das perseguições, dos fracassos, a missão do profeta é ser “luz das nações”, para que a salvação de Deus “chegue aos confins da terra”. O meu programa de vida é, verdadeiramente, ser uma luz que ilumina o mundo e que dá esperança aos homens? Os pobres, os marginalizados, os excluídos, os humildes, os explorados, os injustiçados encontram em mim o testemunho da salvação de Deus que os liberta e que os salva? 
• Para que a Palavra proclamada seja Palavra de Deus, é necessário que eu viva uma relação de comunhão e de intimidade com Deus: só nesse diálogo serei impregnado da vida de Deus, me aperceberei dos projetos de Deus e poderei anunciá-los aos homens. Vivo nesta relação próxima, dialogante, com Deus? Aquilo que transmito e proclamo são Palavras de Deus, ou são as minhas palavras, os meus esquemas, os meus interesses pessoais? 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 138 
Refrão: Eu Vos dou graças, Senhor,
porque maravilhosamente me criastes. 

Senhor, Vós conheceis o íntimo do meu ser:
sabeis quando me sento e quando me levanto.
De longe penetrais o meu pensamento:
Vós me vedes quando caminho e quando descanso,
Vós observais todos os meus passos. 

Vós formastes as entranhas do meu corpo
e me criastes no seio de minha mãe.
Eu Vos dou graças
por me terdes feito tão maravilhosamente:
admiráveis são as vossas obras. 

Vós conhecíeis já a minha alma
e nada do meu ser Vos era oculto,
quando secretamente era formado,
modelado nas profundidades da terra. 

LEITURA II – Atos 13,22-26 
Leitura dos Atos dos Apóstolos 
Naqueles dias,
Paulo falou deste modo:
«Deus concedeu aos filhos de Israel David como rei,
de quem deu este testemunho:
‘Encontrei David, filho de Jessé,
homem segundo o meu coração,
que fará sempre a minha vontade’.
Da sua descendência, como prometera,
Deus fez nascer Jesus, o Salvador de Israel.
João tinha proclamado, antes da sua vinda,
um batismo de penitência a todo o povo de Israel.
Prestes a terminar a sua carreira, João dizia:
‘Eu não sou quem julgais;
mas depois de mim, vai chegar Alguém,
a quem eu não sou digno
de desatar as sandálias dos seus pés’.
Irmãos, descendentes de Abraão
e todos vós que temeis a Deus:
a nós é que foi dirigida esta palavra de salvação». 

AMBIENTE 
No ano 46, Paulo e Barnabé deixaram a comunidade cristã de Antioquia da Síria e partiram por mar para anunciar Jesus no mundo helênico. Depois de terem passado em Chipre, desembarcaram em Perge, na costa meridional da Ásia Menor. Depois, dirigiram-se por terra para as cidades do interior e chegaram a Antioquia da Pisídia. Num sábado, “entraram na sinagoga da cidade” (At 13,14), a fim de participar na liturgia sinagogal. Convidado a falar, pelos chefes da sinagoga, Paulo aproveitou para anunciar Jesus à comunidade judaica aí reunida (cf. At 13,16-41). O texto que nos é proposto como segunda leitura é um pequeno excerto do discurso que, nesse contexto, Paulo pronunciou.
Trata-se do primeiro discurso posto por Lucas na boca de Paulo; contém alguns dos temas que estarão presentes de agora em diante, na sua pregação aos pagãos. 

MENSAGEM 
O discurso posto por Lucas na boca de Paulo consta, sobretudo, de reflexões sobre o Antigo Testamento. Faz uma rápida síntese da “história da salvação”, indicando alguns dos seus fios condutores, para mostrar que tudo converge para Jesus e que tudo culmina em Jesus. 
É neste contexto que nos aparece a referência a João Batista. Ele é apresentado como aquele que veio preparar a vinda de Jesus, propondo um batismo de conversão (a expressão grega “batisma metanoías” faz alusão a uma transformação radical das mentalidades, a fim de que a proposta do “Reino” trazida por Jesus possa encontrar acolhimento no coração e na vida de todos os homens) a todo o povo de Israel (vers. 24). João Batista não é o Messias esperado, mas o profeta que anuncia aquele que virá a seguir e ao qual o próprio João não se sente sequer digno de “desatar as sandálias” (vers. 25). A expressão denuncia essa consciência que o profeta tem de ser apenas um simples e frágil instrumento de Deus.
Repare-se, ainda, como João se esforça por não apontar para si mesmo, mas para Cristo. A missão do profeta não é dirigir o olhar do mundo na sua própria direção, mas sim o orientar o coração dos homens para o essencial, para Deus. 

ATUALIZAÇÃO 
A reflexão do texto pode fazer-se a partir das seguintes indicações: 
• O profeta é alguém chamado a testemunhar Deus no meio dos homens, mesmo quando os homens preferem ignorar Deus e edificar a sua vida à margem de Deus. João Batista, o profeta, assumiu plenamente a missão de testemunhar Deus: convocou os homens para o encontro com o Deus incarnado, convidou os homens a despirem o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, a violência, a ganância, e a preparar o coração para acolher a proposta de salvação que Deus veio fazer, em Jesus. Este programa não perdeu atualidade: o apelo à conversão, à revolução das mentalidades e das atitudes e o convite a acolher a libertação que Deus nos oferece continuam a fazer sentido e a ser o núcleo essencial do anúncio profético. É este o meu programa? 
• O profeta é um instrumento simples, limitado e frágil, através de quem Deus age no mundo. Isto revela, por um lado, que Deus se manifesta na simplicidade e na fraqueza e que é aí que devemos procurá-l’O (Ele nunca está no poder, na riqueza, na força, na prepotência, na imposição); isto revela, por outro lado, que o profeta não tem de que se orgulhar ou envaidecer: não são as suas qualidades que são determinantes, mas sim a ação de Deus. 
• O “caminho profético” não passa por concentrar em si próprio a atenção das multidões, exibir-se e receber a adoração das pessoas, ser admirado e aclamado, conseguir sucesso e aparecer nas revistas sociais, promover a imagem e tratar por tu os que mandam no mundo, exibir brilhantes qualidades e criar clubes de fãs. O profeta é o “servo” de Deus, que se esconde atrás do cenário enquanto aponta os focos para Deus e cuja função é fazer incidir em Deus os olhos dos homens… Não é o profeta que deve aparecer; mas, nele, é Deus que os homens devem encontrar. 


