Histórico

A Paróquia Santo André, foi desmembrada da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, fundada em 20 de junho de 1971, tem como padroeiro o Apóstolo André, santo que a Igreja celebra sua memória no dia 30 de novembro, data de seu martírio. No dia 30 de novembro de 2014, Dom Redovino Rizzardo elevou à qualidade de paróquia, nomeando o primeiro pároco, o Padre Otair Nicoletti. A equipe de Coordenação do Conselho Comunitário de Pastoral - CCP está formada pelas seguintes pessoas: Coordenação: Laudelino Vieira, Paulo Crippa; Assuntos Econômicos: José Zanetti, Valter Claudino; Secretaria: Marcus Henrique e Naiara Andrade.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

NOTÍCIAS: PADRE MARCOS COMPLETA 9 ANOS DE SACERDOTE

Padre Marcos José Lemos, nascido em Dourados, no dia 22/02/1976, filho de Eugênio José Lemos e Neide Tereza Roldi, casal que participa da comunidade Neo-Catecumenal e membro da Pastoral do Batismo da paróquia, tem duas irmãs (Luciana e Cristiana) e um irmão (Tiago). A família reside no bairro Santo André desde abril de 1976. Desde a sua infância participou da Comunidade Santo André, recebeu os sacramentos da eucaristia e crisma na comunidade. Foi catequista durante quatro anos. 
Por meio do Caminho Neo-Catecumenal em 1994 ingressou no Seminário Diocesano e Missionário “Redemptoris Mater”, em Brasília-DF, seis meses depois foi para o México onde concluiu seus estudos filosóficos e teológicos. Ordenado sacerdote na Catedral da capital mexicana pelo Cardeal Norberto Rivera Carrera, no dia 04 de agosto de 2003. Pertence ao clero da Arquidiocese da Cidade do México. 
Parabéns, pelos nove anos de serviço missionário à Igreja da capital Mexicana.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

LITURGIA: 18° DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B (05 de Agosto))


Caríssimos irmãos e irmãs, iniciamos o mês vocacional, no qual a Igreja nos convida a rezar pelas vocações. Hoje é o domingo dedicado à vocação ao Ministério Ordenado, recebido pelo sacramento da ordem.
Os ministros ordenados são o diácono, o presbítero e o bispo.
O diácono é aquele que serve aos irmãos na caridade e na solidariedade cristã. Assiste ao bispo e ao presbítero na liturgia e na caridade. Sua missão é ser sacramento da caridade.
O presbítero é enviado a pastorear, presidir, coordenar e animar os serviços na comunidade. É vocacionado a ser ministro da Palavra e dos Sacramentos.
O bispo é consagrado para santificar, ensinar e governar o povo de Deus em uma diocese, sem descuidar da solicitude pastoral por toda a Igreja. É o presidente da grande assembleia.
Rezemos, então, pela fidelidade e perseverança de nossos diáconos, presbíteros e bispos.

Tema da Liturgia

A liturgia do 18º Domingo do Tempo Comum repete, no essencial, a mensagem das leituras do passado domingo. Assegura-nos que Deus está empenhado em oferecer ao seu Povo o alimento que dá a vida eterna e definitiva.
A primeira leitura dá-nos conta da preocupação de Deus em oferecer ao seu Povo, com solicitude e amor, o alimento que dá vida. A ação de Deus não vai, apenas, no sentido de satisfazer a fome física do seu Povo; mas pretende também (e principalmente) ajudar o Povo a crescer, a amadurecer, a superar mentalidades estreitas e egoístas, a sair do seu fechamento e a tomar consciência de outros valores.
No Evangelho, Jesus apresenta-Se como o “pão” da vida que desceu do céu para dar vida ao mundo. Aos que O seguem, Jesus pede que aceitem esse “pão” – isto é, que escutem as palavras que Ele diz, que as acolham no seu coração, que aceitem os seus valores, que adiram à sua proposta.
A segunda leitura diz-nos que a adesão a Jesus implica o deixar de ser homem velho e o passar a ser homem novo. Aquele que aceita Jesus como o “pão” que dá vida e adere a Ele, passa a ser uma outra pessoa. O encontro com Cristo deve significar, para qualquer homem, uma mudança radical, um jeito completamente diferente de se situar face a Deus, face aos irmãos, face a si próprio e face ao mundo. 

LEITURA I – Ex 16,2-4.12-15 
Leitura do Livro do Êxodo 
Naqueles dias,
toda a comunidade dos filhos de Israel
começou a murmurar no deserto contra Moisés e Aarão.
Disseram-lhes os filhos de Israel:
«Antes tivéssemos morrido às mãos do Senhor na terra do Egito,
quando estávamos sentados ao pé das panelas de carne
e comíamos pão até nos saciarmos.
Trouxestes-nos a este deserto,
para deixar morrer à fome toda esta multidão».
Então o Senhor disse a Moisés:
«Vou fazer que chova para vós pão do céu.
O povo sairá para apanhar a quantidade necessária para cada dia.
Vou assim pô-lo à prova,
para ver se segue ou não a minha lei.
Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel.
Vai dizer-lhes:
‘Ao cair da noite comereis carne
e de manhã saciar-vos-eis de pão.
Então reconhecereis que Eu sou o Senhor, vosso Deus’».
Nessa tarde apareceram codornizes,
que cobriram o acampamento,
e na manhã seguinte havia uma camada de orvalho
em volta do acampamento.
Quando essa camada de orvalho se evaporou,
apareceu à superfície do deserto uma substância granulosa,
fina como a geada sobre a terra.
Quando a viram, os filhos de Israel perguntaram uns aos outros:
«Man-hu?», quer dizer: «Que é isto?»,
pois não sabiam o que era.
Disse-lhes então Moisés:
«É o pão que o Senhor vos dá em alimento». 

