Histórico

A Paróquia Santo André, foi desmembrada da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, fundada em 20 de junho de 1971, tem como padroeiro o Apóstolo André, santo que a Igreja celebra sua memória no dia 30 de novembro, data de seu martírio. No dia 30 de novembro de 2014, Dom Redovino Rizzardo elevou à qualidade de paróquia, nomeando o primeiro pároco, o Padre Otair Nicoletti. A equipe de Coordenação do Conselho Comunitário de Pastoral - CCP está formada pelas seguintes pessoas: Coordenação: Laudelino Vieira, Paulo Crippa; Assuntos Econômicos: José Zanetti, Valter Claudino; Secretaria: Marcus Henrique e Naiara Andrade.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

ARTIGOS: OS SETE DONS DO ESPÍRITO

Muito já se ouviu dizer sobre os dons e as virtudes, mas nem por isso se pode afirmar que as pessoas entendem, de fato, o que eles significam para a sua vida. Parece algo distante, reservado somente para alguns poucos privilegiados, os que tiveram a sorte de ser beneficiado por uma dádiva de Deus, como se dons e virtudes fossem prêmios concedidos por uma espécie de uma loteria divina. Já ouvi muita gente dizer que não tem nenhum dom e que desconhece suas próprias virtudes. Afirmar coisas deste tipo nem sempre significa humildade, mas, sim, desconhecimento do seu verdadeiro significado. É disso que vou falar neste pequeno texto, buscando mostrar como os dons e as virtudes fazem parte da nossa vida e como podemos usufruir dessas qualidades divinas concedidas a nós, humanos, tornando-nos, assim, mais próximos de Deus. 

1) Sabedoria: 
Sabedoria não é apenas a soma de conhecimentos, mas, sim, de como procedemos para adquirir conhecimento. É algo a ser exercitado, aprendido porque ninguém nasce sábio, mas se torna sábio. Segundo a Bíblia, a sabedoria vem de Deus (cf. Is 11, 1-22) e nos é dada como um dom, uma pedra preciosa a ser lapidada ao longo da nossa vida. À medida que vamos lapidando essa pedra preciosa devemos colocá-la em prática e, assim, ir transformando o mundo em que vivemos, fazendo dele uma sociedade alicerçada na justiça porque a justiça é fruto da sabedoria. É sábio aquele que pratica a justiça porque a justiça defende a vida e a vida é o bem supremo, a maior preciosidade. Sabedoria e justiça são conceitos inseparáveis. José era um homem sábio porque era justo (Mt 1, 19). Salomão era justo porque era sábio (1Rs 3, 5-14). Quem promove a justiça promove a vida e quem promove a vida dá provas de sua sabedoria. Quem é sábio, diz Isaias (11, 3) não julga as coisas pela aparência, nem dará a sentença só por ouvir. Quem age desta forma não age com sabedoria. Quem é sábio julga os fracos com justiça, dá sentenças retas aos pobres, defende os indefesos contra os violentos. Quem é sábio faz da justiça a correia que cinge a sua cintura, isto é, está sempre a serviço da justiça, sendo fiel a ela em quaisquer circunstâncias. O sábio sabe que a justiça é o meio mais eficaz para implantar a paz e a harmonia sobre a terra, mesmo que isso possa parecer algo que não lhe traga benefício pessoal. Todo aquele que cultiva a sabedoria no jardim de sua vida, colhe como resultado a felicidade. Sabedoria é, portanto, à busca da felicidade e para se obter felicidade é preciso o dom do entendimento. 

