Histórico

A Paróquia Santo André, foi desmembrada da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, fundada em 20 de junho de 1971, tem como padroeiro o Apóstolo André, santo que a Igreja celebra sua memória no dia 30 de novembro, data de seu martírio. No dia 30 de novembro de 2014, Dom Redovino Rizzardo elevou à qualidade de paróquia, nomeando o primeiro pároco, o Padre Otair Nicoletti. A equipe de Coordenação do Conselho Comunitário de Pastoral - CCP está formada pelas seguintes pessoas: Coordenação: Laudelino Vieira, Paulo Crippa; Assuntos Econômicos: José Zanetti, Valter Claudino; Secretaria: Marcus Henrique e Naiara Andrade.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

PRIORIDADES: ACOLHIDA NAS PARÓQUIAS

A Igreja é um lugar privilegiado para se trabalhar a acolhida. Seja na secretaria paroquial, seja nas reuniões das pastorais, nas reuniões de preparação para o batismo, nas celebrações. Você já imaginou quantas pessoas não se engajam numa pastoral por falta de acolhida?
Acolher não é tarefa, apenas, de quem faz parte da Pastoral, da Equipe ou do Ministério da Acolhida. Acolher é tarefa de todos nós, comunicadores, cristãos, agentes pastorais. Acolher é abrir o coração a si mesmo e ao outro. 
Vale enfatizar o que diz a Irmã Helena Corazza, no livro Acolher é Comunicar: “A acolhida antes de ser uma tarefa, é uma atitude. Uma atitude vai sendo cultivada cada dia até se tornar um hábito...” Quem faz exercícios diários de acolhimento está em contínuo processo de educação para a comunicação cristã. O cristão deve se educar e se reeducar no acolhimento para exercer a sua missão dentro da Igreja e no mundo. Nossas comunidades paroquiais precisam de pessoas acolhedoras, amigas, humanas, dispostas a criar ambientes espontâneos de vivência comunitária da fé.
O acolhimento deve ser praticado no dia-a-dia, em casa, na escola, no trabalho, no lazer e na Igreja. Talvez, por isso mesmo, ainda haja dúvidas se é Pastoral ou Ministério da Acolhida. Afinal, o acolhimento é uma atitude, algo espontâneo, que deve brotar do coração das pessoas, e não uma tarefa que alguém desempenha.

I – O MUNDO ATUAL: HÁ ESPAÇO PARA ACOLHER?
Como praticar a acolhida num mundo que parece cada vez mais egoísta, individualista, violento? O individualismo exacerbado forjado pela urbanidade crescente é o acionador de comportamentos fechados, onde as pessoas vão se tornando ilhas, isoladas, criando cães, gatos e outros animais, como se estes estivessem mais sensíveis à escuta e à amizade dos homens e mulheres, do que os próprios seres humanos. Vivemos numa sociedade marcada pela não-escuta. E isto gera violência. O ser humano que não tem o direito de comunicar (ser acolhido) respeitado, não é reconhecido como pessoa, acaba manifestando a insatisfação e isso se traduz através de explosões emocionais: em casa, no trabalho, na revolta inexplicável com os outros, na vontade de fazer qualquer coisa agressiva para dizer “eu estou aqui, leve-me em consideração”.
Infelizmente, alguns meios de comunicação estão transformando as pessoas em criaturas frias. Quantos casos conhecemos de adolescentes e jovens que nem têm mais tempo para conversar com os pais, porque estão “teclando” com os amigos virtuais ou concentrados nos jogos eletrônicos. No caso dos jogos, o perigo: o importante é “matar” o adversário. E alguém ainda diz: “é melhor meu filho está diante do computador ou da televisão, do que está por aí, correndo risco, conversando com os amigos, no meio da rua”.
Pessoas deliram e se deslumbram perante a capacidade de máquinas eletrônicas, digitalizadas, como se estivessem diante de deuses que merecem reverência. Na verdade, não são os meios de comunicação que são maléficos. Eles devem ser úteis ferramentas no trabalho de evangelização, de troca de boas informações. O importante é não se deixar dominar pelas máquinas.
Em relação ao aspecto religioso, o Pe. Jerônimo Gasques, em seu livro Pastoral da Acolhida – rumo ao novo milênio, alerta: “Hoje se fala em globalização ou mundialização. Fala-se em teoria de qualidade total, inteligência emocional, inteligência pessoal. Fenômenos e mais fenômenos. E nós, na Igreja e na pastoral? Estamos ainda capinando com a enxada, ainda usamos foice e facão...”. O Pe. Jerônimo alerta para os argumentos que as tantas seitas utilizam para “acolher” novos fiéis, inclusive católicos (ou ex-católicos). Daí, vem as novas tendências religiosas, inclusive se utilizando do “mágico” para resolver problemas imediatos. Segundo o Pe. Jerônimo, “o verdadeiro desafio da modernidade para a prática do acolhimento é: qual é o vazio que essas novas tendências religiosas estão preenchendo?”