AMBIENTE 
A seção de Ex 15,22-18,27 desenvolve um dos grandes temas do Pentateuco: a marcha pelo deserto. Aqui estamos, ainda, na primeira etapa dessa marcha – a que vai desde a passagem do mar, até ao Sinai.
Três dos episódios apresentados nesta seção tratam o tema da murmuração do Povo (cf. Ex 15,22-27; 16,1-21; 17,1-7). O esquema é simples e é sempre o mesmo: o Povo desconfia e murmura diante das dificuldades, subleva-se contra Moisés e chega a acusar Deus pelos desconfortos da caminhada; quando estão prestes a sofrer o castigo pela sua revolta, Moisés intercede diante do Jahwéh e o Senhor perdoa o pecado do Povo; finalmente, apesar do pecado, Jahwéh concede ao Povo os bens de que este sente necessidade. Os relatos apresentam-se sempre de uma forma dramática, com um crescendo de intensidade até ao desfecho final, que se apresenta sempre na forma de uma intervenção prodigiosa de Deus, em benefício do seu Povo. 
Provavelmente, estes relatos têm por base elementos de caráter histórico (dificuldades reais sentidas pelos hebreus que saíram do Egito com Moisés, no seu caminho para a Terra Prometida, através do deserto do Sinai) e que ficaram na memória coletiva; no entanto, os catequistas bíblicos estão mais interessados em fazer catequese, do que em apresentar uma reportagem jornalística da viagem (o episódio mistura uma catequese “jahwista”, do séc. X a.C. com uma catequese “sacerdotal”, do séc. VI a.C). A catequese apresentada pretende sempre avisar o Povo contra a tentação de procurar refúgio e segurança fora de Jahwéh… Aqui, Israel fala em regressar ao Egito, onde eram escravos, mas tinham pão e carne em abundância: o Egito representa a tentação que o Povo sentiu, em tantas situações da sua história, de voltar atrás, de abandonar os valores e a vida de Deus, de se instalar comodamente em esquemas à margem de Deus. O catequista jahwista garante ao seu Povo que Deus o acompanha sempre ao longo da sua caminhada e que só ele oferece a Israel vida em abundância.
O episódio que hoje nos é proposto – o episódio das codornizes e do maná – é situado no deserto de Sin, “que está entre Elim e o Sinai, no décimo quinto dia do segundo mês após a saída da terra do Egito” (Ex 16,1). O deserto de Sin estende-se de Kadesh-Barnea para ocidente.
A história das codornizes tem por base um fenómeno que se observa, por vezes, na Península do Sinai: a migração em massa de codornizes que, depois de atravessar o mar, chegam ao Sinai muito cansadas da viagem, pousam junto das tendas dos beduínos e deixam-se apanhar com facilidade. A história do maná deve ter por base uma pequena árvore (“tamarix mannifera”) existente em certas zonas do Sinai que, após ser picada por um inseto, segrega uma substância resinosa e espessa que logo se coagula; os beduínos recolhem, ainda hoje, essa substância (que chamam “man”), derretem-na ao calor do sol e passam-na sobre o pão. 
Vai ser com estes elementos – elementos que o Povo conheceu e que o impressionaram, ao longo da marcha pelo deserto – que os catequistas bíblicos vão “amassar” a catequese que nos transmitem no texto que nos é proposto. 

MENSAGEM 
1. O episódio começa com a murmuração do Povo “contra Moisés e contra Aarão” (vers. 2). Por estranho que pareça, Israel sente saudades do tempo em que passou no Egito pois, apesar da escravidão, estava sentado “ao pé de panelas de carne” e comia “pão com fartura” (vers. 3). Ao longo da caminhada, vêm ao de cima as limitações e as deficiências de um grupo humano ainda com mentalidade de escravo, demasiado “verde” e sem maturidade, agarrado à mesquinhez, ao egoísmo, ao comodismo, que prefere a escravidão à liberdade. Por outro lado, é um Povo que ainda não aprendeu a confiar no seu Deus, a segui-lo de olhos fechados, a responder sem hesitações às suas propostas, a segui-l’O incondicionalmente no caminho da fé.
2. A resposta de Deus é “fazer chover pão do céu” (vers. 4) e dar ao Povo carne em abundância (vers. 12). O objetivo de Deus é, não só satisfazer as necessidades materiais do Povo, mas também revelar-Se como o Deus da bondade e do amor, que cuida do seu Povo, que está sempre ao seu lado ao longo da caminhada, que milagrosamente entrega de bandeja a Israel a possibilidade de satisfazer as suas necessidades mais básicas e de vencer as forças da morte que se ocultam nas areias do deserto. Dessa forma, o Povo pode fazer uma experiência de encontro e de comunhão com Deus, que se traduzirá em confiança, em amor, em entrega. O cuidado, a solicitude e o amor de Deus experimentados nesta “crise”, não só ajudarão o Povo a sobreviver, mas irão permitir-lhe, também, superar mentalidades estreitas e egoístas, fazendo-o ver mais além, alargar os horizontes, tornar-se mais adulto, mais consciente, mais responsável e mais santo. Israel aprende, assim, a confiar em Deus, a entregar-se nas suas mãos, a não duvidar do seu amor e fidelidade… Israel aprende, neste percurso, que Jahwéh é a rocha segura em quem se pode confiar nas crises e dramas da vida.
3. O fato de se dizer que Deus apenas dava ao Povo a quantidade de maná necessária “para cada dia” (vers. vers. 4) é uma bonita lição sobre desprendimento e confiança em Deus. Ensina o Povo a não acumular bens, a não viver para o “ter”, a libertar o coração da ganância e do desejo de possuir sempre mais, a não viver angustiado com o futuro e com o dia de amanhã; ensina, também, a confiar em Deus, a entregar-se serenamente nas suas mãos, a vê-l’O como verdadeira fonte de vida. 

ATUALIZAÇÃO 
• Mais uma vez, a Palavra de Deus que nos é proposta dá-nos conta da preocupação de Deus em oferecer ao seu Povo, com solicitude e amor, o alimento que dá vida. A ação de Deus não vai, apenas, no sentido de satisfazer a fome física do seu Povo; mas pretende também (e principalmente) ajudar o Povo a crescer, a amadurecer, a superar mentalidades estreitas e egoístas, a sair do seu fechamento e a tomar consciência de outros valores. Para Deus, “alimentar” o Povo é ajudá-lo a descobrir os caminhos que conduzem à felicidade e à vida verdadeira. O Deus em quem nós acreditamos é o mesmo Deus que, no deserto, ofereceu a Israel a possibilidade de libertar-se de uma mentalidade de escravo e de descobrir o caminho para a vida nova da liberdade e da felicidade… Ele vai connosco ao longo da nossa caminhada pelo deserto da vida, vê as nossas necessidades, conhece os nossos limites, percebe a nossa tendência para o egoísmo e o comodismo e, em cada dia, aponta-nos caminhos novos, convida-nos a ir mais além, mostra-nos como podemos chegar à terra da liberdade e da vida verdadeira. Este texto fala-nos da solicitude e do amor com que Deus acompanha a nossa caminhada de todos os dias; convida-nos, também, a escutar esse Deus, a aceitar as propostas de vida que Ele faz e a confiar incondicionalmente n’Ele. 
• As “saudades” que os israelitas sentem do Egito, onde estavam “sentados junto de panelas de carne” e tinham “pão com fartura”, revelam a realidade de um Povo acomodado à escravidão, instalado tranquilamente numa vida sem perspectivas e sem saída, incapaz de arriscar, de enfrentar a novidade, de querer mais, de aceitar a liberdade que se constrói na luta e no risco. Esta mentalidade de escravidão continua, bem viva, no nosso mundo… É a mentalidade daqueles que vivem obcecados pelo “ter” e que são capazes de renunciar à sua dignidade para acumular bens materiais; é a mentalidade daqueles que trocam valores importantes pelos “cinco minutos de fama” e de exposição mediática; é a mentalidade daqueles que têm como único objetivo na vida a satisfação das suas necessidades mais básicas; é a mentalidade daqueles que se instalam comodamente nos seus esquemas cômodos, nos seus preconceitos e se recusam a ir mais além, a deixarem-se interpelar pela novidade e pelos desafios de Deus; é a mentalidade daqueles que vivem voltados para o passado, que idealizam o passado, recusando-se a enfrentar os desafios da história e a descobrir o que há de positivo e de desafiante nos novos tempos; é a mentalidade daqueles que se resignam à mediocridade e que não fazem nenhum esforço para que a sua vida faça sentido… A Palavra de Deus que nos é proposta diz-nos: o nosso Deus não Se conforma com a resignação, o comodismo, a instalação, a mediocridade que fazem de nós escravos e que nos impedem de chegar à vida verdadeira, plenamente vivida e assumida; Ele vem ao nosso encontro, desafia-nos a ir mais além, aponta-nos caminhos, convida-nos a crescer e a dar passos firmes e seguros em direção à liberdade e à vida nova… E, durante o caminho, nunca estaremos sozinhos, pois Ele vai ao nosso lado. 
• A ideia de que Deus dá ao seu Povo, dia a dia, o pão necessário para a subsistência (proibindo “juntar” mais do que o necessário para cada dia) pretende ajudar o Povo a libertar-se da tentação do “ter”, da ganância, da ambição desmedida. É um convite, também a nós, a não nos deixarmos dominar pelo desejo descontrolado de posse dos bens, a libertarmos o nosso coração da ganância que nos torna escravos das coisas materiais, a não vivermos obcecados e angustiados com o futuro, a não colocarmos na conta bancária a nossa segurança e a nossa esperança. Só Deus é a nossa segurança, só n’Ele devemos confiar, pois só Ele (e não os bens materiais) nos liberta e nos leva ao encontro da vida definitiva. 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 77 (78) 
Refrão: O Senhor deu-lhes o pão do céu. 