2) Entendimento: 
Somos chamados à perfeição. O entendimento é um dos sete dons que recebemos no processo de completude dessa perfeição. O dom do entendimento, também chamado "dom da inteligência" ou "dom do discernimento", tem estreita relação com o dom da sabedoria. É ele quem nos proporciona uma compreensão mais profunda das coisas, além daquilo que elas revelam na sua aparência. Com o dom do entendimento podemos compreender as verdades reveladas, contudo, sem desvendar os seus mistérios, pois são os mistérios que tornam as coisas encantadas. Através do dom do entendimento, conhecemos as coisas, os outros e passamos a nos conhecer mais profundamente e, assim, reconhecemos a profundidade de nossas limitações e misérias, o que nos faz mais humildes e nos ensina a curvar diante do mistério insondável de Deus e de toda a sua criação. Nos ensina a relacionar melhor com os outros porque entendemos que não somos melhores que ninguém, apenas somos diferentes uns dos outros. Entendemos que as diferenças são necessárias, pois elas significam diversidade e as diversidades são fundamentais para a vida. É a nossa faculdade de avaliar os seres e as coisas, podendo assim, julgá-las da forma mais precisa e mais próxima da verdade. Com o entendimento podemos emitir juízos de valor, formular nossas opiniões e chegar a um consenso sobre determinada coisa. O entendimento das coisas nunca chega a um fim. Se elas mudam e se recriam constantemente, não é possível que a entendamos por completo. Isso exige que o nosso entendimento seja, igualmente, algo em constante mutação. Dizer que conhecemos as coisas na sua totalidade é a prova mais cabal do nosso desconhecimento ou da nossa ignorância. O entendimento é um dom do Espírito Santo dado a nós para entender, espiritualmente, os sinais da presença de Deus nas relações humanas e em todos os seus desdobramentos. Encontramos, na Bíblia, tanto no antigo como no Novo Testamento, referências ao entendimento enquanto dom do Espírito, junto com os demais dons, como, por exemplo, em Isaías (11, 1-5), na primeira Carta de Paulo aos Coríntios (12, 4-11) e na Carta aos Romanos (12, 6-8). Em todos esses casos o entendimento aparece vinculado ao dom da sabedoria e, às vezes, com outras nomenclaturas, como discernimento, ensino, inteligência, entre outras. Este dom nos leva a entender e a compreender as verdades da salvação, reveladas nas Sagradas Escrituras e nos ensinamentos da Igreja e, a partir disso, melhorar nossos relacionamentos, sendo mais amigo, mais solidário, agindo com mais gratuidade e menos interesse, enfim, promovendo a paz e a concórdia entre todos. Quando entendemos os propósitos dos mistérios de Deus e o colocamos em prática, mudamos radicalmente nossa maneira de ser e de agir. Todos perceberão que o dom do entendimento é parte integrante de nosso ser, pois é ele que nos concede discernir a realidade e tomar decisões acertadas. Enfim, o dom do entendimento significa não apenas o uso da razão, mas a ciência do coração que ajuda a contrabalançar nossas atitudes e decisões, fazendo com que elas sejam tão humanas que tenha algo de divino. Entender significa ver com o olhar do coração, porém, passando pelo filtro da razão. É sentir e conhecer os sentimentos e as atitudes da mente e do coração das outras pessoas. Aprendemos a tirar uma lição de tudo o que acontece na nossa vida e ajudamos os outros a fazerem o mesmo. Quando agimos assim, estamos também exercitando um outro dom, o conselho. 