ALELUIA – cf Lc 1,76 
Aleluia. Aleluia. 
Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo,
irás à frente do Senhor a preparar os seus caminhos. 

EVANGELHO – Lc 1,57-66.80 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 
Naquele tempo,
chegou a altura de Isabel ser mãe e deu à luz um filho.
Os seus vizinhos e parentes souberam
que o Senhor lhe tinha feito tão grande benefício
e congratularam-se com ela.
Oito dias depois,
vieram circuncidar o menino
e deram-lhe o nome do pai, Zacarias.
Mas a mãe interveio e disse:
«Não, Ele vai chamar-se João».
Disseram-lhe:
«Não há ninguém da tua família que tenha esse nome».
Perguntaram então ao pai, por meio de sinais,
como queria que o menino se chamasse.
O pai pediu uma tábua e escreveu:
«O seu nome é João».
Todos ficaram admirados.
Imediatamente se lhe abriu a boca
e se lhe soltou a língua e começou a falar,
bendizendo a Deus.
Todos os vizinhos se encheram de temor
e por toda a região montanhosa da Judeia
se divulgaram estes fatos.
Quantos os ouviam contar
guardavam-nos em seu coração e diziam:
«Quem virá a ser este menino?»
Na verdade, a mão do Senhor estava com ele.
O menino ia crescendo
e o seu espírito fortalecia-se.
E foi habitar no deserto
até ao dia em que se manifestou a Israel. 

AMBIENTE 
O “Evangelho da Infância”, na versão de Lucas, põe em paralelo as figuras de João e de Jesus (ao anúncio do nascimento de João – cf. Lc 1,5-25 – corresponde o anúncio do nascimento de Jesus – cf. Lc 1,26-38; à história do nascimento de João – cf. Lc 1,57-80 – corresponde a história do nascimento de Jesus – cf. Lc 2,1-21). Este paralelismo serve para iluminar a relação existente entre os dois – uma relação que a reflexão eclesial foi aprofundando e ampliando desde as tradições mais antigas.
Na época em que Lucas escreve, as comunidades cristãs conhecem os discípulos de João, cuja atividade proselitista chegou à Ásia Menor (cf. At 18,24-19,7). Provavelmente, havia quem confundia João com o Messias… Neste contexto, a comunidade lucana quis deixar claro o papel relevante de João na economia da salvação mas, ao mesmo tempo, afirmar a subordinação de João a Jesus… A superioridade de Jesus em relação a João está, aliás, bem patente na diferença entre o relato do anúncio do nascimento de João e o relato do anúncio do nascimento de Jesus; está também patente no encontro de Maria com Isabel, em que a própria mãe de João proclama Maria como a mãe do seu Senhor, reconhecendo a inferioridade do seu filho em relação a Jesus (cf. Lc 1,39-45); está, ainda, patente no relevo dado pelo evangelista ao relato do nascimento de Jesus (que é longo, rico de pormenores e está carregado de teologia) em detrimento do relato do nascimento de João (que é contado em poucas linhas, sem grande riqueza de detalhes). 

MENSAGEM 
O relato começa com a descrição do quadro de alegria que acolheu o nascimento do filho de Zacarias e de Isabel (vers. 57-58). A alegria – um dos elementos característicos da teologia de Lucas – significa que chegaram os tempos novos, os tempos do cumprimento das promessas de Deus, o tempo da misericórdia de Deus.
Por alturas da circuncisão (no oitavo dia depois do nascimento, data legal da circuncisão, segundo Gn 17,12 e Lv 12,3), põe-se a questão do nome que irá ser dado ao menino (no Antigo Testamento, o nome é dado à nascença – cf. Gn 4,1; 21,3; 25,25-26; mas aqui aparece o costume helenista, assumido pelo judaísmo mais recente). Os vizinhos e parentes dão como adquirido que o menino se chamará como o pai. No entanto, Isabel e Zacarias escolhem um outro nome: João (sugerido pelo anjo, quando do anúncio do nascimento do menino – cf. Lc 1,13). O nome significa literalmente “o Senhor concede graça”: o menino é um “dom de Deus” e o primeiro sinal da graça que Deus vai derramar sobre os homens, através do Messias que está para chegar. Por outro lado, o acordo da mãe e do pai sobre um nome que não era familiar aparece como divinamente inspirado.
Diante do nascimento de João, Lucas nota o espanto e o temor de todos os presentes. O espanto (vers. 63) é a reação habitual das multidões diante dos milagres (cf. Lc 8,25.56; 9,43; 11,14; At 3,10) e de outras manifestações divinas (cf. Lc 24,12.41; At 2,7); o “temor” (vers. 65) define a atitude normal do homem diante do mistério, do transcendente, do divino (Lucas fará referência ao “temor” diante das revelações – cf. Lc 2,9; 9,34 – dos milagres – cf. Lc 5,26; 7,16; 8,25.37; 24,5.37 – e de outras intervenções divinas – cf. At 5,5.11; 19,17).
O quadro completa-se com a indicação de que, “de fato, a mão do Senhor estava com ele” (vers. 66). A expressão inspira-se no Antigo Testamento, onde serve para exprimir a proteção de Deus sobre os seus fiéis (cf. Sal 80,18; 139,5) e a sua ação sobre os profetas (cf. 1 Re 18,46; 2 Re 3,15; Ez 1,3; 3,14.22; 8,1). Aqui, significa que João tem a proteção de Deus e que Deus age nele. Tudo isto define um quadro de intervenção e de presença de Deus, mostrando que toda a existência de João se compreende à luz da iniciativa divina.
No final da leitura (vers. 80a), apresenta-se uma fórmula usada para resumir a infância de certas figuras que desempenharam papéis de referência na história do Povo de Deus (Sansão – cf. Jz 13,24-25; Samuel – cf. 1 Sm 2,26). Há também uma referência à ida de João para o deserto (vers. 80b); deserto é o lugar onde Israel fez a sua experiência de encontro com o Deus libertador, onde sentiu de forma especial o amor de Deus e onde o Povo assumiu o compromisso da aliança: é essa experiência que João vai fazer, para depois a apresentar ao seu Povo. Além disso, a referência ao deserto prepara a próxima aparição de João no Evangelho, cerca de trinta anos depois (cf. Lc 3,1-3).
No relato transparece, de forma especial, a centralidade de Deus em todo o processo. João é um “dom de Deus”, vem com uma missão de Deus e é um sinal da presença de Deus no meio do seu Povo. 