Nós ouvimos e aprendemos,
os nossos pais nos contaram
os louvores do Senhor e o seu poder
e as maravilhas que Ele realizou. 

Deus ordens às nuvens do alto
e abriu as portas do céu;
para alimento fez chover o maná,
deu-lhes o pão do céu. 

O homem comeu o pão dos fortes!
Mandou-lhes comida com abundância
e introduziu-os na sua terra santa,
na montanha que a sua direita conquistou. 

LEITURA II – Ef 4,17.20-24 
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios 
Irmãos:
Eis o que vos digo e aconselho em nome do Senhor:
Não torneis a proceder como os pagãos,
que vivem na futilidade dos seus pensamentos.
Não foi assim que aprendestes a conhecer a Cristo,
se é que d’Ele ouvistes pregar e sobre Ele fostes instruídos,
conforme a verdade que está em Jesus.
É necessário abandonar a vida de outrora
e pôr de parte o homem velho,
corrompido por desejos enganadores.
Renovai-vos pela transformação espiritual da vossa inteligência
e revesti-vos do homem novo, criado á imagem de Deus
na justiça e santidade verdadeiras. 

AMBIENTE 
Continuamos a ler a Carta aos Efésios, essa “carta circular” que Paulo escreve enquanto está na prisão (em Roma, durante os anos 61-63?) e que envia a várias comunidades cristãs da parte ocidental da Ásia Menor. É uma carta (já o dissemos atrás) onde Paulo apresenta, de forma extremamente serena e refletida, uma teologia amadurecida, completa, bem elaborada, sobre as exigências da vida nova em Cristo.
A seção da Carta aos Efésios que vai de 4,1 a 6,20 (já o dissemos também no passado domingo) é um texto parenético, que tem por objetivo principal exortar os cristãos a viverem de forma coerente com o seu Batismo e com o seu compromisso com Cristo. Depois de convidar os crentes a viverem na unidade do amor (cf. Ef 4,1-6) e de lhes apresentar uma reflexão sobre a comunidade, Corpo de Cristo formado por muitos membros (cf. Ef 4,7-13), Paulo exorta os cristãos a viverem de acordo com a sua condição de Homens Novos em Cristo (cf. 4,14-5,14). O texto que nos é hoje proposto como segunda leitura é parte dessa exortação. 

MENSAGEM 
O nosso texto é, fundamentalmente, um convite – feito com a veemência que Paulo usava sempre nas suas exortações – a deixar a vida antiga e os esquemas do passado, para abraçar definitivamente a vida nova que Cristo veio propor.
Paulo usa duas expressões opostas para definir a realidade do homem antes do encontro com Cristo e depois do encontro com Cristo. O homem que ainda não aderiu a Cristo é, para Paulo, o homem velho, cuja vida é marcada pela mediocridade, pela futilidade (vers. 17), pela corrupção, pela escravidão aos “desejos enganadores” (vers. 22). O homem que já encontrou Cristo e que aderiu à sua proposta é o homem novo, que vive na verdade (vers. 21), na justiça e na santidade verdadeiras (vers. 24).
O Batismo – o momento da adesão a Cristo – é o momento decisivo da transformação do homem velho em homem novo. O próprio rito do Batismo (o imergir na água significa o morrer para a vida antiga de pecado; o emergir da água significa o nascimento de um outro homem, purificado do egoísmo, do orgulho, da auto-suficiência, do pecado) sugere a transformação e a ressurreição do homem para uma vida nova – a vida em Cristo. A partir daí, o homem devia adotar uma nova maneira de pensar e de agir, consequência do seu compromisso com Cristo e com a proposta de vida que Cristo veio apresentar.
Contudo, mesmo depois de ter optado por Cristo, o homem continua marcado pela sua condição de debilidade e de fragilidade… Essa condição faz com que, por vezes, sinta a tentação de regressar ao homem velho do egoísmo, do orgulho, do pecado… O crente, animado pelo Espírito é, portanto, chamado a renovar cada dia a sua adesão a Cristo e a construir a sua existência de forma coerente com os compromissos que assumiu no dia do seu Batismo. O homem novo não é uma realidade adquirida de uma vez por todas, no dia em que se optou por Cristo; mas é uma realidade continuamente a fazer-se, que exige um trabalho contínuo e uma constante renovação. 

ATUALIZAÇÃO 
• O cristão é, antes de mais, alguém que encontrou Cristo, que escutou o seu chamamento, que aderiu à sua proposta. A consequência dessa adesão é passar a viver de uma forma diferente, de acordo com valores diferentes, e com uma outra mentalidade. O encontro com Cristo deve significar, para qualquer homem, uma mudança radical, um jeito completamente diferente de se situar face a Deus, face aos irmãos, face a si próprio e face ao mundo. Antes de mais devemos tomar consciência de que também nós encontramos Cristo, fomos chamados por Ele, aderimos à sua proposta e assumimos com Ele um compromisso. O momento do nosso Batismo não foi um momento de folclore religioso ou uma ocasião para cumprir um rito cultural qualquer; mas foi um verdadeiro momento de encontro com Cristo, de compromisso com Ele e o início de uma caminhada que Deus nos chama a percorrer, com coerência, pela vida fora, até chegarmos ao homem novo. 
• Paulo convida insistentemente os crentes a deixar a vida do homem velho… O homem velho é o homem dominado pelo egoísmo, pelo orgulho, que vive de coração fechado a Deus e aos irmãos, que vive instalado em esquemas de opressão e de injustiça, que gasta a vida a correr atrás dos deuses errados (o dinheiro, o poder, o êxito, a moda…), que se deixa dominar pela cobiça, pela corrupção, pela concupiscência, pela ira, pela maldade e se recusa a escutar a proposta libertadora que Deus lhe apresenta. Provavelmente, não nos revemos na totalidade deste quadro; mas não teremos momentos em que construímos a nossa vida à margem das propostas de Deus e em que negligenciamos os valores de Deus para abraçar outros valores que nos escravizam? 
• Paulo apela a que os crentes vivam a vida do homem novo. O homem novo é o homem continuamente atento às propostas de Deus, que aceita integrar a família de Deus, que não se conforma com a maldade, a injustiça, a exploração, a opressão, que procura viver na verdade, no amor, na justiça, na partilha, no serviço, que pratica obras de bondade, de misericórdia, de humildade, que dia a dia dá testemunho, com alegria e simplicidade, dos valores de Deus. É este o meu “projeto” de vida? Os meus gestos e atitudes de cada dia manifestam a realidade de um homem novo, que vive em comunhão com Deus e no amor aos irmãos? 
• Todos nós, no dia do nosso Batismo, optamos pelo homem novo… É preciso, no entanto, termos consciência que a construção do homem novo nunca é um processo acabado… A monotonia, o cansaço, os problemas da vida, as influências do mundo, a nossa preguiça e o nosso comodismo levam-nos, muitas vezes, a instalarmo-nos na mediocridade, nas “meias tintas”, na não exigência, na acomodação; então, o homem velho espreita-nos a cada esquina e toma conta de nós… Precisamos de ter consciência de que em cada minuto que passa tudo começa outra vez; precisamos de renovar continuamente as nossas opções e o nosso compromisso, numa atenção constante ao chamamento de Deus. O cristão não cruza os braços considerando que já atingiu um nível satisfatório de perfeição; mas está sempre numa atitude de vigilância e de conversão, para poder responder adequadamente, em cada instante, aos desafios sempre novos de Deus. 

