Histórico

A Paróquia Santo André, foi desmembrada da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, fundada em 20 de junho de 1971, tem como padroeiro o Apóstolo André, santo que a Igreja celebra sua memória no dia 30 de novembro, data de seu martírio. No dia 30 de novembro de 2014, Dom Redovino Rizzardo elevou à qualidade de paróquia, nomeando o primeiro pároco, o Padre Otair Nicoletti. A equipe de Coordenação do Conselho Comunitário de Pastoral - CCP está formada pelas seguintes pessoas: Coordenação: Laudelino Vieira, Paulo Crippa; Assuntos Econômicos: José Zanetti, Valter Claudino; Secretaria: Marcus Henrique e Naiara Andrade.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

ARTIGOS: EMPREENDEDOR DO SIMBÓLICO

Oportunidade para aprender novos procedimentos em gestão paroquial 
Gerir uma paróquia pode não ser algo tão simples como muitos imaginam. Para que um pároco, ou quem faz a sua vez, seja um bom gestor, é preciso que ele tenha uma visão conjuntural da empresa que ele administra. Empresa não apenas no sentido de firma, de companhia do terceiro setor, como ela é tida pelo governo, mas, sobretudo, no sentido de empreendimento, de missão, de trabalho em conjunto. Portanto, todo pároco, ou administrador paroquial, para ser um bom gestor, precisa ser um empreendedor. Empreendedor é aquele que tem uma visão ampla da empresa que administra. Visão que ultrapassa seu território ou área de jurisdição, possibilitando geri-la não como um feudo, mas como um membro de um corpo, com toda a sua interdependência, como pede o Documento de Aparecida; uma “célula viva da Igreja” (D.A, 170). Assim sendo, indico aqui alguns dos procedimentos mais relevantes para um gestor eclesial aplicar na administração de sua paróquia para que ela seja, de fato, lugar privilegiado da experiência concreta de Cristo e de comunhão eclesial. 

PLANEJAMENTO
Planejamento é a palavra chave para qualquer tipo gestão, inclusive para a gestão eclesial. Planejamento é sinônimo de preparação. Quem não planeja, improvisa e quem improvisa, corre risco. Em se tratando de administração, correr risco não é um bom negócio. Ainda mais para um gestor que trabalha com dois tipos de bens; o material e o simbólico, como é o caso do gestor eclesial, o padre. Improvisar é fazer as coisas sem preparar e isso significa, entre outras coisas, descaso, desmerecimento da situação tratada, desrespeito para com as pessoas e, sobretudo, incompetência. Quem não faz planejamento da sua administração, em todas as suas dimensões, não é um bom administrador e, portanto, não merece estar à frente de uma empresa, principalmente se essa empresa trabalha com bens sagrados, como é o caso das paróquias. 
Deste modo, o que planejar em gestão eclesial? 
· Planejamento Pastoral: Planejar a pastoral, preparando um Plano de Pastoral Paroquial e colocando em prática, de acordo com as atividades e datas marcadas no calendário; 
· Planejamento de obras: Planejar as obras de reformas e construção que serão executadas durante o ano, em tempo hábil, de acordo com o Plano de Contas da paróquia; 
· Planejamento financeiro: Planejar o setor financeiro, através de um plano de contas. Planejar os débitos e créditos da paróquia, a longo, médio e curto prazo e fazer investimentos que dêem retorno financeiro à paróquia; 
· Planejamento Pessoal: Planejar-se como pessoa, tendo uma agenda, devidamente organizada, para que possam ser cumpridos todos os compromissos com pontualidade e eficiência. No planejamento pessoal deve estar contemplado o atendimento das pessoas, com dia e hora marcada para atender. 
· Planejamento teológico: entenda por planejamento teológico a preparação prévia de palestras, cursos e homilias. O maior “pecado” de um gestor eclesial é improvisar a sua principal ferramenta, a formação, e querer embromar os fiéis com falatórios vazios e sem fundamentação teológica. 

ORGANIZAÇÃO
Na esteira do planejamento está a organização. Podemos dizer que planejamento e organização são pares indissociáveis do processo administrativo. Não dá para pensar um sem o outro. Um bom gestor eclesial é aquele que se organiza e organiza a paróquia de modo que ela funcione bem, atendendo as suas quatro principais dimensões: Econômica, Religiosa, Missionária e Social.
Exemplos: 
· Dimensão Econômica: A composição de uma boa equipe administrativa, com reuniões sistemáticas e investimento na Pastoral do Dízimo, que acompanha a situação financeira da paróquia e se preocupa com a manutenção do patrimônio da Igreja, são sinais de organização econômica; 
· Dimensão Religiosa: O cumprimento das normas litúrgicas nas missas e demais celebrações, fazendo com que elas sejam “ápice da vida cristã”; o apoio e incentivo às manifestações devocionais dos fiéis leigos e a espiritualidade dos movimentos, sempre de acordo com as orientações da diocese, são demonstrações de organização religiosa; 
· Dimensão Missionária: A elaboração e o cumprimento de ações missionárias na paróquia e fora dela; o investimento na formação dos leigos, para que sejam, de fato, discípulos e missionários; a formação de projetos e equipes permanente de evangelização paroquial, como pede o Documento de Aparecida, são procedimentos de organização missionária; 
· Dimensão Social: A responsabilidade social, incentivando, participando e apoiando as pastorais sociais e os projetos sociais da paróquia, da diocese e da Igreja; a implantação de projetos paroquiais que ajudem na inclusão social; o incentivo a pastoral de fé e política e o incentivo ao engajamento de leigos comprometidos da paróquia, nas diversas instâncias da política, representam organização social da paróquia e do seu gestor; 