II – JESUS CRISTO: O BOM ACOLHEDOR
Antes do nascimento de Jesus, sua mãe, Maria, nos dá o exemplo. Ela soube acolher em si a Palavra de Deus e dá-la ao mundo, na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo. Outra atitude singular é a visita de Maria a Isabel. Maria que acolhe, em seu coração, e põe em prática tão bonito gesto de solidariedade com a prima, já em idade avançada, grávida. Isabel recebe a prima Maria e acolhe sua disponibilidade em ajuda-la.
Jesus, por sua vez, com atitudes simples e verdadeiras, soube nos ensinar como sermos bons acolhedores. São Paulo, na carta aos Romanos, lembra: “Acolhei-vos, pois, uns aos outros, como o Cristo vos acolheu, para a glória de Deus...”
Vamos lembrar alguns exemplos de atitudes acolhedoras de Jesus?
a) O bom Pastor (Jo 10, 1-18): Neste texto, Jesus se revela como o bom pastor, aquele que acolhe e dá a vida pelas ovelhas. É aquele que cuida de cem ovelhas e, se uma se perde do grupo, ele vai busca-la.
b) Maria e Marta (Lc 10, 38-42): Eis um exemplo recíproco de acolhida. As irmãs Marta e Maria certamente prepararam a casa e o coração para receber o Mestre. Ele, por sua vez, acolhe a “sede” de Palavra, das anfitriãs. Até dá pra imaginar Marta arrumando a casa, fazendo a melhor comida, enquanto Maria conversa com o visitante. Jesus, certamente, não se sente um “de fora”, na casa daquelas irmãs, mas um amigo, um “de casa”. Tudo isto pelo bom acolhimento de Marta e Maria
c) A pecadora (Lc 7, 36-50): Este texto é, também, um grande exemplo dado por Jesus. Primeiramente, Jesus acolhendo o convite para jantar na casa daquele fariseu que, certamente, como todo membro do farisaísmo, ostentava, hipocritamente, grande santidade. Depois, chega aquela mulher de “má fama”, lança-se aos pés dele (Jesus), demonstrando vontade de mudar de vida. Jesus perdoa aquela mulher, salvando-a do pecado. É a lição de que nossa meta é o amor. Só o amor abre nosso coração para receber a salvação de Jesus.
d) Zaqueu (Lc 19, 1-10): Zaqueu era, certamente, um homem não muito querido pelo povo. Era o chefe dos cobradores de impostos. Sabendo que Jesus estava na cidade, Zaqueu foi ao encontro dele. Como uma multidão cercava Jesus, Zaqueu, diante da sua pouca estatura, subiu numa árvore. Daí, o exemplo de acolhida que Jesus nos dá, através do olhar transparente e pacificante para aquele cobrador de impostos. A partir daí, Jesus é acolhido não somente na casa de Zaqueu, mas, também em sua vida.
e) Crianças (Lc 18, 15-17): Quantas pessoas não valorizam, não gostam e querem distância das crianças? Certamente, naquele dia, quando os discípulos viram aquele monte de crianças chegando para o Mestre abençoa-las, logo imaginaram que elas iriam importuna-lo. Mas, Jesus chamou as crianças para perto de si e disse: “Deixem que as crianças venham a mim”.
Estes são apenas alguns exemplos. A bíblia está cheia de exemplos de bom acolhimento, no Antigo e Novo Testamento.