ALELUIA – Mt 4,4b 
Aleluia. Aleluia. 
Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. 

EVANGELHO – Jo 6,24-35 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João 
Naquele tempo,
quando a multidão viu
que nem Jesus nem os seus discípulos estavam à beira do lago,
subiram todos para as barcas
e foram para Cafarnaum, à procura de Jesus.
Ao encontrá-l’O no outro lado do mar, disseram-Lhe:
«Mestre, quando chegaste aqui?»
Jesus respondeu-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
vós procurais-Me, não porque vistes milagres,
mas porque comestes dos pães e ficastes saciados.
Trabalhai, não tanto pela comida que se perde,
mas pelo alimento que dura até à vida eterna
e que o Filho do homem vos dará.
A Ele é que o Pai, o próprio Deus,
marcou com o seu selo».
Disseram-Lhe então:
«Que devemos nós fazer para praticar as obras de Deus?»
Respondeu-lhes Jesus:
«A obra de Deus
consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou».
Disseram-Lhe eles:
«Que milagres fazes Tu,
para que nós vejamos e acreditemos em Ti?
Que obra realizas?
No deserto os nossos pais comeram o maná,
conforme está escrito:
‘Deu-lhes a comer um pão que veio do céu’».
Jesus respondeu-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu;
meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu.
O pão de Deus é o que desce do Céu
para dar a vida ao mundo».
Disseram-Lhe eles:
«Senhor, dá-nos sempre desse pão».
Jesus respondeu-lhes:
«Eu sou o pão da vida:
quem vem a Mim nunca mais terá fome,
quem acredita em Mim nunca mais terá sede». 

AMBIENTE 
No passado domingo, João contou-nos como Jesus alimentou a multidão com cinco pães e dois peixes, na “outra” margem do Lago de Tiberíades (cf. Jo 6,1-15). Ao “cair da tarde” desse dia, Jesus e os discípulos voltaram a Cafarnaum (cf. Jo 6,16-21).
O episódio que o Evangelho de hoje nos apresenta situa-nos em Cafarnaum, no “dia seguinte” ao episódio da multiplicação dos pães e dos peixes. Nessa manhã, a multidão que tinha sido alimentada pelos pães e pelos peixes multiplicados e que ainda estava do “outro lado” do lago apercebeu-se de que Jesus tinha regressado a Cafarnaum e dirigiu-se ao seu encontro.
A multidão encontra Jesus na sinagoga de Cafarnaum – uma cidade situada na margem ocidental do Lago e à volta da qual se desenrola uma parte significativa da atividade de Jesus na Galileia. Confrontado com a multidão, Jesus profere um discurso (cf. Jo 6,22-59) que explica o sentido do gesto precedente (a multiplicação dos pães e dos peixes). 

MENSAGEM 
A cena inicial (vers. 24) parece sugerir, à primeira vista, que a pregação de Jesus alcançou um êxito total: a multidão está entusiasmada, procura Jesus com afã e segue-O para todo o lado. Aparentemente, a missão de Jesus não podia correr melhor.
Contudo, Jesus percebe facilmente que a multidão está equivocada e que O procura pelas razões erradas. Na verdade, a multiplicação dos pães e dos peixes pretendeu ser, por parte de Jesus, uma lição sobre amor, partilha e serviço; mas a multidão não foi sensível ao significado profundo do gesto, ficou-se pelas aparências e só percebeu que Jesus podia oferecer-lhe, de forma gratuita, pão em abundância. Assim, o fato de a multidão procurar Jesus e Se dirigir ao seu encontro não significa que tenha aderido à sua proposta; significa, apenas, que viu em Jesus um modo fácil e barato de resolver os seus problemas materiais.
Na verdade, o gesto de repartir pela multidão os pães e os peixes gerou um perigoso equívoco. Jesus está consciente de que é preciso desfazer, quanto antes, esse mal-entendido. Por isso, nem sequer responde à pergunta inicial que Lhe põem (“Mestre, quando chegaste aqui?” – vers. 25); mas, mal se encontra diante da multidão, procura esclarecer coisas bem mais importantes do que a hora da sua chegada a Cafarnaum… As palavras que Jesus dirige àqueles que O rodeiam põem o problema da seguinte forma: eles não procuram Jesus, mas procuram a resolução dos seus problemas materiais (vers. 26). Trata-se de uma procura interesseira e egoísta, que é absolutamente contrária à mensagem que Jesus procurou passar-lhes. Depois de identificar o problema, Jesus deixa-lhes um aviso: é preciso esforçar-se por conseguir, não só o alimento que mata a fome física, mas sobretudo o alimento que sacia a fome de vida que todo o homem tem. A multidão, ao preocupar-se apenas com a procura do alimento material, está a esquecer o essencial – o alimento que dá vida definitiva. Esse alimento que dá a vida eterna é o próprio Jesus que o traz (vers. 27).
O que é preciso fazer para receber esse pão? – pergunta-se a multidão (vers. 28). A resposta de Jesus é clara: é preciso aderir a Jesus e ao seu projeto (vers. 28). Na cena da multiplicação dos pães, a multidão não aderiu ao projeto de Jesus (que falava de amor, de partilha, de serviço); apenas correu atrás do profeta milagreiro que distribuía pão e peixes gratuitamente e em abundância… Mas, para receber o alimento que dá vida eterna e definitiva, é preciso, que a multidão acolha as propostas de Jesus e aceite viver no amor que se faz dom, na partilha daquilo que se tem com os irmãos, no serviço simples e humilde aos outros homens. É acolhendo e interiorizando esse “pão” que se adquire a vida que não acaba.
Os interlocutores de Jesus não estão, no entanto, convencidos de que esse “pão” garanta a vida definitiva. Custa-lhes a aceitar que a vida eterna resulte do amor, do serviço, da partilha. O que é que garante, perguntam eles, que esse seja um caminho verdadeiro para a vida definitiva (vers. 30)? Qual a prova de que a realização plena do homem passe pelo dom da própria vida aos demais? Porque é que Jesus não realiza um gesto espectacular – como Moisés, que fez chover do céu o maná, não apenas para cinco mil pessoas, mas para todo o Povo e de forma continuada – para provar que a proposta que Ele faz é verdadeiramente uma proposta geradora de vida (vers. 31)?
Jesus responde pondo a questão da seguinte forma: o maná foi um dom de Deus para saciar a fome material do seu Povo; mas o maná não é esse “pão” que sacia a fome de vida eterna do homem. Só Deus dá aos homens, de forma contínua, a vida eterna; e esse dom do Pai não veio ao encontro dos homens através de Moisés, mas através de Jesus (vers. 32-33). Portanto, o importante não é testemunhar gestos espectaculares, que deslumbram e impressionam mas não mudam nada; mas é acolher a proposta que Jesus faz e vivê-la nos gestos simples de todos os dias.
A última frase do nosso texto identifica o próprio Jesus, já não com o “portador” do pão, mas como o próprio pão que Deus quer oferecer ao seu Povo para lhe saciar a fome e a sede de vida (vers. 35). “Comê-lo” será escutar a sua Palavra, acolher a sua proposta, assimilar os seus valores, interiorizar o seu jeito de viver, fazer da vida (como Jesus fez) um dom total de amor aos irmãos. Seguindo Jesus, acolhendo a sua proposta no coração e deixando que ela se transforme em gestos concretos de amor, de partilha, de serviço, o homem encontrará essa “qualidade” de vida que o leva à sua realização plena, à vida eterna. 