ATUALIZAÇÃO 
Para a reflexão, considerar as seguintes linhas: 
• A história de João fala-nos, em primeiro lugar, de um Deus que ama os homens e que tem para lhes oferecer um projeto de salvação e de vida plena; é por isso que Ele inventa formas humanas de vir ao encontro dos homens, de lhes fazer chegar a sua Palavra e as suas propostas, de os questionar e interpelar com a Palavra profética… Ao celebrar esta solenidade, estamos a celebrar o Deus/amor, que se revela na figura do profeta João. Eu tenho sido sempre, para os meus irmãos, um “dom de Deus”, um sinal vivo e profético do Deus que os ama e que lhes oferece a salvação? Os “vizinhos e parentes” encontram em mim a manifestação de Deus? 
• No relato do nascimento de João, transparece a centralidade de Deus na vida do profeta, desde o seio materno. O profeta é um homem de Deus, cuja vida tem origem em Deus, cuja vocação só faz sentido à luz de Deus, cujo alimento é o próprio Deus, cujas palavras são palavras de Deus. Tenho consciência de que Deus tem de estar no centro da minha vida e que a minha vocação profética só faz sentido se eu aceitar viver numa ligação “umbilical” com Deus? 
• Embora os textos de hoje não refiram essa dimensão, convém, nesta solenidade, refletir acerca da forma como João Batista viveu a sua missão profética. São particularmente questionantes o seu despojamento, a sua radicalidade, a sua entrega total à missão, a coragem com que ele enfrentou os poderosos, a sua capacidade de dar a vida para defender a verdade. Estas características fazem parte do “caminho profético”. 
• No relato de Lucas, fica bem expressa a diferença entre João e Jesus… João não é a salvação; ele veio, apenas, dar testemunho da chegada iminente da salvação. O profeta precisa de ter consciência do seu papel e do seu lugar: ele não é “a luz”; a sua missão não é levar os homens a aderir à sua pessoa, mas à pessoa de Jesus. O profeta deve ter cuidado para não usurpar, nunca, o lugar de Deus. 

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA A SOLENIDADE DE S. JOÃO BATISTA
(em parte adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”) 

1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior à Solenidade de S. João Batista, procurar meditar a Palavra de Deus desta Solenidade. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus. 

2. ABERTURA DA CELEBRAÇÃO.
Para participar na Eucaristia e dizer “presente” à convocação do Senhor, pode-se, no início da celebração convidar os membros da assembleia a saudar quem está ao lado, dizendo o próprio nome. Além disso, o Evangelho proporciona-se a que seja dialogado… 

3. BILHETE DE EVANGELHO.
Zacarias tinha posto em dúvida a palavra do mensageiro de Deus; esta dúvida tornou-o mudo. Porque não acolheu a mensagem de Deus, não podia anunciar qualquer mensagem. Ora, eis que Isabel, sua esposa, dá ao mundo um filho a quem dá o nome de João, mas cabe ao pai dar um nome ao seu filho. Zacarias, animado pelo Espírito de Deus, não opôs qualquer resistência, escreve o nome de João. Então, porque fez a vontade de Deus, torna-se um homem livre, livre de falar, livre de bendizer a Deus. Seríamos tentados a dizer: desde os seus oito dias, pela sua presença, aquele que será o último profeta da Antiga Aliança e o primeiro a mostrar o Messias, oferece a Deus a ocasião de manifestar a sua obra criadora e libertadora. A mão do Senhor estava com ele. Então, compreende-se a interrogação da multidão: «Quem virá a ser este menino?» A resposta será dada trinta anos mais tarde: ele será o percursor, aquele que precede o Messias que deve vir. 

4. À ESCUTA DA PALAVRA.
«Quem virá a ser este menino?» João Batista será o único ser humano, com a Virgem Maria e Jesus, naturalmente, de quem a Igreja celebra o nascimento terrestre. Para todos os outros santos, ela faz memória do seu “nascimento para o céu”, isto é, da sua morte. Porquê um tal privilégio para o Batista? Porque recebeu o Espírito Santo desde o seu nascimento, quando Maria, a “cheia de graça”, veio visitar a sua prima Isabel. Ele é o maior dos profetas de Israel, porque reconheceu e designou o Messias. Isso aconteceu em toda a sua vida. Até ao fim, permanecerá fiel à sua missão de porta-voz de Deus e a sua morte será miserável. Poderia ser tentado a tomar-se por Messias. Aceitando a sua missão, João Batista nada reivindicou para si. Viveu numa total humildade, sabendo fazer a verdade sobre si mesmo. Pôde, então, viver no amor que tem a sua fonte em Deus. Amigo do esposo, de Jesus, reconheceu que Jesus era maior do que ele. Tornou-se, assim, para nós, um exemplo na nossa caminhada de seguimento de Jesus, para que deixemos, nós também, Jesus crescer em nós. Que isso seja também a nossa alegria. 

5. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se rezar a Oração Eucarística II para as Assembleias com Crianças, que permite recordar todo o amor do Pai e responder-lhe. 

6. PALAVRA PARA O CAMINHO…
“Quem será esta criança?” Cada um é único… Cada recém-nascido é uma nova criatura de Deus… Cada um recebe de Deus uma missão… Pensámos nisso no momento de um nascimento? A liturgia deste dia recorda-nos que cada um é escolhido por Deus para a missão que lhe é confiada. Digamos-lhe qual é a nossa e procuremos fazer o ponto da situação, no plano espiritual, para um recomeçar de novo…

UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
scj.lu@netcabo.pt – www.dehonianos.org

quinta-feira, 14 de junho de 2012

LITURGIA: 11º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

Tema do 11º Domingo do Tempo Comum
A liturgia do 11º Domingo do Tempo Comum convida-nos a olhar para a vida e para o mundo com confiança e esperança. Deus, fiel ao seu plano de salvação, continua, hoje como sempre, a conduzir a história humana para uma meta de vida plena e de felicidade sem fim.
Na primeira leitura, o profeta Ezequiel assegura ao Povo de Deus, exilado na Babilônia, que Deus não esqueceu a Aliança, nem as promessas que fez no passado. Apesar das vicissitudes, dos desastres e das crises que as voltas da história comportam, Israel deve continuar a confiar nesse Deus que é fiel e que não desistirá nunca de oferecer ao seu Povo um futuro de tranquilidade, de justiça e de paz sem fim.
O Evangelho apresenta uma catequese sobre o Reino de Deus – essa realidade nova que Jesus veio anunciar e propor. Trata-se de um projeto que, avaliado à luz da lógica humana, pode parecer condenado ao fracasso; mas ele encerra em si o dinamismo de Deus e acabará por chegar a todo o mundo e a todos os corações. Sem alarde, sem pressa, sem publicidade, a semente lançada por Jesus fará com que esta realidade velha que conhecemos vá, aos poucos, dando lugar ao novo céu e à nova terra que Deus quer oferecer a todos.
A segunda leitura recorda-nos que a vida nesta terra, marcada pela finitude e pela transitoriedade, deve ser vivida como uma peregrinação ao encontro de Deus, da vida definitiva. O cristão deve estar consciente de que o Reino de Deus (de que fala o Evangelho de hoje), embora já presente na nossa atual caminhada pela história, só atingirá a sua plena maturação no final dos tempos, quando todos os homens e mulheres se sentarem à mesa de Deus e receberem de Deus a vida que não acaba. É para aí que devemos tender, é essa a visão que deve animar a nossa caminhada.

LEITURA I – Ez 17,22-24
Leitura da profecia de Ezequiel 
Eis o que diz o Senhor Deus:
«Do cimo do cedro frondoso, dos seus ramos mais altos,
Eu próprio arrancarei um ramo novo
e vou plantá-lo num monte muito alto.
Na excelsa montanha de Israel o plantarei
e ele lançará ramos e dará frutos
e tornar-se-á um cedro majestoso.
Nele farão ninho todas as aves,
toda a espécie de pássaros habitará à sombra dos seus ramos.
E todas as árvores do campo hão-de saber
que Eu sou o Senhor;
humilho a árvore elevada e elevo a árvore modesta,
faço secar a árvore verde e reverdeço a árvore seca.
Eu, o Senhor, digo e faço».