3) Conselho: 
O dom conselho não significa apenas o dom de dar ou receber conselhos, mas, sobretudo, o dom de saber discernir caminhos, saber orientar e escutar, animar a si e os outros, enfim, saber alentar a fé e esperança. É o dom de orientar e ajudar quem precisa. Fazemos isso quando dialogamos fraternalmente com os outros. Quando ajudamos os outros a encontrar as melhores soluções para os seus problemas. Quando a nossa conversa franca e sincera aponta luzes na escuridão das incertezas de nossos semelhantes. Quando animamos os abatidos, alegramos os tristes, ajudamos a recobrar o ânimo dos que estão desanimados. Enfim, quando ajudamos a transfigurar uma série de situações que necessitam de mudanças. Quem nunca deparou em sua vida com alguma situação difícil, de dúvidas e incertezas, de desânimo e falta de perspectiva? Nesses momentos deve entrar em ação o dom do conselho cuja função é recobrar o ânimo, anunciando a esperança. É uma espécie de dom profético que, recebido no batismo, nos faz participantes da missão profética de Cristo. O dom do conselho, também conhecido como dom da prudência, nos faz discernir corretamente o que convém dizer e o que convém fazer nas diversas circunstâncias da vida, conformando-a de acordo com o que Deus quer de nós. Ele nos orienta no processo de santificação porque nos ajuda a buscar sempre as coisas de Deus, agindo com cautela e segurança em todas as circunstâncias. É, na verdade, aquele dom que deveríamos usar em todo momento porque em todo momento temos que tomar decisões. Tudo o que fazemos na vida é resultado de decisões. Ele nos faz saber com segurança o que convém e o que não convém dizer, fazer ou mesmo pensar, nas diversas circunstâncias da vida. Pessoas que agem guiadas por esse dom tendem a acertar nas suas decisões porque ele é o dom que nos dá confiança nas nossas ações e dissipam os medos. Ele nos orienta a confiar mais em Deus e em nós mesmos e agir com serenidade. Enfim, o dom do conselho é um dom desencadeador de outros dons, como, por exemplo, o dom da fortaleza. 

4. Fortaleza: 
Ser forte diante das dificuldades, enfrentando-as com coragem, sem desanimar é uma manifestação do dom da fortaleza. Precisamos dele constantemente para viver. Quem é forte, no sentido de fazer uso do dom da fortaleza, assumi com alegria os deveres que a vida lhes impõe e ainda encontra tempo para realizar com maestria seus sonhos e projetos. Quando o dom da fortaleza está sendo colocado em prática, são vários os sinais que obtemos como resposta: resistimos com mais facilidade as seduções; enfrentamos com prudência e coragem os riscos nos nossos empreendimentos, enfim, quando temos certeza que estamos fazendo a coisa certa, não tememos as conseqüências, não nos amedrontamos diante de ameaças e perseguições. O dom da fortaleza é conhecido também como dom da coragem e coragem não é atributo apenas dos grandes heróis, das pessoas que se destacaram numa batalha, numa causa, numa missão ou qualquer outro empreendimento. É aquela força que brota de dentro de nós no cotidiano da vida, resultado de nossa humildade, e nos ajuda a atravessar incólumes os momentos mais difíceis. Pessoas fortes, no sentido de ser portadora do dom da fortaleza, não são simplesmente as que têm a aparência física de forte, força física adquirida através de treino nas academias, mas as que têm aquela força que vem do seu interior, permitindo que atravesse as mais difíceis situações sem se esmorecer ou abalar, ou sem se abalar demasiadamente. Ele é, além do “motor” do nosso crescimento, o que proporciona o nosso desenvolvimento em todos os sentidos. Na Bíblia o dom da fortaleza aparece em diversos momentos e situações e em todos com a função de superação de obstáculos e de limites, algo que impulsiona a ir além. A fortaleza aparece associada à capacidade de perseverar, a paciência e a tenacidade. Ele nos dá confiança, segurança, não nos deixa desistir, haja o que houver. Com ele somos capacitados a enfrentar duras provas, sempre cientes e conscientes da possibilidade da vitória. 

5. Ciência: 
É o dom que nos faz conhecer as coisas criadas nas suas relações com o Criador. O dom de saber explicar a Palavra de Deus, as doutrinas da Igreja nela fundamentadas e aplicá-las no cotidiano da vida, fazendo com que o verbo de Deus se encarne na realidade humana, conferindo-lhe sentido e significado. Podemos dizer que é o método do processo de santidade. Os santos foram aqueles que mais souberam fazer uso do dom da ciência. O dom da ciência nos ensina a despojarmos de muita coisa e viver somente pelas que são essenciais e eternas. O dom da ciência nos faz ver o sofrimento e a humilhação de maneira nova e nos faz sair dele mais fortalecidos, mais semelhantes ao criador, brilhando em nós uma centelha do esplendor divino, purificada pela dor. O dom da ciência nos ensina a lidar com a dor, com o sofrimento, com a humilhação de maneira nobre e a vivê-los com dignidade. Nos ensina a fazer dos limões que a vida nos oferece, saborosas limonadas e das pedras do caminho, lindos castelos. O dom da ciência nos dá sensibilidade para compreender a realidades, interpretar os sinais dos tempos e agir da maneira mais adequada possível. Ter o dom da ciência é estar ciente daquilo que é bom ou não. É agir com a confiança de se estar fazendo o bem e o bem é tudo aquilo que promove a vida em todas as suas dimensões, fazendo com que as pessoas vivam feliz. 