ATUALIZAÇÃO 
• O caminho que percorremos nesta terra é sempre um caminho marcado pela procura da nossa realização, da nossa felicidade, da vida plena e verdadeira. Temos fome de vida, de amor, de felicidade, de justiça, de paz, de esperança, de transcendência e procuramos, de mil formas, saciar essa fome; mas continuamos sempre insatisfeitos, tropeçando na nossa finitude, em respostas parciais, em tentativas falhadas de realização, em esquemas equívocos, em falsas miragens de felicidade e de realização, em valores efémeros, em propostas que parecem sedutoras mas que só geram escravidão e dependência… Na verdade, o dinheiro, o poder, a realização profissional, o êxito, o reconhecimento social, os prazeres, os amigos são valores efémeros que não chegam para “encher” totalmente a nossa vida e para lhe dar um sentido pleno. Como podemos “encher” a nossa vida e dar-lhe pleno significado? Onde encontrar o “pão” que mata a nossa fome de vida? 
• Jesus de Nazaré é o “pão de Deus que desce do céu para dar a vida ao mundo”. É esta a questão central que o Evangelho deste domingo nos propõe. É em Jesus e através de Jesus que Deus sacia a fome e a sede dos homens e lhes oferece a vida em plenitude. Isto leva-nos às seguintes questões: que lugar é que Jesus ocupa na nossa vida? Ele é, verdadeiramente, a coordenada fundamental à volta da qual construímos a nossa existência? Para nós, Jesus é uma figura do passado (embora tenha sido um homem excepcional) que a história absorveu e digeriu, ou é o Deus que continua vivo e a caminhar ao nosso lado, oferecendo-nos vida em plenitude? Ele é “mais uma” das nossas referências (ao lado de tantas outras) ou a nossa referência fundamental? Ele é alguém a quem adoramos, com respeito e à distância, ou o irmão que nos indica o caminho, que nos propõe valores, que condiciona a nossa atitude face a Deus, face aos irmãos e face ao mundo? 
• O que é preciso fazer para ter acesso a esse “pão de Deus que desce do céu para dar a vida ao mundo”? De acordo com o Evangelho deste domingo, a resposta é clara: é preciso aderir (“acreditar”) a Jesus, o “pão” que o Pai enviou ao mundo para saciar a fome dos homens. Aderir a Jesus é escutar o seu chamamento, acolher a sua Palavra, assumir e interiorizar os seus valores, segui-l’O no caminho do amor, da partilha, do serviço, da entrega da vida a Deus e aos irmãos. Trata-se de uma adesão que deve ser consequente e traduzir-se em obras concretas. Não chegam declarações de boas intenções, ou atos institucionais que nos fazem constar dos livros de registo da nossa paróquia; aderir a Jesus é assumir o seu estilo de vida e fazer da própria vida um dom de amor, até à morte. 
• No Evangelho deste domingo, Jesus mostra-Se profundamente incomodado quando constata que a multidão o procura pelas razões erradas e, sem preâmbulos, apressa-Se em desfazer os equívocos. Ele não quer, de forma nenhuma, que as pessoas O sigam por engano, ou iludidas. Há, aqui, um convite implícito a repensarmos as razões porque nos envolvemos com Cristo… É um equívoco procurar o Batismo porque é uma tradição da nossa cultura; é um equívoco celebrar o matrimônio na Igreja porque, assim, a cerimônia é mais espetacular e proporciona fotografias mais bonitas; é um equívoco assumir tarefas na comunidade cristã para nos auto-promovermos ou para resolvermos os nossos problemas materiais; é um equívoco receber o sacramento da Ordem porque o sacerdócio nos proporciona uma vida cômoda e tranquila; é um equívoco praticarmos certos atos de piedade para que Jesus nos recompense, nos livre de desgraças, nos pague resolvendo algumas das nossas necessidades materiais… A nossa adesão a Jesus deve partir de uma profunda convicção de que só Ele é o “pão” que nos dá vida. 
• A recusa de Jesus em realizar gestos espectaculares (como fazer o maná cair do céu), mostra que, normalmente, Deus não vem ao encontro do homem para lhe oferecer a sua vida em gestos portentosos, que deixam toda a gente espantada e que testemunham, de forma inequívoca, a sua presença no mundo; mas Deus atua na vida do homem de forma discreta, embora duradoura e permanente. Deus vem, todos os dias, ao encontro do homem e, sem forçar nem se impor, convida-o a escutar a Palavra de Jesus, propõe-lhe a adesão a Jesus e ao seu projeto, ensina-lhe os caminhos do amor, da partilha, do serviço. Convém que nos familiarizemos com os métodos de Deus, para o conseguirmos perceber e encontrar, no caminho da nossa vida. 

UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES 
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909

segunda-feira, 30 de julho de 2012

NOTÍCIAS: FOTOS DA 2ª MISSA SERTANEJA

No dia 29 de julho, na igreja Santo André, às 19h, aconteceu a 2ª Missa Sertaneja, presidida pelo pároco Padre Rubens. A celebração bem preparada pela equipe da Família JUSAN, envolvendo dezenas de pessoas na preparação e execução, após a missa houve a confraternização no salão de eventos. Vejam as fotos postadas pela Denise Goulart.