AMBIENTE 
No ano de 609 a. C., o faraó Necao derrotou o rei Josias e colocou no trono de Judá Joaquim, que durante algum tempo foi vassalo do Egito. Contudo, em 605 a.C., Nabucodonosor derrotou as tropas assírias e egípcias em Carquemish, prosseguiu a sua campanha em direção ao Egito e assumiu o controlo da Síria e da Palestina. Joaquim ficou a pagar tributo aos babilônios. Quando, em 601, Nabucodonosor não conseguiu conquistar o Egito, Joaquim julgou chegada a hora de se libertar do domínio babilônico. Contudo, Nabucodonosor reagiu sitiando Jerusalém, em 598 a. C., e Joaquim morreu durante o cerco, ou foi deportado para a Babilônia. Sucedeu-lhe Jeconias que, ao fim de três meses de resistência, se rendeu aos babilônios (597 a.C.).
Nabucodonosor instalou, então, no trono de Judá um tal Sedecias. Durante algum tempo, Judá manteve-se tranquilo, pagando pontualmente os tributos devidos aos babilônios; mas, ao fim de algum tempo, aproveitando a conjuntura política favorável, Sedecias aliou-se com os egípcios e deixou de pagar o tributo. Nabucodonosor enviou imediatamente um exército que cercou Jerusalém. Apesar do socorro de um exército egípcio, Jerusalém teve de se render aos babilónios. Sedecias, aproveitando as sombras da noite, tentou fugir da cidade; mas foi feito prisioneiro, viu os seus filhos serem assassinados e ele próprio foi levado prisioneiro para a Babilónia, onde acabou os seus dias.
Ezequiel, o “profeta da esperança”, exerceu o seu ministério na Babilônia no meio dos exilados judeus. O profeta fez parte de uma primeira “leva” de exilados que, em 597 a.C., chegou à Babilónia, após a derrota de Jeconias.
A primeira fase do ministério de Ezequiel decorreu entre 593 a.C. (data do seu chamamento à vocação profética) e 586 a.C. (data em que Jerusalém foi conquistada uma segunda vez pelos exércitos de Nabucodonosor e um novo grupo de exilados foi encaminhado para a Babilônia). Nesta fase, o profeta preocupou-se em destruir as falsas esperanças dos exilados (convencidos de que o exílio terminaria em breve e que iam poder regressar rapidamente à sua terra) e em denunciar a multiplicação das infidelidades a Jahwéh por parte desses membros do Povo judeu que escaparam ao primeiro exílio e que ficaram em Jerusalém.
É precisamente neste contexto que Ezequiel propõe “um enigma”, “uma parábola”, que nos é apresentada ao longo do capítulo 17 do seu livro. Fala de uma “águia” (provavelmente o rei Nabucodonosor), que “veio do Líbano comer a ponta do cedro. Apanhou o ramo mais elevado” (provavelmente o rei Jeconias) e levou-o para o país dos comerciantes (isto é, a Babilônia). Em seu lugar, plantou outra árvore (provavelmente Sedecias). Esta árvore, uma “videira”, não irá, contudo, prosperar, apesar das tentativas de aliança com o Egito. Mais, será levado prisioneiro para a Babilônia e lá morrerá (Ez 17,10).
A mensagem deste “enigma” é óbvia: os exilados não devem alimentar ilusões ao ver as jogadas políticas de Sedecias, aliado com os egípcios. A política de Sedecias, em Jerusalém, não significará a liberdade dos exilados, mas, pelo contrário, conduzirá a uma nova catástrofe.
Estará então tudo terminado? Já não há esperança? Deus abandonou definitivamente o seu Povo e esqueceu as suas promessas de salvação?
É precisamente aqui que se encaixa o oráculo de salvação que a primeira leitura deste domingo nos apresenta: não, apesar das dramáticas circunstâncias do tempo presente, Deus não abandonou o seu Povo, mas irá construir com ele uma história nova, de salvação e de graça.

MENSAGEM 
Deus não esqueceu a promessa feita, por intermédio do profeta Natan (cf. 2 Sm 7), e na qual assegurou a David a continuidade do seu trono. É verdade que a dinastia de David (o “ramo mais elevado” do “cedro” – Ez 17,3-4) foi arrancada; mas Deus não abandonou o seu Povo: Ele próprio vai tomar um “ramo novo”, plantá-lo na montanha de Israel, fazê-lo dar frutos e torná-lo uma árvore resistente e de grande porte (Ez 17,22-23) – ou seja, irá restabelecer a dinastia davídica em Jerusalém, assegurando ao seu Povo um futuro pleno de vida, de felicidade e de paz sem fim.
O texto sublinha, antes de mais, a presença omnipotente de Deus na história da humanidade. Ele preside à história humana, tem um projeto de salvação e conduz sempre a caminhada dos homens de acordo com o seu plano. O poder orgulhoso dos impérios humanos nada pode contra esse Deus que é o Senhor da história e que, com paciência e amor, vai concretizando o seu projeto.
Além disso, Ezequiel assegura aos exilados a “fidelidade” de Deus às suas promessas. Deus não falha, não esquece os seus compromissos, não abandona esse Povo com quem se comprometeu. Mesmo afogado na angústia e no sofrimento, mesmo mergulhado num horizonte de desespero, Israel tem de aprender a confiar nesse Deus que é sempre fiel às suas promessas e aos compromissos que assumiu com o seu Povo no âmbito da Aliança. Tudo pode cair, tudo pode falhar; só Deus não falha.
O nosso texto contém ainda uma indicação sobre a forma de atuar de Deus, sobre a “estranha” lógica de Deus: Ele toma aquilo que é pequeno aos olhos dos homens (“um ramo novo” – Ez 17,22) e, através dele, vence o orgulho e a prepotência, confunde os poderosos e exalta os humildes. Deus prefere os pequenos, os débeis, os pobres (aqueles que na sua humildade e simplicidade estão sempre disponíveis para acolher os desafios e os dons de Deus); e é através deles que concretiza os seus projetos de salvação e de graça.
Estes poucos versículos contêm um imenso capital de esperança, que deve alimentar e animar, hoje como ontem, a caminhada do Povo de Deus pela história.

ATUALIZAÇÃO 
¨Essencialmente, o texto de Ezequiel que a liturgia deste domingo nos propõe garante que Deus conduz sempre a história humana de acordo com o seu projeto de salvação e mantém-se fiel às promessas feitas ao seu Povo. Esta “lição” não pode ser esquecida e essa certeza deve levar-nos a encarar os dramas e desafios do tempo atual com confiança e esperança. Não estamos abandonados à nossa sorte; Deus não desistiu desta humanidade que Ele ama e continua a querer salvar. É verdade que a hora atual que a humanidade atravessa está marcada por sombras e graves inquietações; mas também é verdade que Deus continua a acompanhar cada passo que damos e a apontar-nos caminhos de vida. A última palavra – uma palavra que não pode deixar de ser de salvação e de graça – será sempre de Deus. Ancorados nessa certeza, temos de vencer o medo e o pessimismo que, por vezes, nos paralisam e dar aos homens nossos irmãos um testemunho de esperança, de serena confiança. 
¨A referência – mil vezes repetida ao longo da Bíblia – à tal “estranha lógica” de Deus, que se serve do que é débil e frágil para concretizar os seus projetos de salvação, convida-nos a mudar os nossos critérios de avaliação e a nossa atitude face ao mundo e face aos que nos rodeiam. Por um lado, ensina-nos a valorizar aquilo e aquelas pessoas que o mundo, por vezes, marginaliza ou despreza; ensina-nos, por outro lado, que as grandes realizações de Deus não estão dependentes das grandes capacidades dos homens, mas antes da vontade amorosa de Deus; ensina-nos ainda que o fundamental, para sermos agentes de Deus, não é possuir brilhantes qualidades humanas, mas uma atitude de disponibilidade humilde que nos leve a acolher os apelos e desafios de Deus. 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 91 (92)
Refrão: É bom louvar-Vos, Senhor. 