Mas, e agora, o que é acolher bem? A seguir, alguns exemplos de atitudes do bem acolher:

a) Cumprimentar
Parece ser simples e óbvio, mas não é. Um bom dia, boa tarde ou boa noite pode ser o segredo para desmanchar muitas barreiras e aproximar as pessoas na família, na vizinhança, no trabalho, na Igreja, na sociedade. Tome a iniciativa. Cumprimente com alegria verdadeira, olhando as pessoas nos olhos. Elas se sentirão atraídas pela sua simpatia, amadas.

b) Receber bem
Todas as pessoas gostam de ser bem atendidas, bem recebidas, em qualquer lugar que chegam: na loja, na barraquinha da feira, nas festas, na casa de outra pessoa e assim por diante. Na Igreja não é diferente. As pessoas procuram o nosso atendimento e gostam quando alguém as recebe bem. Quantas pessoas falam mal da nossa Igreja (e até deixaram de freqüenta-la e se distanciaram), só por causa de uma má recepção? As pessoas do nosso século vivem uma carência afetiva e espiritual enorme: gostam quando nos interessamos por elas, quando as tratamos pelo nome, quando as convidamos para sentar e procuramos saber o que as trazem à nossa paróquia. Este jeito de receber marca cada pessoa para sempre.

c) Escutar
Para quem trabalha com o público, escutar é mais importante do que falar. Para se sintonizar com a idéia do outro, para saber o que ele quer, suas necessidades, é preciso escuta-lo. Escutar pressupõe prestar atenção, ser paciente, praticar a tolerância. Muitas pessoas erram na vida porque emitem opinião antes de escutar. Quebram a cara falando de coisas que supõem, rejeitando idéias, sem primeiro tentar compreendê-las. Enquanto escuta, a pessoa é capaz de dar respostas mais seguras, com mais argumentos e de oferecer uma melhor informação.

d) Dialogar
Muitas vezes há mal-entendidos (e como acontece isso na Igreja), porque as pessoas não dialogaram. Ninguém conversa, às claras, sobre o assunto por medo de magoar o outro. 
O diálogo ajuda esclarecer situações desagradáveis entre as pessoas. Saber dialogar é saber acolher.

e) Informar / convidar
O contato direto com a pessoa é um momento privilegiado de convite para as atividades pastorais e para as celebrações da Igreja. Muitas pessoas estão por fora porque não sabem que trabalho a Igreja realiza, desconhecem os horários das missas, das reuniões etc A pessoa que recebe um convite simpático vai se sentir valorizado, incluído e útil. Faça-a saber o que a paróquia tem e que ela poderá contribuir muito. 
O processo de conversão e de engajamento de uma pessoa passa, muitas vezes, por esta simples iniciativa evangelizadora, inerente à função de todos os batizados. Não se canse nunca de convidar, sem insistência.

f) Ter uma boa expressão gestual e oral
A cultura da negação do corpo, o desconhecimento para as potencialidades de comunicação que o corpo possui, gera uma concepção de que a fala é o fato mais significativo da comunicação humana. A comunicação passa a ser concebida como um processo de pensamento e fala, onde a cabeça age sem conexão com o restante do corpo. A comunicação humana, no entanto, expressa-se através das mãos, do rosto, do diafragma, das pernas, dos ombros, da coluna vertebral, dos pés, da boca e, enfim, de todo o nosso ser, em sua complexidade e inteireza. É preciso utilizar todo esse potencial, conscientemente, para conseguirmos uma comunicação cada vez mais clara, objetiva e viva; uma comunicação carregada de esperança, de ânimo (ou de alma), que crie um clima psicológico onde as pessoas, não raras vezes, desesperançadas, possam dizer: “ainda é possível...!”.

g) Apresentar-se bem
As pessoas chegam à Igreja, ou em qualquer outro ambiente, cheias de expectativas. Vão entrando, olhando para as coisas, para as caras das pessoas, tentando se situar no contexto. Tome a iniciativa, vá ao encontro, simpaticamente. Apresente-se alegre, demonstrando auto-estima.