 





 


ARTIGOS: DIVORCIADOS E RECASADOS DIANTE DOS SACRAMENTOS


Pe. Luís Corrêa Lima sj


Este assunto é muito importante devido ao grande número de pessoas separadas e divorciadas. Este número também é grande entre cristãos católicos, muitos dos quais têm formação e princípios cristãos, prática religiosa e um ardente desejo de participar dos sacramentos.
Sobre este tema há muitas publicações de teólogos, pastores, especialistas em Direito Canônico e, sobretudo, pronunciamentos do Papa e dos bispos. O assunto é controvertido e não pretendemos resolvê-lo, mas mostrar como se coloca a questão e dar elementos para o discernimento dos católicos envolvidos nessa situação.
Desde o princípio a Escritura afirma o valor da união conjugal e da família. No relato da criação da humanidade se lê que Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, o fez homem e mulher, e lhes disse:"crescei-vos e multiplicai-vos; enchei a terra..."(Gn 1,26-28). Da união do homem e da mulher se diz: "serão os dois uma só carne"(Gn 2,24).
O matrimônio é santificado e a sua fecundidade é uma bênção divina. Ele se torna símbolo do amor de Deus pelo seu povo eleito, Israel. A relação de Deus com Israel é compreendida como uma aliança, e a sua representação é o matrimônio. Israel é a esposa de Javé (Is 62, 4-5). Por conseguinte, o culto aos deuses estrangeiros é infidelidade à aliança e adultério (Ez 16; Os 2). 
Entretanto, o problema do divórcio surgiu. Se depois do casamento, a mulher não mais encontra "graça aos olhos do marido", ele podia despedi-la de casa, fazendo uma ata de divórcio (Dt 24,1). Daí em diante, ele podia se casar novamente, e ela também. Somente o marido podia tomar a iniciativa. A sociedade era patriarcal. 
Uma questão ficava pendente: o que é exatamente "não encontrar graça aos olhos do marido"? Os rabinos se dividiam na interpretação da Torá (lei de Moisés). Esta discussão era bastante viva no tempo de Jesus. Alguns rabinos (a escola de Shammai) restringiam a cláusula ao adultério somente. Outros (a escola de Hillel) espandiam a cláusula aos motivos mais fúteis (se a mulher deixasse de ser bela, tivesse deixado queimar a comida, tivesse verrugas ou mau hálito...) O divórcio fragilizava muito a mulher, pois a sociedade era masculina, e ela dependia do homem. A mulher despedida pelo homem estava exposta à miséria, à mendicância e à prostituição. Tal era a situação das viúvas, que por não terem marido, tinham dificuldade de sobreviver, pois não havia pensão do Estado. Na pregação social dos profetas se defendia o órfão, o estrangeiro e a viúva, porque eram os grupos sociais mais fragilizados, mais expostos à miséria e à opressão.
Estes dados são importantes para entendermos o contexto que Jesus encontrou, o problema com o qual se deparou, e o alcance do seu ensinamento.A palavra de Jesus não é descontextualizada nem a-histórica. Ele não paira sobre a história, mas se insere nela e anuncia o Reino de Deus.
O Novo Testamento (NT) nos apresenta Jesus como plenitude da revelação divina e cumprimento das promessas feitas à Israel. Ele é o Messias, o Senhor, o caminho definitivo da salvação. Ele é o critério definitivo de compreensão da Torá (lei) e dos profetas. Ele é o Senhor da criação e o Senhor da história. Entretanto a sua manifestação se faz dentro da história e tem suas marcas.
A moral de Cristo está alicerçada no amor ao próximo, critério de toda a lei e da relação com Deus: "nisto conhecerão que são meus discípulos que vos ameis uns aos outros" (Jo 13,35). Todos os mandamentos se resumem neste: amar ao próximo como a si mesmo. "Quem ama o próximo cumpriu a lei" (Rm 13,8-10). Os outros mandamentos só tem valor se forem uma mediação deste amor. Se não, não tem valor para o cristão. A Lei foi feita para o homem e não o homem para a Lei (Mc 2,27-28). Ela não é um capricho divino para oprimir o homem, mas um caminho para salvá-lo e dignificá-lo.
O NT santifica o matrimônio, seguindo a linha do Antigo. O matrimônio é sinal do amor de Cristo pela Igreja (Ef 5), da união do Senhor e do novo Israel. A novidade de Jesus é a afirmação da indissolubilidade do matrimônio e uma proibição categórica do divórcio (Mt 19,1-12; Mc 10,1-12; Lc 16,18; Rm 7,2-3; 1Cor 7,10-11). A sua referência principal é justamente o relato da criação, onde se diz que o homem e a mulher se unem e se tornam "uma só carne". E o que Deus uniu, o homem não deve separar.
Os textos citados têm uma convergência que mostra um  ensinamento inequívoco do Senhor e também a prática da Igreja primitiva, dos primeiros cristãos. Os textos do NT são memória de Jesus e ao mesmo tempo catequese da comunidade, que reflete a sua compreensão e a sua prática.
Sobre o divórcio, há duas exceções no NT: uma está no Evangelho de Mateus (5,32; 19,9) e outra em Paulo (1Cor 7,12-16). Em Mateus está dito: "todo aquele que repudiar a sua mulher, exceto por motivo de fornicação, e desposar uma outra, comete adultério". Isto revela a interpretação de Mateus e sua comunidade sobre o ensinamento de Jesus. O matrimônio é indissolúvel, sim. Ele realiza a vontade do Criador. No entanto, ele também é santo. E o adultério e o comportamento gravemente imoral quebram a santidade e a unidade do matrimônio. Marido e mulher estão unidos para sempre, mas somente no amor e na fidelidade. Quando uma parte escolhe o caminho da infidelidade, a outra pode e deve separar-se.
Na verdade, Mateus atenua o radicalismo de Jesus. Isto pode ser visto também em outra passagem, no Evangelho de Lucas, onde Jesus diz: "Se alguém vem a mim, mas não odeia pai e mãe, mulher e filhos, irmãos e irmãs, e até a si mesmo, não pode ser meu discípulo" (14,26). O Evangelho de Mateus coloca da seguinte maneira a mesma afirmação: "Quem ama o pai ou a mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama o filho ou a filha mais que a mim, não é digno de mim" (10,37). Em Mateus a exigência de Jesus está colocada de maneira mais razoável e menos chocante. Isto acontece também em relação ao divórcio: Mateus atenua o radicalismo de Jesus e torna mais razoável a sua exigencia (Cf. nota "Matrimônio e divócio na Igreja de Mateus" in: BARBAGLIO,G. et alli, Os Evangelhos (I), São Paulo, Loyola, 1990, 295-298).
O NT é inspirado pelo Espírito Santo, portanto Mateus tem autoridade para isso.E em tudo isso, é possível ver a gênese da Igreja primitiva, que vai se apropriando do ensinamento de Jesus de modo criativo, adaptando-o às circunstâncias, re-interpretando a mensagem diante de uma nova situação, mantendo a fidelidade ao Espírito de Cristo e ao núcleo de sua mensagem.Cristo e o cristianismo não são fundamentalistas. A fidelidade a Deus não é seguir um código de leis imutáveis ao pé da letra, mas amar e seguir uma pessoa que nos mostra que a lei é feita para o homem, e que a misericórdia tem prioridade na conduta humana e na relação com Deus. A re-interpretação criativa da lei faz parte da mensagem de Cristo. A fidelidade intransigente e opressora não são o Espírito do Evangelho.
A outra exceção é a de Paulo (1Cor 7,12-16). Trata-se de casamentos mistos, em que um dos cônjuges é convertido, e o outro não; de modo que um é cristão, e o outro não. Se o cônjuge não-cristão consente em viver com o cônjuge cristão, este não deve repudiá-lo. Se o cônjuge não-cristão quer se separar, o cônjuge cristão pode aceitar, pois neste caso "não estão ligados". A razão é que "foi para viver em paz que Deus nos chamou". Critério de Paulo: Deus nos chamou para viver em paz. Este é um critério inspirador para pastoral matrimonial - possibilitar às pessoas viverem em paz. O NT foi determinante na prática da Igreja ao longo de sua história.