TRABALHO EM EQUIPE
Qualquer gestor que preza pela boa administração sabe que não pode fazer tudo sozinho. Quem faz ou decide tudo sozinho não é um gestor, mas um ditador. Na gestão eclesial não é diferente, pelo contrário, é imprescindível o trabalho em equipe. Um bom gestor eclesial conta com boas equipes para lhe assessorar na sua administração. 
Onde devem estar estas equipes? Elas devem estar em todas as atividades desenvolvidas na paróquia, como, por exemplo:
· Nos Conselhos da Paróquia: os dois principais Conselhos Paroquiais, o CPP (Conselho Paroquial de Pastoral) e o CAEP (Conselho para Assuntos Econômicos Paroquial) formam as duas das principais equipes que ajudarão o padre na administração da paróquia. A estas equipes cabe, junto com o pároco, tomar decisões. 
· Nas pastorais: Cada pastoral é uma equipe e dentro desta devem ser formadas outras equipes. Estas, sob a gestão de um coordenador, executarão os trabalhos que lhes são correspondentes. 
· Nos movimentos: A mesma distribuição em equipes deve existir dentro dos movimentos. Eles funcionarão melhor se houver distribuição de responsabilidades. 
· Nos grupos e associações: Grupos e associações que não se abrem para o trabalho em equipe se fecha em si mesmo e perde o sentido do trabalho em comunidade. O padre, como gestor eclesial, deve estar atento para que os grupos e associações de sua paróquia não incorram neste erro. 
· Nos eventos: os eventos fazem parte da vida da paróquia e eles só funcionam de fato e dão resultado se for feito em equipe. Deve haver na paróquia uma equipe para os eventos e esta, por sua vez, deve formar outras equipes e distribuir funções na hora de realizar uma promoção. 
· Nas celebrações: As celebrações, para serem expressão de oração da comunidade, devem ser preparadas por equipes. A celebração na comunidade é celebração da comunidade e como tal deve ser realizada como resultado de um trabalho em equipes. 

ESPIRITUALIDADE
O que diferencia um gestor eclesial de qualquer outro gestor de empresas do primeiro e segundo setor, é a espiritualidade que gera respeito humano, compromisso com a vida. Um gestor de empresas dos setores supracitados pode ter a sua religião e até espiritualidade, mas ela não é essencial para a sua gestão. Ela fica no âmbito pessoal, do indivíduo, sem conexão com a empresa que ele administra. Tais gestores são formados para primar pelo financeiro, pelo lucro da empresa e, conseqüentemente, o seu lucro. É a dinâmica do sistema capitalista. Tudo funciona em torno da questão econômica. Com um gestor eclesial não deve ser assim. Para essa categoria de gestor, a espiritualidade deve ser eixo, motor e combustível de todas as suas ações e, conseqüentemente, do seu campo de ação ou de gestão, a paróquia. Quando um gestor eclesial deixa a espiritualidade em segundo plano e age movido por outros valores e interesses, a paróquia empobrece, perde parte importante de sua autenticidade figurada na pessoa do seu representante, o pároco, ou quem faz a sua vez. Ela se esvazia no seu sentido simbólico. Portanto, o ponto crucial da administração eclesial, está centrado na espiritualidade com que seu gestor conduz as ações da sua paróquia. Como se aplica a espiritualidade na gestão eclesial? 
· Celebrar com a comunidade e não apenas na comunidade: o bom gestor eclesial é aquele que é possuidor de uma autêntica espiritualidade. Aquele padre que celebra com a comunidade e não apenas na comunidade, como se a igreja fosse simplesmente um mero espaço de cumprimento de obrigações religiosas. Ele vive cada celebração como se ela fosse única e não a faz de modo mecânico, apenas por ritualismo. Quem age assim, demonstra ser um administrador fiel e a comunidade responde positivamente a esta postura do seu pastor. 
· Ter vida de oração dentro e fora das celebrações: a vida de oração do padre que administra a paróquia é outro procedimento importante na gestão eclesial. Revela ser um bom administrador das coisas sagradas aquele que leva uma vida de oração: reza com a comunidade e também quando está sozinho; reza a liturgia das horas e se coloca pelo menos uma vez ao dia diante do Santíssimo, ou no silêncio de seu quarto, para orar. 
· Ser coerente com o que se prega e que se vive: A coerência entre o que se prega durante as homilias e a prática diária é um procedimento revelador de um gestor eclesial. Não é fácil ser coerente diante dos inúmeros desafios que a realidade paroquial apresenta, mas é fundamental se esforçar neste quesito se queremos administrar bem uma paróquia. Posturas incoerentes depõem contra o administrador. 
· Respeitar as diferenças religiosas: na gestão paroquial temos que saber gerir também as diferenças. Embora elas representem desafios e, até sejam tidas por alguns como obstáculos, não deixam de representar uma das facetas da riqueza da Igreja. O bom gestor é aquele que administra bem as diferenças religiosas e as vê como elementos que ajudam a tecer a teia de relações e trabalhos que existem na paróquia. Hostilizar determinadas manifestações de fé só porque se pensa diferente, não é a melhor atitude de um gestor eclesial. A ele cabe respeitar a pessoa e fazê-la descobrir que ela pode contribuir para o crescimento espiritual dela própria e da comunidade. 
Tendo estes procedimentos na gestão paroquial, ela concorre para ser uma boa administração, como aquela do servo fiel e prudente que soube multiplicar os talentos do seu senhor (Lc 19, 12-26).

Prof. Dr. José Carlos Pereira 

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