É bom louvar o Senhor
e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,
proclamar pela manhã a vossa bondade
e durante a noite a vossa fidelidade.

O justo florescerá como a palmeira,
crescerá como o cedro do Líbano;
plantado na casa do Senhor,
florescerá nos átrios do nosso Deus.

Mesmo na velhice dará o seu fruto,
cheio de seiva e de vigor,
para proclamar que o Senhor é justo:
n’Ele, que é o meu refúgio, não há iniquidade.

LEITURA II – 2 Cor 5,6-10
Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios 
Irmãos:
Nós estamos sempre cheios de confiança,
sabendo que, enquanto habitarmos neste corpo,
vivemos como exilados, longe do Senhor,
pois caminhamos à luz da fé e não da visão clara.
E com esta confiança, preferíamos exilar-nos do corpo,
para irmos habitar junto do Senhor.
Por isso nos empenhamos em ser-Lhe agradáveis,
quer continuemos a habitar no corpo,
quer tenhamos de sair dele.
Todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo,
para que receba cada qual o que tiver merecido,
enquanto esteve no corpo,
quer o bem, quer o mal.

AMBIENTE 
Por volta de 56/57, chegam a Corinto missionários itinerantes que se apresentam como apóstolos e criticam Paulo, lançando a confusão na comunidade. Provavelmente, trata-se desses “judaizantes” que queriam impor aos pagãos convertidos as práticas da Lei de Moisés (embora também possam ser cristãos que condenam a severidade de Paulo e que apoiam o laxismo da vida dos coríntios). De qualquer forma, Paulo é informado de que a validade do seu ministério está a ser desafiada e dirige-se a toda a pressa para Corinto, disposto a enfrentar o problema. O confronto é violento e Paulo é gravemente injuriado por um membro da comunidade (cf. 2 Cor 2,5-11; 7,11). Na sequência, Paulo abandona Corinto e parte para Éfeso. Passado algum tempo, Paulo envia Tito a Corinto, a fim de tentar a reconciliação. Quando Tito regressa, traz notícias animadoras: o diferendo foi ultrapassado e os coríntios estão, outra vez, em comunhão com Paulo. É nessa altura que Paulo, aliviado e com o coração em paz, escreve esta Carta aos Coríntios, fazendo uma tranquila apologia do seu apostolado.
O texto que nos é proposto está incluído na primeira parte da Carta (2 Cor 1,3-7,16), onde Paulo reflete e escreve sobre a grandeza e as dificuldades, os riscos e as compensações do ministério apostólico.
Na perícopa que vai de 4,16 a 5,10, Paulo defende a ideia de que, apesar de tudo, vale a pena acolher os desafios de Deus: no final do caminho percorrido nesta terra, espera-nos uma vida nova, uma vida plena e eterna. Para pintar o contraste entre a vida nesta terra e a vida futura, Paulo utiliza (cf. 2 Cor 5,1-4) a imagem da tenda que se monta e desmonta (que representa a vida transitória e corrutível desta terra) e da casa solidamente construída (que representa a vida plena e eterna).

MENSAGEM 
A vida terrena, passageira e mortal é, para Paulo, um exílio “longe do Senhor” (vers. 6). Esse tempo de exílio neste mundo caracteriza-se por um conhecimento de Deus parcial: é o tempo da fé. Paulo – como todos os verdadeiros crentes – anseia pelo tempo “da visão” – isto é, pelo tempo do encontro face a face com Deus. Então, a vida caduca e transitória dará lugar a uma vida gloriosa e indestrutível.
Uma leitura simplista destes versículos poderia transmitir a ideia de que Paulo negligencia a vida terrena; contudo, essa ideia não é exata… Para Paulo, a perspectiva dessa outra vida nova, plena e eterna, não significa um alhear-se das responsabilidades que temos, como crentes, enquanto caminhamos neste mundo finito e transitório. Aos crentes compete, enquanto “habitam este corpo” mortal, viver de acordo com as exigências de Deus, caminhar à luz da fé, assumir as suas responsabilidades enquanto discípulos comprometidos com Cristo e com o seu Reino. A perspectiva dessa vida plena que nos espera para além desta terra deve estar permanentemente no horizonte do crente que caminha pela história, fundamentar e iluminar o seu compromisso e a sua fidelidade a Jesus Cristo e ao Evangelho.
De resto, a preocupação de Paulo não é apresentar uma doutrina escatológica perfeitamente definida; mas é, sobretudo, lembrar aos cristãos a sua condição de peregrinos, que “não têm morada permanente” nesta terra: o destino final de cada homem ou mulher é o encontro com o Senhor, a vida plena e definitiva.