A Igreja sempre afirmou a indissolubilidade do matrimônio como mandamento do Senhor, expresso na Sagrada Escritura. Entretanto há uma distinção entre doutrina e aplicação prática, entre princípio e ação pastoral. A ação  pastoral deve levar em conta não somente a norma, mas também as circunstâncias concretas de pessoas e comunidades.
As exceções à indissolubilidade também tiveram lugar na história da Igreja. Elas se encontram em alguns dos chamados Padres da Igreja (teólogos cristãos dos primeiros séculos), como Santo Ambrósio, São João Crisóstomo e São Gregório Nazianzeno.
No Séc.VIII, S. Bonifácio, bispo na Alemanha, consultou Roma sobre o caso de um homem casado que tinha uma mulher doente mental e estava constrangido a viver em continência sexual. A consulta foi se ele podia ter uma segunda mulher, se chegasse à conclusão de que era impossível viver em continência. Aresposta de Roma, no pontificado de Gregório II, foi que sim, lembrando porém o dever do casado de amparar a mulher rejeitada.
No segundo milênio, a cristandade foi tomando caminhos diferentes no Oriente e no Ocidente. O Ocidente, marcado pela mentalidade latina, bastante jurídica, foi disciplinando o casamento no direito eclesiástico. No século XII, surgiu o rito do matrimônio tal como nós conhecemos. Anteriormente, as pessoas se casavam segundo o costume de suas respectivas tradições.
Ainda hoje há uma exceção ao rito do matrimônio: nos lugares onde não há sacerdote nem ministro do matrimônio, ou há pouca assistência, onde ele vá menos de uma vez por mês, duas pessoas podem se unir em matrimônio sem a sua presença, e esta união matrimônio é valida perante a Igreja como sacramento (Código de Direito Canônico, Cân. 1116). É uma mostra de que o sacramento do matrimônio não está no rito, mas na vida. O rito é uma celebração daquilo que se vive, não uma necessidade intrínseca do sacramento.O sacramento do matrimônio não é um fluído invisível que emana das mãos do sacerdote no instante da celebração do rito, mas é uma união de duas pessoas que se entregam uma a outra; e celebram esta união na fé e na presença da comunidade cristã, pedindo a bênção de Deus.
A cristandade oriental, ao contrário da mentalidade jurídica do ocidente, desenvolveu o princípio da economia. Consiste em que Deus é um bom administrador (ecônomo) e a Igreja deve exercer a misericórdia nos casos limites em que se esgotam todos os outros recursos. A Igreja deve ter a atitude do bom pastor. Aplicando-se este princípio à questão do divórcio, se aceitam exceções à indissolubilidade e se celebra um segundo matrimônio.           
Pertencem à cristandade oriental as Igrejas Ortodoxas e a Igreja Católica de rito oriental. No século XVI, a Igreja Católica realizou o concílio de Trento. O seu principal objetivo era reagir à Reforma protestante, considerada heresia. Dentre as heresias da Reforma estava a contestação dos sacramentos e da autoridade da Igreja. Os protestantes aceitavam o divórcio em certas circunstâncias.
A reação católica foi de afirmar a autoridade da Igreja, afirmar o valor dos sacramentos e condenar as posições dos protestantes. O Concílio afirmou a indissolubilidade do matrimônio e quis condenar o divórcio. No entanto, alguns de seus membros lembraram que esta condenação não podia ir de encontro à pratica das Igrejas Orientais Católicas, que já tinham longa tradição de tolerância e sempre foram ligadas a Roma. O texto foi modificado e a sua forma final foi uma afirmação da doutrina da indissolubilidade, sem condenar a prática das Igrejas Orientais, que mantiveram o seu costume. Isto mostra que a doutrina da Igreja sempre foi de afirmação da indissolubilidade, mas também que a sua ação pastoral sempre teve bolsões de tolerância.
O magistério e o debate contemporâneo. O magistério é o ensinamento oficial da Igreja. O magistério é exercido pelo Papa e pelos bispos católicos. O Papa João Paulo ll escreveu uma carta pastoral sobre a família, em 1981, que se chama Familiaris consortio (Comunidade ou associação familiar). Aí são tratados também os problemas de separação e divórcio.
Há muitos pontos importantes que poucos católicos conhecem. Muitos acham que a separação, por si só, é um pecado que impede a participação nos sacramentos. Não é. O papa diz que "motivos diversos, quais incompreensões recíprocas, incapacidade de abertura a relações interpessoais, etc..., podem conduzir dolorosamente o matrimônio válido a uma fratura muitas vezes irreparável. Obviamente que a separação deve ser considerada remédio extremo, depois que se tenham demonstrado vãs todas as tentativas razoáveis". O papa reconhece portanto, que mesmo um matrimônio válido pode sofrer "fraturas irreparáveis" que justifiquem a separação. A separação não é obstáculo a participação dos sacramentos (n.83). É muito  importante que os fiéis católicos saibam disto, pois muitos casos de afastamento da Igreja se devem à pura ignorância. E há também clérigos que não conhecem o ensinamento da Igreja e contribuem para o afastamento dos fiéis.
Aos divorciados que contraem nova união, o papa dirige uma palavra de acolhida e conforto: "exorto vivamente os pastores e a inteira comunidade dos fiéis a ajudar os divorciados, promovendo com caridade solícita que eles não se considerem separados da Igreja, podendo, e melhor devendo, enquanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e a obras de penitência para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus. Reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança"(n.84). Trata-se de uma grande abertura, de uma palavra bastante acolhedora que contrasta com o discurso moralista e condenatório que muitas vezes já presenciamos em ambientes católicos e nos púlpitos.
Quanto à participação nos sacramentos, ela não é permitida aos divorciados que contraem nova união nem aos seus cônjuges. O papa considera que este estado de vida contradiz a união de amor entre Cristo e a Igreja, significada na Eucaristia. Considera também que se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio.
Este posicionamento do pontífice fez avançar bastante a posição da Igreja e sua prática pastoral, no entanto ainda restam problemas. Há muitas pessoas de fé profunda e de grande generosidade que sofrem muito por não poderem participar da Eucaristia. Algumas alternativas se apresentam.
O casamento na Igreja é regulado por uma legislação eclesiástica chamada Direito Canônico. O Código de Direito Canônico prevê casos em que um matrimônio pode ser declarado nulo. Tecnicamente não é uma anulação do casamento, mas sim uma declaração de nulidade, ou seja, juridicamente o matrimônio nunca existiu. Há uma série de razões que tornam nulo o casamento religioso. Elas podem ser agrupadas em três grupos: as falhas do consentimento, os impedimentos dirimentes e a falta da forma canônica na sua celebração. Muitas incompatibilidades radicais da vida em comum, que trazem separação, podem ser enquadradas nas causas de nulidade. Muitas imaturidades dos cônjuges também.