6. Piedade: 
Piedade é aquele dom que nos faz, a exemplo de Cristo, mansos e humildes de coração. As pessoas piedosas, ou que vivem o dom da piedade, são aquelas que se compadecem do sofrimento alheio. Portanto, piedade é o mesmo que misericórdia e compaixão. Mais que um sentimento ou uma prática externa, piedade é um modo de ser que nos faz tão humanos que revela o divino que existe em nós. Piedade é fazer do sofrimento alheio o nosso próprio sofrimento, é o mesmo que compaixão. O dom da piedade aprimora em nós as virtudes, como, por exemplo, a virtude da caridade e da justiça. Elas dependem do dom da piedade. Quem não exercita esse precioso dom, dificilmente vai praticar tais virtudes. Pelo dom da piedade procuramos fazer para o outro tudo aquilo que gostaríamos que os outros fizessem a nós. O dom da piedade faz parte do processo de santificação. Ele pode se manifestar a qualquer momento, inclusive naqueles em que, aparentemente, estamos necessitados da piedade ou da compaixão de outros e de Deus. Esse dom nos faz diferentes, faz-nos gratuitos nas nossas relações, nos ensina a perdoar, faz-nos pessoas melhores, mais nobres e, sobretudo, mais felizes. Revoluciona o nosso campo de ralações que ajudam a promover uma sociedade mais justa e fraterna, não pautadas na vingança, nem no “olho por olho, dente por dente”, mas na prática da misericórdia e da piedade. Enfim, o dom da piedade nos coloca em sintonia com Deus. É o dom da intimidade de filhos com o Pai porque nos orienta de forma divina às relações humanas que temos com Deus e com o próximo, tornando-as mais profundas e perfeitas. O dom de piedade não nos incita apenas a cumprirmos com nossos deveres religiosos, mas leva-os também a experimentar o amor fraterno para com todos os nossos semelhantes. 

7. Temor de Deus: 
Esse é o dom que nos ensina a respeitar a Deus no seu mistério profundo, inatingível a nossa limitada compreensão. Não significa ter medo de Deus, como muito podem imaginar, mas amá-lo sobre todas as coisas, porém, cientes de que nunca o amaremos como Ele merece. O temor de Deus nos faz reconhecê-lo como ser supremo, insondável, ao mesmo tempo acessível e inacessível. Acessível no sentido de que Ele está sempre do nosso lado, sempre pronto a socorrer-nos nas nossas reais necessidades, porém inacessível na compreensão de seus mistérios. Assim, o dom do temor é o dom da prudência e da humildade. Prudência em lidar com as coisas sagradas, respeitando-as como extensão dos mistérios divinos, humildade em reconhecer nossos limites diante da grandeza de Deus. O dom do temor de Deus nos ensina a não fazer de Deus um mero cumpridor das nossas vontades. Teme verdadeiramente a Deus aquele que consegue concebê-lo além dos limites da sua compreensão. Temer a Deus é ter consciência que a nossa inteligência, por mais aguçada que seja, jamais vai poder desvendar os seus mistérios. O temor de Deus nos coloca no nosso lugar enquanto criaturas. Seres dotados de dons e talentos, virtudes capazes de fazer grandes coisas, muito mais do que imaginamos, porém nada que supere a capacidade do criador.
Prof. Dr. José Carlos Pereira 

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