ATUALIZAÇÃO 
¨A cultura atual é uma cultura do provisório, que dá prioridade ao que é efémero sobre as realidades perenes com a marca da eternidade: propõe que se viva ao sabor do imediato e do momento, e subalterniza as opções definitivas e os valores duradouros. É também uma cultura do bem-estar material: ao seduzir os homens com o brilho dos bens perecíveis, ao potenciar o reinado do “ter” sobre o “ser”, escraviza o homem e relativiza a sua busca de eternidade. É ainda uma cultura da facilidade, que ensina a evitar tudo o que exige esforço, sofrimento e luta: produz pessoas incapazes de lutar por objetivos exigentes e por realizar projetos que exijam esforço, fidelidade, compromisso, sacrifício. Neste contexto, a palavra de Paulo aos cristãos de Corinto soa a desafio profético: é necessário que tenhamos sempre diante dos olhos a nossa condição de “peregrinos” nesta terra e que aprendamos a dar valor àquilo que tem a marca da eternidade. É nos valores duradouros – e não nos valores efémeros e passageiros – que encontramos a vida plena. O fim último da nossa existência não está nesta terra; o nosso horizonte e as nossas apostas devem apontar sempre para o mais além, para a vida plena e definitiva. 
¨Contudo, o fato de vivermos a olhar para o mais além não pode levar-nos a ignorar as realidades terrenas e os compromissos com a construção da cidade dos homens. O Reino de Deus – que atingirá a sua plena maturação quando tivermos ultrapassado o transitório e o efémero da vida presente – começa a ser construído nesta terra e exige o nosso compromisso pleno com a construção de um mundo mais justo, mais fraterno, mais verdadeiro. Não há comunhão com Cristo se nos demitimos das nossas responsabilidades em testemunhar os gestos e os valores de Cristo. 

ALELUIA
Aleluia. Aleluia. 
A semente é a palavra de Deus e o semeador é Cristo:
quem O encontrar permanecerá para sempre.

EVANGELHO – Mc 4,26-34
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos 
Naquele tempo,
disse Jesus à multidão:
«O reino de Deus é como um homem
que lançou a semente à terra.
Dorme e levanta-se, noite e dia,
enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como.
A terra produz por si, primeiro a planta, depois a espiga,
por fim o trigo maduro na espiga.
E quando o trigo o permite, logo mete a foice,
porque já chegou o tempo da colheita».
Jesus dizia ainda:
«A que havemos de comparar o reino de Deus?
Em que parábola o havemos de apresentar?
É como um grão de mostarda, que, ao ser semeado na terra,
é a menor de todas as sementes que há sobre a terra;
mas, depois de semeado, começa a crescer,
e torna-se a maior de todas as plantas da horta,
estendendo de tal forma os seus ramos
que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra».
Jesus pregava-lhes a palavra de Deus
com muitas parábolas como estas,
conforme eram capazes de entender.
E não lhes falava senão em parábolas;
mas, em particular, tudo explicava aos seus discípulos.

AMBIENTE 
Na primeira parte do Evangelho segundo Marcos (cf. Mc 1,14-8,30), Jesus é apresentado como o Messias que proclama o Reino de Deus. Marcos procura aí demonstrar como Jesus, com palavras e gestos, anuncia um mundo novo (o “Reino de Deus”), livre do egoísmo, da opressão, da injustiça e de tudo o que escraviza os homens e os impede de ter acesso à vida verdadeira.
Estamos na Galileia, nos primeiros tempos do anúncio do Reino. Uma grande multidão segue Jesus, a fim de escutar os seus ensinamentos (cf. Mc 3,7.20.32; 4,1). Para fazer chegar a todos a sua proposta, Jesus precisará de utilizar uma linguagem acessível, viva, questionadora, concreta, desafiadora, evocadora, pedagógica, que pudesse semear no coração dos ouvintes a consciência dessa nova e revolucionária realidade que Ele queria propor. É neste contexto que nos aparecem as “parábolas”.
As “parábolas” são uma linguagem habitual na literatura dos povos do Médio Oriente: o génio oriental gosta mais de falar e instruir através de imagens, de comparações, de alegorias, do que através de um discurso mais lógico, mais frio, mais racional. De resto, a linguagem parabólica tem várias vantagens em relação a um discurso mais racional e expositivo. Que vantagens?
Em primeiro lugar, é uma excelente arma de controvérsia. A linguagem figurada permite levar o interlocutor a admitir certos pontos que, de outro modo, nunca mereceriam a sua concordância. A parábola é, pois, um bom instrumento de diálogo, sobretudo em contextos polémicos (como era, quase sempre, o contexto em que Jesus pregava).
Em segundo lugar, a imagem ou comparação que caracteriza a linguagem parabólica é muito mais rica em força de comunicação e em poder de evocação, do que a simples exposição teórica. Talvez seja uma linguagem mais vaga e imprecisa, do ponto de vista racional; mas é mais profunda, mais carregada de sentido, mais evocadora e, por isso, “mexe” mais com os ouvintes.
Em terceiro lugar, porque a linguagem parabólica – muito mais do que outro tipo de linguagem – espicaça a curiosidade e incita à busca. Na sua simplicidade, torna-se um verdadeiro método pedagógico, que leva as pessoas a pensar por si, a medir os prós e os contras, a tirar conclusões, a interiorizar soluções e a integrá-las na própria vida. É uma linguagem que, mais do que injetar nas pessoas soluções feitas, as leva a refletir e a tirar daí as devidas consequências. Trata-se, pois, de linguagem altamente subversiva: ensina o povo a pensar, a ser crítico, a descobrir onde está a verdade. Ora, isso é altamente incômodo para os defensores do mundo velho e da ordem estabelecida.
Uma linguagem tão sugestiva não podia ser ignorada por Jesus no seu anúncio do “Reino de Deus”. É neste contexto que devemos entender as duas parábolas que o Evangelho deste domingo nos apresenta.