As causas de nulidade matrimonial são tantas que quase todas as separações conjugais estão ligadas a elas. É possível ver em quase todas as separações indícios de nulidade. Especialistas em direito canônico dizem que 80 a 95 por cento dos matrimônios são nulos. É um número impressionante, mas real. Mesmo que posteriormente muitos dêem certo, a sua consumação não se deu na época do casamento, mas muito depois.
Para iniciar o processo de nulidade matrimonial, um dos conjunges deve procurar o tribunal eclesiástico da sua diocese. O processo dura em média um ano. Ao obterem a declaração de nulidade, os ex-cônjuges podem se casar novamente na Igreja. Juridicamente são solteiros. Maiores informações sobre este assunto podem ser encontradas no livro de Jesus Hortal: Casamentos que nunca deveriam ter existido (São Paulo, Loyola, 1987). É um livro breve e elucidador. O título, entretanto, é questionável. Muitos problemas e incompatibilidades da vida conjugal só podem ser avaliados com o passar do tempo, e não a priori. Supor que tais casamentos ‘nunca deveriam ter existido’, nós parece um certo exagero, além de sugerir que os filhos (quando houver) ‘nunca deveriam ter nascido’.
A solução canônica não resolve todos os problemas no campo das separações. Se todos os casais separados procurassem o tribunal eclesiástico em busca da nulidade, não haveria como atender a todos os casos. Além do mais, há muitas separações dolorosas que já enfrentaram o processo civil. Submetê-las a um novo processo judiciário, a mais depoimentos e interrogatórios, pode causar mais sofrimentos a pessoas já bastante machucadas. Há feridas que ainda dóem muito e não convém mexer novamente. São situações em que as circunstâncias pastorais desaconselham. Alguns processos podem demorar muitos anos e complicar a vida dos separados. Há ainda casos em que é impossível se provar a nulidade de um matrimônio. Diante disso, é necessário pensar em novas alternativas.
O Pe. Bernard Häring, redentorista alemão e renomado teólogo moral, abordou o problema. Ele foi um dos grandes renovadores da moral católica. Nos anos 50 escreveu A Lei de Cristo, considerada um divisor de águas. Anos depois, colaborou no concílio Vaticano II. No final de sua vida, já enfermo, resolveu escrever um opúsculo sobre a questão dos divorciados e os sacramentos, com a intenção de lhes dirigir uma palavra de simpatia e de encorajamento. O livro se chama: Existe saída? Para uma pastoral dos divorciados (São Paulo, Loyola, 1990). Ele  escreve como "uma preparação imediata para a morte, com firme confiança na promessa do senhor: 'Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia' (Mt 5,7)". 
Um dos pontos importantes é a indissolubilidade do matrimônio entendida como ‘preceito’. Häring afirma que há dois tipos de preceito: o preceito-meta e o preceito-limite. O preceito-meta é um ideal, e o preceito-limite é a lei. Ocasamento indissolúvel é Evangelho (Boa-Nova), está no nível da graça, é dom de Deus. É um preceito-meta, um ideal que nem todos são capazes de alcançar; e não se pode realizá-lo por força de lei, seja civil ou canônica.
Diante de separações em que é muito difícil e complexo se obter a nulidade, Häring recomenda que, em caso de nova união, os fiéis podem receber os sacramentos, desde que não haja escândalo na comunidade eclesial. O novo casal deve expor a sua situação a um sacerdote experimentado nestas questões, que possa recomendar a sua admissão aos sacramentos. 
O magistério da Igreja é também o ensinamento dos bispos, que deve levar em conta as circunstâncias das Igrejas locais, como a diversidade de mentalidades e de condicionamentos culturais. Recentemente os bispos alemães do Reno Superior publicaram uma carta pastoral sobre os divorciados recasados(julho de 1993. Tradução: Sedoc 242 (1994), 423-438). Afirmam que se pode conceder a eles a comunhão, desde que observadas certas condições, como a boa consciência da pessoa e a certeza de que não se causará escândalo na comunidade eclesial. Basicamente assumem a mesma posição de Häring. Um dos signatários da carta é dom Karl Lehmann, presidente da Conferência dos Bispos da Alemanha.
Há um número significativo de bispos, párocos e comunidades eclesiais em todo o mundo que adotam esta mesma posição. Ao que tudo indica, em muitas comunidades e ambientes eclesiais, a comunhão de divorciados recasados não causa escândalo; pelo contrário, é vista até com simpatia por muitos fiéis.
É tarefa da Igreja local buscar a inculturação da fé, isto é, expressá-la numa cultura diferente. Isto exige um trabalho de re-interpretação do conteúdo da fé e suas incidências morais, levando em conta um novo ambiente cultural. Esta inculturação conduz a novas formas de expressão, que fazem sentido para aqueles que participam do contexto cultural. Este é um dos grandes temas da pregação do Papa João Paulo II - a necessidade de inculturação. Não é abandono da fé, mas uma adaptação que é fiel ao essencial no Evangelho.
Nós vivemos numa nova cultura, que muitos chamam ‘pós-moderna’. Ela se diferencia bastante do passado recente, de duas gerações anteriores. Tais mudanças culturais também exigem o trabalho de inculturação da fé, que passa pela moral sexual e matrimonial. Este trabalho implica reconstrução e a preservação da família num mundo que mudou, que não volta mais a ser o que era. Os cristãos podem desempenhar aí um papel fundamental, com discernimento e sensibilidade para os sinais dos tempos.
Karl Rahner, um dos grandes teólogos do século XX, nos dá uma importante contribuição neste debate, trabalhando o conceito de cristão adulto. O que significa ser cristão adulto? A maioridade é a auto-determinação da pessoa. Existe uma maioridade civil, profissional, afetiva, familiar, política, etc...  A pessoa adulta muitas vezes deve tomar decisões em situações complexas, onde as normas gerais da sociedade e das instituições não decidem por ela e nem prevêem de maneira adequada todas as circunstância. As normas podem servir como referência, mas não substituem o juízo e a decisão pessoal. Na vida cristã, o fiel também encontra situações em que deve tomar decisões sérias, em que outros não podem decidir por ele, nem mesmo a Igreja. Aí o fiel deve ser adulto também como cristão, colocando-se diante de Deus e de sua consciência, escolhendo o que for melhor e assumindo as consequências.
Para Rahner, se alguém sabe, diante de Deus e de sua própria consciência examinada com honradez, que seu matrimônio é inválido também segundo a doutrina geral da Igreja, mas não pode demostrá-lo diante do foro eclesiástico enão obtem a autorização para contrair um novo matrimônio, então deve casar-se somente no civil e está justificado também diante de Deus (RAHNER, Karl, "El cristiano mayor de edad" in: Razón y Fe (1/1982), 43). Ser adulto às vezes é se encontrar só, sem o respaldo dos outros. Ser cristão adulto é se expor à essa solidão, sem o respaldo eclesial desejado, mas é olhar para Deus e para o mundo com responsabilidade.
Nesta comunicação, não pretendemos resolver o problema dos divorciados na Igreja, nem tomar partido nas diversas posições e nem dizer a última palavra sobre a questão. O que desejamos é ajudar a esclarecer a consciência dos fiéis e mostrar como o problema se coloca na Igreja. Dando elementos para a reflexão dos fiéis, podemos favorecer a ação do Espírito de Deus, que sopra onde quer, conduzindo o povo santo e pecador dos caminhos tortuosos da história rumo à casa do Pai.

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 Pe. J. Ramón F. de la Cigoña sj