h) Vestir-se adequadamente
O ambiente da Igreja (templo) é lugar de respeito. Por isso, toda pessoa, especialmente os inseridos na vida da Igreja, deve vestir-se bem, comportadamente. As mulheres devem evitar blusas muito decotadas, tomara que caia, saias muito curtas e shorts. Os homens devem evitar bermudas e camisetas regatas.
É interessante destacar que se vestir bem não significa usar roupas caras, de “etiquetas famosas”. Com roupas simples, discretas, bem passadas e limpas pode-se obter bons resultados.

i) Atender bem ao telefone
Saber atender bem por telefone deve ser outra qualidade. Primeiramente, não é bom deixar o telefone tocar muitas vezes. Por exemplo: o(a) secretário(a) paroquial deve atender ao telefone dizendo o nome da paróquia, o seu e o cumprimento do dia. Também, deve ouvir com atenção e responder às perguntas do outro de modo claro e sereno. Ser ágil ao transferir a ligação para outro ramal ou ao anotar, corretamente, um recado. 
Entre a pessoa que está presente e a que está ao telefone, dê atenção imediata a quem está presente. Caso necessite atender ao telefone, pedir a gentileza da outra pessoa em aguardar alguns instantes.

j) Responder às mensagens de e-mails
Com a modernidade, o uso do e-mail é bastante comum em nossa sociedade. Aliás, tem até se tornado uma maneira ágil e econômica de “comunicação” (fria) entre as pessoas, empresas e instituições. Embora, nada substitua a verdadeira comunicação, do calor humano, do abraço, do aperto de mão, do olhar. A verdade é que quem usa o e-mail como instrumento de comunicação deve ter o cuidado de responder às mensagens que chegam, nem que seja apenas pra dizer: “Bom dia, Fulano. Recebi sua mensagem. Logo que puder, vou responde-la”.
Ah, mas cuidado pra não enviar mensagens inconvenientes para as outras pessoas. Nem todas as pessoas gostam de receber correntes, publicidades, piadas etc

l) Cuidar do ambiente
O ambiente também acolhe ou distancia. Os locais de celebração e de encontros devem ser preparados pensando-se nas pessoas que chegam: ornamentação, música, comunicação visual. Quem chega, precisa sentir-se “em casa”.

m) Incluir os que estão de fora
A metodologia da comunicação cristã envolve, convida, chama pelo nome, inclui. Se uma ovelha está fora do rebanho, deixa-se as noventa e nove para busca-la e incluí-la. Quantas ovelhas ainda estão fora da sua paróquia? Quantas sequer receberam um estímulo que lhes motivasse a fazer parte da vida pastoral? Muitas vezes, as pessoas ficam por fora do trabalho pastoral porque não têm chance para entrar e fazer parte, principalmente, quando já existem os “donos”, o grupinho que manda em tudo e não partilha responsabilidades, tarefas.

n) Ser espontâneo
Tudo isto não se aprende em cartilhas e nem em livros. Não há receitas. Cada um vai encontrando as oportunidades e o tempo certo de exercitar estes princípios da comunicação cristã, em todos os momentos da sua vida. Devagarinho, num processo de auto-educação e de conversão para a comunhão, todas estas coisas vão virando hábito e se incorporando ao nosso comportamento, ao nosso cotidiano. E tudo deve ser feito de forma espontânea, sem artificialismos e nem teatro. O Espírito Santo vai nos educando a vivenciar a comunicação cristã. Mas cada um terá fazer a sua parte: abrindo-se ao novo.


Elaboração:
Francisco Morais e Cacilda Medeiros
Coordenação da Pastoral da Comunicação – Arquidiocese de Natal
Fone/fax: (84) 3615-2800 - E-mail: pascom@arquidiocesedenatal.org.br

Referências bibliográficas:
CORAZZA, Helena. Acolher é Comunicar. Paulinas, São Paulo, 2004
GASQUES, Jerônimo. Pastoral da Acolhida – rumo ao novo milênio. Vozes, Petrópolis/RJ, 2001
MADUREIRA, Aristides Luís. Princípios Básicos do Secretariado Paroquial – volume I. 
Editora A Partilha, Salvador/BA, 2003

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