MENSAGEM 
A primeira parábola (vers. 26-29) é a do grão que germina e cresce por si só. A parábola refere a intervenção do agricultor apenas no ato de semear e no ato de ceifar. Cala, de propósito, qualquer menção às demais ações do agricultor: arar a terra, regar a semente, tirar as ervas que a impedem de crescer… Ao narrador interessa apenas que, entre a sementeira e a colheita, a semente vá crescendo e amadurecendo, sem que o homem intervenha para impedir ou acelerar o processo. A questão essencial não é o que o agricultor faz, mas o dinamismo vital da semente. O resultado final não depende dos esforços e da habilidade do homem, mas sim do dinamismo da semente que foi lançada à terra. Desta forma, o narrador ensina que o Reino de Deus (a semente) é uma iniciativa divina: é Deus quem atua no silêncio da noite, no tumulto do dia ou na turbulência da história para que o Reino aconteça; e nenhum obstáculo poderá frustrar o seu plano. Provavelmente, a parábola é dirigida contra todas as posturas que pretendiam forçar a vinda do Reino – a dos zelotas que queriam instaurar o Reino através da violência das armas, a dos fariseus que pretendiam forçar o aparecimento do Reino com a obediência a uma disciplina legal, a dos apocalípticos que faziam cálculos precisos sobre a data da irrupção do Reino. Não adianta forçar o tempo ou os resultados: é Deus que dirige a marcha da história e que fará com que o Reino aconteça, de acordo com o seu tempo e o seu projeto. Desta forma, a parábola convida à serenidade e à confiança nesse Deus que não dorme nem se demite e que não deixará de realizar, a seu tempo e de acordo com a sua lógica, o seu plano para os homens e para o mundo.
A segunda parábola (vers. 30-32) é a do grão de mostarda. O narrador pretende, fundamentalmente, pôr em relevo o contraste entre a pequenez da semente (a semente da mostarda negra tem um diâmetro aproximado de 1,6 milímetros e era a semente mais pequena, no entendimento popular palestino; a tradição judaica celebrava com provérbios a sua pequenez) e a grandeza da árvore (nas margens do lago da Galileia alcançava uma altura de 2 a 4 metros). A comparação serve para dizer que a semente do Reino lançada pelo anúncio de Jesus pode parecer uma realidade pequena e insignificante, mas está destinada a atingir todos os cantos do mundo, encarnando em cada pessoa, em cada povo, em cada sociedade, em cada cultura. O Reino de Deus, ainda que tenha inícios modestos ou que se apresente com sinais de debilidade e pequenez aos olhos do mundo, tem uma força irresistível, pois encerra em si o dinamismo de Deus. Além disso, a parábola retoma um tema que já havíamos encontrado na primeira leitura: Deus serve-Se de algo que é pequeno e insignificante aos olhos do mundo para concretizar os seus projetos de salvação e de graça em favor dos homens.
A parábola é um convite à esperança, à confiança e à paciência. Nos fatos aparentemente irrelevantes, na simplicidade e normalidade de cada dia, na insignificância dos meios, esconde-se o dinamismo de Deus que atua na história e que oferece aos homens caminhos de salvação e de vida plena.

ATUALIZAÇÃO 
¨Antes de mais, o Evangelho deste domingo garante-nos que Deus tem em marcha um projeto destinado a oferecer aos homens a vida e a salvação. Pode parecer que a nossa história caminha entregue ao acaso ou aos caprichos dos líderes; pode parecer que a história humana entrou em derrapagem e que, no final do caminho, nos espera o abismo; mas é Deus que conduz a história, que lhe imprime o seu dinamismo, que está presente em todos os passos do nosso caminho. Deus caminha connosco e, garantidamente, leva-nos pela mão ao encontro de um final feliz. Num tempo histórico como o nosso, marcado por “sombras”, por crises e por graves inquietações, este é um dos testemunhos mais importantes que podemos, como crentes, oferecer aos nossos irmãos escravizados pelo desespero e pelo medo. 
¨O projeto de salvação que Deus tem para a humanidade revela-se no anúncio do Reino, feito por Jesus de Nazaré. Nas suas palavras, nos seus gestos, Jesus propôs um caminho novo, uma nova realidade; lançou a semente da transformação dos corações, das mentes e das vontades, de forma a que a vida dos homens e das sociedades se construa de acordo com os esquemas de Deus. Essa semente não foi lançada em vão: está entre nós e cresce por ação de Deus. Resta-nos acolher essa semente e deixar que Deus realize a sua ação. Resta-nos também, como discípulos de Jesus, continuar a lançar essa semente do Reino, a fim de que ela encontre lugar no coração de cada homem e de cada mulher. 
¨Os que, continuando a missão de Jesus, anunciam a Palavra (que lançam a semente) não devem preocupar-se com a forma como ela cresce e se desenvolve. Devem, apenas, confiar na eficácia da Palavra anunciada, conformar-se com o tempo e o ritmo de Deus, confiar na ação de Deus e no dinamismo intrínseco da Palavra semeada. Isso equivale a respeitar o crescimento de cada pessoa, o seu processo de maturação, a sua busca de caminhos de vida e de plenitude. Não nos compete exigir que os outros caminhem ao nosso ritmo, que pensem como nós, que passem pelas mesmas experiências e exigências que para nós são válidas. Há que respeitar a consciência e o ritmo de caminhada de cada homem ou mulher – como Deus sempre faz. 
¨A referência à pequenez da semente (segunda parábola) convida-nos – como já o havia feito a primeira leitura deste domingo – a rever os nossos critérios de atuação e a nossa forma de olhar o mundo e os nossos irmãos. Por vezes, é naquilo que é pequeno, débil e aparentemente insignificante que Deus Se revela. Deus está nos pequenos, nos humildes, nos pobres, nos que renunciaram a esquemas de triunfalismo e de ostentação; e é deles que Deus Se serve para transformar o mundo. Atitudes de arrogância, de ambição desmedida, de poder a qualquer custo, não são sinais do Reino. Sempre que nos deixamos levar por tentações de grandeza, de orgulho, de prepotência, de vaidade, estamos a frustrar o projeto de Deus, a impedir que o Reino de Deus se torne realidade no mundo e nas nossas vidas. 

A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 11º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.


UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
scj.lu@netcabo.pt – www.dehonianos.org