Um catequista precisa ser antes
de tudo, um líder. E liderar não é fazer. Liderar é fazer fazer. E
ninguém faz com que os outros façam alguma coisa sem um trabalho conjunto e de
equipe. E criar uma equipe significa engajar, capacitar e, acima de tudo,
inspirar. Líderes devem inspirar pessoas.
Na medida em que vamos nos envolvendo
nesta linda missão que nos é confiada, Deus parece ampliar seu
chamado. E quando nos damos conta, já estamos completamente envolvidos. Quem
descobre a bênção que é servir e trabalhar em prol de um projeto diferente, não
recua, mas sim, avança.
Quando chegamos nesta
estágio, muita coisa muda. Chega um ponto no trabalho de um líder que é não é
mais suficiente inspirar quem faz. Torna-se necessário inspirar quem inspira
quem faz. É o tamanho da missão que muda. Começamos a perceber a magnitude da
missão e da nossa capacidade de envolvimento. Um líder precisa saber lidar com
as exigências e aí, terá que saber trabalhar muito bem com a equipe que tem ao
seu lado.Empoderar outras pessoas, fazê-las fazer, inspirar quem inspira quem
faz. Ao líder, torna-se imprescindível formar pessoas capazes de ampliar os
horizontes, mantendo as conquistas, avaliando a caminhada, corrigindo rumos que
precisam ser corrigidos, e encorajando a equipe a continuar caminhando.
Nem sempre as pessoas se
dão conta do quanto são importantes para o
projeto do Pai. Falta a percepção de que o convite que foi
feito, não é humano, mas divino. Eis a razão pela qual,
muitos cristãos ficam zanzando para lá e para cá, agindo apenas na casca, no
externo, sem a verdadeira radicalidade que exige o discipulado.
Falta o envolvimento verdadeiro,
concreto, a ponto de fazer com que outros também façam, que inspira
e encoraja, que eleva e empodera.
Não existe missão evangelizadora
sem que surjam outros seguidores. Líderes precisam de seguidores. Liderar
necessita de opção concreta, além de conhecimento, estudo, aprendizado,
dedicação e, principalmente, o gosto pelas pessoas.
De uma vez por todas, precisamos
assumir com coragem e ardor a condição e a atitude de discípulos. É
a prática do Evangelho e não apenas a teoria.
O Doutor em Teologia José Comblin
diz no livro Evangelizar, publicado pela Paulus em 2010, que o Evangelho de
Jesus fica escondido para as pessoas que não o praticam. Segundo ele, existe o privilégio
da ação ou da prática. “Quem não começa a agir como discípulo não pode entender
nada. Pois é agir como discípulo, a ação que consiste em seguir Jesus na
verdadeira lei do Pai, que fornece a chave do Evangelho. Quem não procura se
empenhar ou se comprometer nunca chegará a ver nada daquilo que Jesus
proclama”, diz Comblin.
E ele diz mais. “O discípulo é
uma pessoa comprometida, engajada de modo definitivo e radical. Para ser
discípulo, é preciso dedicar-se totalmente a essa tarefa e deixar tudo o que
for obstáculo. Ser discípulo torna-se norma última. O que caracteriza o
discípulo é a sua radicalidade.”
É desafiador para um reles
catequista viver a radicalidade do evangelho. Ser radical
, nesse caso, significa comprometer-se. Comprometimento tem a ver com mudanças
profundas no próprio comportamento. Passa também pela coragem de
agir, de denunciar o que não faz parte do projeto do Pai e, ao mesmo tempo,
pela humildade de saber se relacionar e aprender com a caminhada. Um líder não
é o dono da verdade.
O discípulo é um eterno aprendiz.
O evangelho é um convite para sermos aprendizes. O discípulo não pode ter a
pretensão de ser grande, porque sempre está na condição das crianças que
aprendem: “Se não nos tornardes como crianças, não podereis entrar no reino dos
céus” (Mt 18,3) O líder precisa ter consciência que não será
eterno nem infalível. Cedo ou tarde, ele precisará ser substituído, temporária
ou definitivamente. É assim que as coisas funcionam na nossa vida pastoral.
Infelizmente, alguns sentem-se eternos nos cargos que ocupam na comunidade. Com
isso, não abrem caminhos, não formam novas lideranças, ficam avessos a novas
idéias. E não surgem novos líderes, novos apaixonados pela missão, novas
pessoas engajadas e imbuídas do mesmo espírito que nos fez permanecer até então
na caminhada.
Um catequista precisa ser antes
de tudo, um líder. E liderar não é fazer. Liderar é fazer fazer. Mas ninguém
faz sozinho. É preciso caminhar em
equipe. E criar uma equipe significa engajar, capacitar e,
acima de tudo, inspirar.
Líderes devem inspirar pessoas.
E eternos aprendizes.
E radicais na obediência do evangelho.
Se não for assim, não é missão,
nem mesmo discipulado.
É tarefa que qualquer um faz, de
qualquer jeito!
Alberto Mezeguzzi
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(*A parte de liderança
deste texto foi inspirada num artigo de Eugênio Mussak, publicado na página 134
da Revista Você S/A, edição de novembro de 2010. Li, gostei e fiz algumas
adaptações)
(* A parte sobre discipulado
neste texto foi inspirada no livro do Teólogo José Comblin chamado EVANGELIZAR,
páginas 26 e 27. O livro é leitura obrigatória para todos os catequistas, ou
alguém que atua como catequistas acha que não é necessária nenhuma leitura ou
estudo? O livro EVANGELIZAR foi publicado pela Paulus em 2010)
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